Por que Caicedo não tem jogado bem no Chelsea? E por que o futuro ainda é promissor

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Moises Caicedo trocou o Brighton pelo Chelsea no fim da última janela de transferências por 115 milhões de libras, a maior contratação da história da Premier League. Um dos grandes destaques dos Seagulls na temporada passada, o jovem equatoriano ainda não deslanchou nos Blues.

Ainda assim, seu encaixe tem se tornado cada vez mais natural no time de Mauricio Pochettino, como dupla de Enzo Fernández e principalmente como trio com Conor Gallagher. O Chelsea está invicto nos últimos cinco jogos da Premier League em que os três começaram juntos.

E mesmo não sendo o grande destaque como se esperava do ex-jogador do Brighton, há lampejos de como o jovem de 22 anos — que tem oito temporadas pela frente nos Blues — pode crescer ainda mais. Ao menos é o que afirma uma análise do site britânico “The Athletic”.

Caicedo tem papel diferente no Chelsea

A presença equilibradora do volante, que foi poupado após seus esforços internacionais com a seleção do Equador, foi sentida na derrota para o Newcastle. Lesley Ugochukwu mostrou lampejo, mas menos refinamento com e sem a bola.

Pochettino Chelsea
Foto: Icon Sport

Frequentemente utilizado em um duplo pivô de meio-campo no Brighton na temporada passada, o papel de Caicedo nos Blues tem sido um pouco diferente: geralmente é parceiro de Fernandez na base de um 4-2-3-1, mas, na realidade, muitas vezes se encontra como um volante único enquanto os outros dois operam à sua frente.

Isso pode ser visto em uma sutil mudança na distribuição de seus toques, que se concentram um pouco mais no coração do meio-campo: 40% dos seus toques têm sido na faixa central na atual temporada, comparado a 36% no ano passado.

Função com a bola

Caicedo é a opção principal do time para começar o ataque, apresentando-se para receber passes do goleiro mesmo sob pressão. Se ele consegue tempo e espaço com a bola, sua inclinação é usá-la para esticar a oposição: ele tenta 0,54 viradas de jogo — passes com mais de 36 metros na largura do campo — por 90 minutos na Premier League, um aumento significativo em relação a 0,26 mudanças em 2022/23.

Moises Caicedo em jogo do Chelsea - Foto: Icon Sport
Foto: Icon Sport

Um desses passes, por exemplo, encontrou Levi Colwill correndo pela lateral esquerda na jogada do gol de Mykhailo Mudryk contra o Fulham no início de outubro.

Quando pressionado por adversários, Caicedo provou ser um protetor confiável da bola e um tomador de decisões calmo, o que segue desde os tempos de Brighton. O Brentford colocou ênfase especial em tentar virá-lo para iniciar contra-ataques em Stamford Bridge no mês passado, mas sem muito sucesso.

Por outro lado, ele tem sido mais conservador em sua distribuição no Chelsea; seus passes progressivos por 90 minutos diminuíram de 6,3 no Brighton na temporada passada para 4,9, enquanto suas 0,7 chances-chave por 90 representam uma queda se comparadas às 1,2 de antes.

Defendendo sem a bola

Por outro lado, dado o seu papel mais conservador no Chelsea, é surpreendente que os números defensivos de Caicedo estejam significativamente reduzidos.

A melhor medida da atividade de um jogador nesse sentido são os “true tackles“, ou divididas reais — uma estatística avançada que soma divididas, desafios perdidos e faltas cometidas por 1.000 toques do adversário –, assim como as “interceptações reais”, que são interceptações e passes bloqueados por 1.000 toques do adversário. São métricas melhores pois ambas levam em conta a variação na posse de bola da equipe.

Caicedo fechou com o Chelsea - Icon Sport
Foto: Icon Sport

Caicedo está com média de sete divididas reais por 1.000 toques do adversário no Chelsea, abaixo das 9,2 no Brighton. Suas interceptações reais caíram drasticamente de 4,8 por 1.000 toques do adversário na última temporada para apenas 2,3. Esses números indicam que ele está menos agressivo sem a bola.

Vários fatores para isso estão em jogo. Pode ser a diferença de estilo entre Pochettino e Roberto De Zerbi. Outro fator pode ser que, como um verdadeiro número volante na atual temporada, Caicedo é compreensivelmente mais cauteloso em se comprometer e potencialmente expor os defensores.

O futuro ainda é promissor

Os dribladores mais habilidosos da Premier League são capazes de usar sua experiência contra jogadores mais jovens e equipes menos entrosadas, mas sequências como essas devem se tornar mais raras à medida que Caicedo ganha experiência.

Além disso, pode-se dizer que seria irracional esperar que Caicedo correspondesse ao seu preço estratosférico. Até mesmo o Chelsea não achava que ele valia tudo isso, até que suas tentativas de negociação com o Brighton foram destruídas pela entrada de um Liverpool igualmente desesperado na corrida.

Os primeiros três meses em Stamford Bridge forneceram amplas evidências de que ele é um ótimo jovem meio-campista. O Chelsea ainda não está vendo o melhor dele, em parte como uma consequência natural da adaptação a uma nova equipe ainda se encontrando e porque ele está desempenhando um papel que coloca menos ênfase em suas habilidades que foram destaque onde jogava anteriormente.

Contratado até 2031 com a opção de mais um ano, o que ele mais tem é tempo para desenvolver seu papel e seu jogo.

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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