As 10 piores contratações do Arsenal na era Premier League

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Durante a era Premier League, o Arsenal foi reconhecido, dentre outras coisas, por fazer contratações muito eficientes. Porém, nem tudo são flores. Em alguns casos, as escolhas não foram certeiras. A PL Brasil listou as piores contratações do Arsenal na Premier League.

PL Brasil lista abaixo, por ordem cronológica, as 10 piores contratações do Arsenal na era Premier League

Richard Wright (2001/02, vindo do Ipswich Town)

Há muitos anos, um dos grandes nomes do Ipswich Town era Richard Wright. O goleiro, destaque no playoff do acesso para a Premier League em 1999/00, foi um dos melhores do time na PL de 2000/01. Na ocasião, o time conseguiu um excelente 5º lugar e foi para a antiga Copa Uefa.

Seu desempenho chamou a atenção de clubes grandes e, em 2001, ele foi contratado pelo Arsenal. A expectativa era que ele pudesse evoluir dentro do clube e se tornasse o sucessor do experiente David Seaman, que estava próximo da aposentadoria.

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O resultado, entretanto, foi desastroso. Wright até começou bem, mas precisou assumir a titularidade durante um período da temporada em que Seaman esteve machucado. O goleiro não passou nenhuma confiança e cometeu alguns erros terríveis.

O lance mais famoso foi em uma derrota para o Charlton por 4 a 2 em pleno Highbury. No segundo gol dos visitantes, ele saiu do gol para cortar um cruzamento de forma totalmente atrapalhada e deu um soco errado na bola, que tomou a trajetória contrária. Gol contra e muita indignação da torcida.

Exatamente na metade da temporada 2001/02, Wright sofreu uma lesão e ficou um tempo fora.

Quando voltou, já era a terceira opção do gol (atrás de Seaman e Stuart Taylor) e apenas entrou em algumas partidas da FA Cup. Foi negociado logo para a temporada seguinte com o Everton.

Francis Jeffers (2001/02, vindo do Everton) 

Junto com Wright, veio outro reforço ainda mais promissor em 2001. Francis Jeffers iniciou sua carreira profissional pelo Everton em 1997, com apenas 16 anos. Apesar de algumas lesões, em especial no joelho e no ombro, ele não deixou de brilhar.

Nos Toffees fez 18 gols em 49 jogos. E na seleção inglesa sub-21, um número incrível: 13 gols em 16 partidas, igualando o recorde de Alan Shearer (e até hoje ambos têm essa marca). Todo esse desempenho chamou a atenção de vários clubes.

Jeffers, apesar de receber uma boa proposta de renovação do Everton, decidiu sair. Isso porque o Arsenal bateu à porta com uma proposta de 8 milhões de euros, na época um valor alto. Era uma aposta grande de um time que precisava de uma referência.

Claro, o Arsenal tinha Henry, mas ele nunca foi um centroavante fixo e Arsène Wenger tinha esse desejo. Jogadores como Nwankwo Kanu e Nicolas Anelka, que faziam essa função, não renderam o esperado e a chegada de um novo nome era essencial. Foi certamente uma das piores contratações do Arsenal.

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Neste contexto, Jeffers apareceu em Londres. O apelido que recebeu de Wenger (“fox in the box”, expressão inglesa para um jogador que faz muitos gols dentro da área) rapidamente pegou e muito se esperou do camisa 9. Mas o resultado não correspondeu.

Ele jogou no clube por apenas duas temporadas, 2001/02 e 2002/03. Com muitas lesões, ele fez apenas dez jogos e marcou dois gols. Na temporada seguinte, um pouco mais de tempo de jogo, com 28 partidas, mas apenas seis gols.

Jeffers se destacou rapidamente na campanha vencedora da Copa da Inglaterra de 2003, marcando três gols, mas nada que tenha justificado toda a expectativa.

Na abertura oficial da temporada 2003/04, na Supercopa da Inglaterra contra o Manchester United, foi expulso. Foi o suficiente para ser emprestado de volta ao Everton, e de lá ser vendido para o Charlton. Nunca mais teve destaque e saiu sem deixar saudades.

