Park Ji-Sung: a estrela sul-coreana do Manchester United

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Son Heung-min é a grande estrela sul-coreana da atualidade na Premier League. A torcida do Tottenham tem prazer em ver o veloz atacante jogar. Há não muito tempo, porém, outra torcida da Inglaterra se deleitava com a presença de um coreano em seu time. Park Ji-sung é ídolo do Manchester United e hoje contaremos no PL Brasil a sua trajetória no mundo do futebol. 

Park Ji-Sung: a estrela sul-coreana do Manchester United

O primeiro brilho na Terra do Sol Nascente 

Park Ji-sung começou sua carreira no futebol ainda na Coreia do Sul. Porém, ele nunca chegou a atuar na elite de seu país. No ano de 2000, atuando pelo esporte universitário, alcançou a primeira convocação para a seleção e isso ele chamou a atenção de clubes do Japão. Na mesma época o Kyoto Purple Sanga efetuou sua contratação. O clube estava na primeira divisão do campeonato japonês e almejava estabilidade na J. League Division 1

O rebaixamento, no entanto, veio na primeira temporada de Park. Em 2001 o Sanga teve de disputar a segunda divisão. O ano teria mais glórias que o anterior, por ser este um dos únicos que acabou em títulos para o clube. A conquista da J. League Division 2 iniciou uma breve era de ouro para o clube. E Park era um dos grandes pilares deste momento. 

Em 2002 veio o primeiro grande raio de luz da estrela que Park viria a ser. Em uma única temporada, o jogador sul-coreano conseguiu ajudar dois times a chegar no auge de sua história. Ele conquistou a Copa do Imperador pelos Ochihins, a única vez que o clube viria a vencer um título de grande expressão. Já na Copa do Mundo, foi um dos pilares para a classificação de sua seleção para a semifinal do mundial – feito inédito. 

Gary M. Prior/Getty Images

O rendimento acima do esperado e a amizade que criou com Guus Hiddink, então treinador da Coreia do Sul, permitiram Park a ter uma chance na Europa. O destino? O PSV Eindhoven, da Holanda. O jogador também se tornou a contratação mais cara da história envolvendo um sul-coreano (4,5 milhões de dólares), segundo notícia veiculada na época pelo Record.

O crescimento de Park Ji-sung na Holanda

A passagem que Park teve nos Países Baixos foi repleta de glórias. Ao lado de Hiddink e do compatriota Lee Young-Pyo, que também desembarcou no país em 2003, conseguiu atingir o título máximo do país em duas oportunidades. Ainda com 21 anos, em sua chegada, o sul-coreano sofreu na primeira temporada com a adaptação. Porém, na época seguinte conseguiria se estabelecer na equipe titular. 

O melhor ano do atacante na Holanda seria o seu último no PSV. Na temporada 2004/2005, Park brilhou tanto na campanha vitoriosa da Eredivisie quanto no resultado espetacular na Champions League. O time holandês se classificou em segundo lugar em um grupo liderado pelo Arsenal. No mata-mata venceu Monaco e Lyon. Chegou à semifinal da competição, mas acabou derrotado pelo Milan – que seria vice-campeão para o Liverpool

Lars Baron Bongarts/Getty Images

Suas atuações foram tão boas que Park foi finalista do prêmio da Uefa para os Melhores Atacantes ao lado de Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Samuel Eto’o e Andriy Shevchenko. No verão europeu de 2005 o Manchester United fez uma proposta ao PSV. Por aproximadamente 7,3 milhões de euros Park deixou o clube holandês. Na época, Guus Hiddink não gostou da transferência, e disse: 

“Park será uma perda de tempo em Manchester […] O meia brasileiro Kleberson é um bom exemplo para Park, ele foi para o United e foi um fracasso. […] Park deveria ficar no PSV para outro ano”.

Os anos dourados de Park no Manchester United 

Contrariando seu ex-comandante, o sul-coreano iniciou sua trajetória no Manchester United de forma a dominar o meio campo do time. Logo na primeira temporada foram 34 partidas disputadas na Premier League. Se antes Park representou a maior transferência envolvendo sua nacionalidade, agora era ele o primeiro do país asiático a ingressar no United e a jogar a PL. A trajetória vitoriosa se iniciou com um título da Copa da Liga Inglesa

Não por acaso, o jogador acabou se tornando um dos homens de confiança de Sir Alex Ferguson. O treinador sempre cobrou muito de seus atletas, buscando tirar o máximo deles. Sendo assim, o comprometimento de Park impressionou e sua passagem acabou por se tornar duradoura. Entre 2005 e 2012 foram 13 títulos, incluindo quatro Premier League e uma Champions League. 

Andrew Yates/AFP via Getty Images

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Com o passar dos anos, as lesões e a concorrência no setor, Park perdeu espaço. Estava sempre presente no elenco e em partidas importantes, mas foram poucas as vezes que quebrou a barreira das 20 partidas como titular dentro da liga. Estando no 11 inicial, foram 168 atuações na Premier League, com 20 gols marcados.

Não era por estar “abaixo” de jogadores como Ryan Giggs ou Wayne Rooney que Park era menos querido. Em 2011, o sul-coreano era um dos mais requisitados pelas mensagens enviadas ao Manchester United. Recebia diversos presentes dos fãs, coisas que iam desde roupas até doces e dinheiro sul-coreano. 

Final de carreira e volta ao PSV

No fim da temporada 2011/2012, Park Ji-Sung deixou os Red Devils para ingressar no time do Queens Park Rangers. A equipe vinha em uma onda de grandes contratações. Na época, Park esteve ao lado de Loïc Remy (10,5 milhões de euros), Christopher Samba (15 milhões de euros), Fábio (empréstimo) e Rob Green (custo zero). Apesar dos reforços, o clube acabou como lanterna da Premier League. Park atuou 20 vezes pelo time na liga.

Christopher Lee/Getty Images

Com 33 anos, Park resolveu então voltar para o clube que o fez despontar na Europa. Não teve a glória do passado, mas serviu como despedida do futebol. Park Ji-Sung se aposentou no verão de 2014. O legado que deixou é de impressionar tanto orientais quanto ocidentais. O jogador é talvez o maior ídolo da Coreia do Sul, sendo admirado inclusive pelo único jogador que, atualmente, é capaz de superá-lo: Son Heung-min

“Não posso me comparar a [Park] Ji. Ele é uma lenda e meu ídolo. Eles ainda estão muito orgulhosos dele em casa […] “É difícil para um asiático jogar na Premier League. Ainda é. E foi ele quem fez isso primeiro, então foi ainda mais difícil para ele. Ainda espero jogar como ele e trazer fãs como ele e ter um impacto como ele, mas eu não estou lá ainda.” – Son Heung-min ao Daily Mail em 2018

Paul Scholes corrobora com a ideia do jornalista quando disse recentemente ao jornal Metro que marcar Park era um verdadeiro “pesadelo”. Um real diabo vermelho em campo, uma pessoa apaixonante fora dele. Parte do legado do jogador também fica por conta de seu carisma, sendo sempre lembrado pela torcida.  

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Lucas Bichão
Lucas Bichão

Estudante de Jornalismo, Geekie e apaixonado por esportes. Social Mídia na Rio 2016 pelo COB e romancista nas horas vagas.