“Por que eu virei torcedor do… Norwich City”

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Em 2005, tudo começou, mas de um jeito bem espontâneo… para não dizer ‘sem querer’.

Estava zapeando os canais da TV, enquanto esperava meus pais, para visitarmos meus avós. Até que me deparei com um jogo entre um time de amarelo, com canário no escudo, contra o popular Manchester United.

Assistindo ao jogo, fui me identificando com o Norwich, mesmo sem saber o seu nome. Vibrei com os gols de Dean Ashton e Leon McKenzie e me apaixonei pelo jeito que a torcida celebrou aqueles tentos. Mal sabia eu que, tanta euforia, era parte da luta contra o rebaixamento naquela temporada, que anos depois, em 2009, descobri que aconteceu e de maneira avassaladora.

Eu tinha apenas 10 anos quando vi aquele jogo, não tinha internet de qualidade para pesquisar mais sobre o clube, mas mesmo assim, nunca o esqueci.

Seja brincando de desenhar o escudo do time como “Canarinhos FC” ou jogando nos FIFAs mais antigos. Retornando para 2009, pesquisei no Google exatamente… “Canarinhos FC”, eu não sabia como falar Norwich e, como disse, a partir dali descobri o que aconteceu…

O clube estava na League One (terceira divisão do futebol inglês) e num ato inocente de superstição, decidi “ajudar o Norwich” virando torcedor, criando site, podcast e as redes sociais do @NorwichCityFCBR e me enturmando com os torcedores ingleses. Na minha mente aquilo faria o Norwich se reerguer, eu até aprendi inglês ao longo dos anos.

Bom, coincidência ou não, assim que comecei a transbordar esse meu amor do Norwich o clube começou a ter momentos incríveis: acessos consecutivos da terceira para segunda, segunda para primeira. Com Wes Hoolahan e Grant Holt demolindo no ataque.

E ainda ficamos alguns anos na Premier League em sequência, até a saída de Paul Lambert que pôs fim em uma era no Norwich. Com Chris Hughton, vivenciei o meu primeiro rebaixamento, dolorido, sofrido, triste… eu ali entendi o significado e a importância – principalmente financeira – que a Premier League tem para os clubes que vem da Championship.

O rebaixamento fortaleceu meu amor pelo Norwich. E seguimos nessa rotina de vai e volta que um dia espero que o clube consiga se afirmar definitivamente como um time de Premier League. De 2005 até 2021, enquanto faço esse relato como torcedor, posso dizer que o Norwich me deu muitas coisas, sem eu jamais ter pedido.

Me ensinou inglês, bom, do meu jeitinho, aprendendo na marra, mas foi. Consegui entender o valor de um clube para sua cidade e valorizo isso. Pude ser reconhecido pelo clube em 2011 e virei referência de algo que amo, mesmo morando longe, aqui no Rio de Janeiro, Brasil. Dei entrevistas para diversos jornais para falar de amor, ou melhor, de Norwich.

Mas de todos os presentes, o melhor de todos veio em forma de e-mail, em 2018. Quando o clube formalizou um convite para participar do Global Canaries Parade, onde torcedores de todos os cantos do mundo vão ao Carrow Road mostrar seu amor ao Norwich.

E fui. Não só o time, mas a cidade de Norwich me recebeu de braços abertos, como se eu fosse uma celebridade. É algo inexplicável em palavras, mas acho que é o mais próximo que consigo. Pessoas tirando fotos, jornalistas locais me entrevistando e o clube, que me recebeu no templo, o Carrow Road, foi perfeito comigo.

Me deu duas camisas autografadas, me apresentaram ao meu jogador favorito, Grant Holt, e ainda pude conhecer Delia Smith (celebridade e torcedora do clube) e sua agora falecida mãe. Todos muito carinhosos comigo, me senti mais em casa lá do que aqui no Brasil, sendo muito sincero. E acredite, resumi muito essa parte.

Bom, quando achei que estavam acabando os presentes, eis que sou convidado para entregar a bola de jogo ao juiz e ainda dei uma entrevista internacional que passou em diversos lugares da Europa, para falar dessa história que vocês estão lendo.

Sou formado em Comunicação Social, habilitado como jornalista e sempre me imaginei entrevistando jogadores no campo de futebol. Mas me vi dentro de campo sendo entrevistado por um jornalista para falar do meu amor ao Norwich City Football Club.

E pretendo continuar ainda mais essa história, principalmente com a comunidade brasileira do Norwich, ou se preferir, os Brazilian Canaries, crescendo cada vez mais. Também planejo voltar para Norwich, rever a cidade, amigos e o clube, claro…

Quem sabe um dia morar lá, né? Ao longo da minha vida, tudo pareceu conspirar para que eu conhecesse o Norwich e gostasse dele.

Veja: Moro no Brasil, amarelo e verde são suas principais cores na bandeira, assim como o escudo do Norwich; a camisa da seleção brasileira é amarela, a do Norwich também; o mascote da nossa seleção é o Canarinho, o do Norwich… pois é!

Um detalhe extra na minha vida é que, antes disso tudo, eu sempre ajudei meu avô a cuidar de aves que eram recuperadas de maus-tratos. Como elas não podiam retornar para a natureza, nós cuidávamos. Tudo com certificação do Ibama. A ideia era proteger e soltar o máximo de aves possível. Mas nem sempre dava.

Numa dessas, eu tive meu primeiro animal de estimação, que era uma ave, ave que não pôde retornar para natureza, mas que cuidei com muito carinho e viveu por 15 anos, se não me engano. E era um canário. A vida como ela é. Quando eu conheci o Norwich, eu tinha um canário, o que certamente influenciou no meu carinho pelo clube.

Mas a mensagem que eu gostaria de passar aqui não é só a minha história com o clube, mas é que esse ‘conto de fadas da vida real’, só se tornou possível pois eu nunca desisti de lutar para que cada momento descrito acima acontecesse.

Então, não desista daquilo que te faça feliz, lute pelos seus sonhos, por mais loucos e difíceis que sejam. Eles podem se realizar. Se eu consegui, você também consegue, tenho certeza.

E muito obrigado por ler minha história com o Norwich City Football Club.

On the ball, City!

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