Pascal Cygan (2002/03, vindo do Lille)

Pascal Cygan foi revelado no Lille, e depois de sete anos no futebol francês, foi para o Arsenal.

O zagueiro teve ótimo desempenho em seu país natal e era capitão do Lille quando se transferiu para o norte de Londres – mais uma das famosas (e estranhas) contratações francesas de Wenger.

Cygan chegou para a temporada 2002/03 por 2 milhões de libras e ficou por quatro épocas na Inglaterra. O defensor fez parte dos Invincibles, time que ganhou a PL invicta em 2003/04, e esteve em outras grandes campanhas da era de ouro dos Gunners.

Mas mesmo assim, ele nunca foi unanimidade entre a torcida e os analistas. Com uma saída de bola pouco refinada e sem muita velocidade, não conseguiu seu espaço de maneira efetiva em momento algum, sendo algumas vezes a quarta opção da zaga.

Foram 98 jogos, apenas três gols e pouco comparado à expectativa com sua chegada.

Júlio Baptista (2006/07, vindo do Real Madrid)

O primeiro brasileiro da lista é Júlio Baptista. O atacante teve belas passagens por São Paulo e Sevilla e foi parar no Real Madrid em 2005. Porém, sem mostrar sua técnica e ainda sacrificado fora de posição muitas vezes, não rendeu o esperado.

Por isso, para a temporada 2006/07, foi emprestado para o Arsenal, então vice-campeão europeu (e que havia tentado contratá-lo antes do Real em 2005). Em um time em reconstrução e com mais espaço, esperava-se que ali sim ele pudesse ter bons desempenhos.

Mas o que se viu foi o contrário. Com muitas dificuldades para se encaixar no esquema de Wenger e no estilo da Premier League, acabou fazendo apenas 35 jogos. Na PL, foram apenas três gols. O Arsenal não optou pela compra e após uma temporada, ele voltou para a Espanha.

Como grande momento, um desempenho memorável contra o Liverpool pela Copa da Liga. Em pleno Anfield Road, o Arsenal venceu com um maluco 6 a 3 e o brasileiro marcou quatro gols, além de perder um pênalti. Um leve brilho em uma passagem apagada.

Mikaël Silvestre (2008/09, vindo do Manchester United)

Entre 1999 e 2008, Mikaël Silvestre tornou-se um nome conhecido do Manchester United. O zagueiro francês fez 249 jogos pelos Red Devils e era um jogador querido em Old Trafford, participando de grandes glórias.

Mas após ser campeão europeu em 2008, trocou de clube vermelho. Ele foi sondado pelo Manchester City e chegou a fazer exames, mas de última hora Arsène Wenger apareceu na jogada e o levou para o Arsenal de maneira surpreendente.

A troca surpreendeu porque não era comum entre os dois clubes, mesmo nos momentos de glória. Aquela havia sido a primeira vez desde Brian Kidd, ainda em 1974, que um jogador trocava o Manchester United pelo Arsenal.

O time londrino, que estava em dificuldades para fazer contratações, precisava urgentemente de defensores e viu ali uma oportunidade. Porém, a torcida até hoje prefere que essa oportunidade jamais tivesse surgido.

O zagueiro estava longe de sua boa forma que teve em vários momentos no United. Com pouca velocidade e dificuldade no tempo de bola, até chegou a ficar no Arsenal por duas temporadas, mas sem deixar saudades.

Ele até chegou a marcar um gol pelos Gunners em Champions League… mas para o lado errado. Foi uma das piores contratações do Arsenal na Premier League.

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Sébastien Squillaci (2010/11, vindo do Sevilla)

Depois de ser vice-campeão da Champions League em 2004 pelo Monaco e de uma boa passagem pelo Lyon, Sébastien Squillaci foi para o Sevilla. Mas na Espanha acabou não rendendo e, após duas temporadas, em 2010, desembarcou no Arsenal por 4 milhões de libras.

Logo após sua chegada, Thomas Vermaelen se machucou. Sem concorrência, ele assumiu a titularidade ao lado de Laurent Koscielny, tendo 28 partidas e dois gols na temporada.

Mesmo assim, seus desempenhos não foram bons e os erros já precoces ficaram na memória do torcedor. Tanto que na temporada seguinte, com a chegada de Per Mertesacker, rapidamente deixou o time titular. Dois jogos em 2011/12 acabaram sendo marcantes.

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Contra o Fulham, em janeiro de 2012 pela PL, ele entrou no lugar de Aaron Ramsey após a expulsão de Johan Djourou, faltando 10 minutos para o fim. Nos acréscimos, com o jogo em 1 a 1, errou uma cabeçada e deu de bandeja para Bobby Zamora marcar o gol da vitória dos Cottagers.

Já em fevereiro do mesmo ano, pela FA Cup, jogo pela quinta rodada contra o Sunderland. Aos 10 minutos, Francis Coquelin se machucou e deu lugar a Squillaci.

O zagueiro desviou para o próprio gol um chute de Kieran Richardson, foi substituído aos 12 do 2º tempo e viu o Arsenal ser eliminado: 2×0.

Somando as temporadas 2011/12 e 2012/13, ele fez apenas sete jogos. Porém, em entrevista para a rede francesa beIN Sports em 2016, o francês se isentou de culpa a respeito dos seus momentos negativos em Londres.

Para ele, os problemas defensivos daquele Arsenal (que culminavam em erros individuais) eram fruto do sistema ofensivo implantado por Arsène Wenger.

“É verdade que se esperava muito de mim no Arsenal, mas sempre foi difícil para os zagueiros por lá. Antes e depois da minha época, o estilo de jogo era um pouco parecido com o da Espanha. Era muito aberto, e às vezes nós encontrávamos em 1×1 com o atacante adversário. Nunca foi fácil, era sempre muito ataque. Mas essa era a filosofia do clube”, disse Squillaci.

Marouane Chamakh (2010/11, vindo do Bordeaux) 

No começo da década, o Arsenal viveu momentos complicados. Sem poder gastar muito dinheiro após a construção do Emirates Stadium, o time precisava de soluções mais baratas para seus elencos. No ataque, a dificuldade era uma das mais visíveis.

Robin van Persie era a grande estrela do time, mas precisava de apoio. Buscando nomes para isso, em 2010, os Gunners trouxeram Marouane Chamakh sem custos. O francês que joga por Marrocos estava há anos no Bordeaux e foi visto como um ótimo reforço por Arsène Wenger.

E o começo realmente dava a entender que isso era verdade. Nos 22 primeiros jogos foram 11 gols, muitos em jogos importantes, e logo veio o carinho da torcida. Porém, não demorou muito tempo para seu real futebol aparecer.

Atacante de difícil relação com a bola, Chamakh despencou. Os 11 gols iniciais foram os únicos na temporada 2010/11, e nas duas épocas seguintes somadas, fez apenas três tentos. E além disso, as polêmicas acabaram sendo decisivas.

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Em 2011, teve fotos usadas por chantageadores e pediu investigação até da polícia de Londres. Já em 2012, foi visto fumando narguilé junto com o meia Adel Taarabt, companheiro na seleção do Marrocos. O clima ficou insustentável.

Na temporada 2012/13, Chamakh foi emprestado ao West Ham. Depois de um ano sem sucesso, foi vendido ao Crystal Palace. Mesmo tendo chegado ao clube sem custos, pode ser considerado uma das piores contratações do Arsenal.

Gervinho (2011/12, vindo do Lille)

Em 2010/11, o Lille fez uma temporada histórica na França. A equipe conquistou o Campeonato Francês e a Copa da França, quebrando um extenso jejum de grandes taças. E entre destaques como Eden Hazard, Mathieu Debuchy e Moussa Sow, estava uma atacante marfinense: Gervinho.

Por quase 11 milhões de libras, Gervinho foi ao Arsenal para continuar escrevendo a história de sucesso de marfinenses na Inglaterra (como Kolo Touré, Didier Drogba e Salomon Kalou). E no primeiro jogo na PL, contra o Newcastle, deu uma dura entrada em Joey Barton e foi expulso.

O lance foi a tônica de sua passagem no Arsenal. O camisa 27, na verdade, nunca foi um jogador ruim e pode ter sua presença nesta lista estranhada. Mas ele aparece aqui muito mais pela expectativa não correspondida, que o fez ser uma grande decepção.

O atacante nunca conseguiu se firmar, fez apenas 11 gols em 63 jogos durante duas temporadas e logo se tornou um peso no elenco. Por isso, o time de Londres não fez muita questão em mantê-lo.

Assim, em 2013/14, Gervinho foi vendido para a Roma. Mas mesmo com a passagem ruim, o atacante acredita que o desempenho negativo foi causado graças à postura do treinador Arsène Wenger. Em entrevista para a Gazzetta Dello Sport em 2014, ele disparou.

“Wenger nunca teve confiança em mim. Quando era criança, sonhava jogar pelo Arsenal, adorava o clube. Agora odeio-os pela forma como fui tratado pelo treinador”, afirmou de maneira severa.

Park Chu-Young (2011/12, vindo do Monaco) 

Mesmo com toda a necessidade de atacantes, essa foi uma contratação estranha. Ninguém entendeu quando, em agosto de 2011, o sul-coreano Park Chu-Young saiu do rebaixado Monaco para o Arsenal por cinco milhões de libras.

Tão estranha quanto a contratação foi a passagem de Chu-Young pelo Arsenal. O atacante, que logo recebeu a camisa 9, marcou seu primeiro gol em outubro de 2011, em uma vitória sobre o Bolton na Copa da Liga Inglesa. E só.

O tento foi o único dele em duas temporadas no clube londrino. Depois da primeira temporada, foi emprestado para o Celta de Vigo. Ao voltar da Espanha em 2013/14, ele foi utilizado apenas uma vez, a única aparição em um espaço de 14 meses.

Ninguém mais lembrava da presença de Park Chu-Young no elenco. Ainda em 2013/14, foi emprestado para o Watford, e depois liberado de graça para o Al-Shabab, da Arábia Saudita. Foi uma das piores contratações do Arsenal nos últimos anos.

Yaya Sanogo (2013/14, vindo do Auxerre)

Completamos a lista de piores contratações do Arsenal com outro nome vindo do futebol francês. Depois de quatro anos no Auxerre, clube que o revelou, Yaya Sanogo foi para o Arsenal em 2013. O atacante francês, então desconhecido, chegou a virar piada entre os torcedores.

O lado menos pior da contratação foi o custo zero, já que ele veio de graça. Foram apenas 11 jogos na Premier League e 20 no total, fazendo apenas um gol. Curiosamente, o tento foi em um jogo de Champions League, na vitória por 2 a 1 sobre o Borussia Dortmund em 2014.

A passagem de Sanogo no clube foi tão aleatória que o seu principal momento foi na pré-temporada. Em agosto de 2014, na Emirates Cup, o francês fez quatro gols na vitória por 5 a 1 sobre o Benfica. Mera ilusão.

Como muitos da lista, ele foi emprestado logo depois. Em janeiro de 2015 foi cedido ao Crystal Palace, onde ficou por seis meses. Depois de mais um semestre no Ajax e outro no Charlton Athletic, foi dispensado em 2017, migrando de vez para o Toulouse.

E para você, quais foram as piores contratações do Arsenal na Premier League?

Pedro Ramos
Pedro Ramos

Coordenador da PL Brasil. Editor da PL Brasil entre 2012 e 2020 e subcoordenador na PL Brasil até o meio 2024. Passagens pelo jornal Estadão e o canal TNT Sports. Formado em Jornalismo e Sociologia.
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