Revelado: Bastidores de Paquetá no West Ham tem choro, desabafo e apoio do elenco

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Lucas Paquetá é acusado de ter recebido cartão amarelo deliberadamente em quatro jogos da Premier League para influenciar o mercado de apostas esportivas. O craque do West Ham tinha até 3 de junho para responder às acusações, mas seus advogados conseguiram mais tempo.

Se for considerado culpado, Paquetá poderá ser banido do futebol, um medo que é compartilhado internamente por figuras importantes do West Ham.

O site britânico “The Athletic” publicou os bastidores do caso, que envolve o vestiário do West Ham, a Betway — casa de apostas que patrocina o clube inglês — e a Federação Inglesa (FA).

Vestiário protege Paquetá

West Ham
Lucas Paquetá e Emerson Palmieri, os brasileiros do West Ham (Foto: Icon Sport)

Quando a notícia da investigação foi divulgada em agosto, os jogadores do West Ham realizaram uma reunião de equipe sem o então técnico David Moyes e sua equipe. O “The Athletic” conta que Paquetá chorou durante o encontro e disse aos companheiros que era inocente e que se sentia perseguido pela FA.

Edson Alvarez, que era recém-contratado, disse que protegeria Paquetá em campo se alguém tentasse “mexer” com ele. Na vitória do West Ham por 5 a 0 sobre o Freiburg nas oitavas de final da Europa League, em março, o brasileiro correu até o mexicano para abraçá-lo após abrir o placar e mostrar seu agradecimento.

Durante a temporada, os jogadores do West Ham ficaram de olho em Paquetá, porque ele estava inicialmente com pouca confiança. Segundo o “The Athletic”, seu amigo próximo, Emerson Palmieri, fez questão de organizar uma noitada para levantar o moral, mas isso não aconteceu porque o camisa 10 não queria chamar atenção.

Após a última partida da temporada do West Ham, uma derrota por 3 a 1 para o Manchester City em maio, Paquetá, sua esposa Duda e dois filhos, Benício e Filippo, voaram para o Brasil. Lá, o meio-campista contatou o pastor André Fernandes para orar por ele e sua família.

Copa América

Lucas Paquetá West Ham apostas
Lucas Paquetá pela seleção brasileira (Foto: Icon Sport)

Na preparação para a Copa América, Paquetá tem gostado de estar em um ambiente familiar com seus companheiros da seleção brasileira, onde é particularmente próximo de Vinicius Junior e Bruno Guimarães. Lá, o camisa 10 do West Ham parece ter conseguido “se desligar” um pouco das acusações.

O Brasil estreia na Copa América na próxima segunda-feira (24), às 22h (horário de Brasília), contra a Costa Rica, no SoFi Stadium, estádio da Califórnia, nos Estados Unidos.

Notificação da Betway

A FA acusou Paquetá no dia 23 de maio, poucas horas depois de Julen Lopetegui ser anunciado como técnico do West Ham.

As acusações referem-se a um cartão amarelo que Paquetá recebeu contra o Leicester em 12 de novembro de 2022, bem como a partidas de 2023 contra o Aston Villa em 12 de março, o Leeds United em 21 de maio e o Bournemouth na estreia em 12 de agosto.

— Alega-se que ele (Paquetá) procurou diretamente influenciar o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência nessas partidas, buscando intencionalmente receber um cartão do árbitro com o propósito impróprio de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrem com as apostas — diz o comunicado da FA.

A investigação sobre os cartões amarelos de Paquetá se concentrou em apostas rastreadas em contas cadastradas em Paquetá, ilha do Rio de Janeiro onde o brasileiro cresceu – seu apelido. Estima-se que cerca de 60 pessoas apostaram no jogador para receber cartão amarelo em uma ou todas as partidas citadas, com apostas variando de 7 a 400 libras.

Acredita-se que muitas das apostas sob investigação tenham sido feitas a partir de contas recém-abertas. Qualquer aposta com cartão amarelo de uma nova conta dispara um aviso codificado por cores usado pelas empresas de apostas para monitorar atividades suspeitas.

A Betway, patrocinadora do West Ham, é uma empresa não tão utilizada no Brasil. Ela primeiro sinalizou a atividade suspeita quando as apostas eram feitas em sua plataforma, mas foi somente quando outras casas de apostas, incluindo várias operadoras brasileiras, começaram a relatar preocupações semelhantes que a Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia) interveio. A Ibia notificou então a Fifa e a FA.

Uma fonte da Ibia disse de forma anônima ao “The Athletic” que, se for considerado culpado, é improvável que Paquetá jogue novamente.

O caso de Paquetá não deverá avançar para audiência tão cedo, podendo se estender até o início da próxima temporada. Segundo o jornal britânico, nenhuma decisão será tomada antes da final da Copa América, em 14 de julho.

Uma comissão independente ouvirá o caso. Se Paquetá for considerado culpado pela comissão, a FA poderá pressionar a Fifa para uma suspensão mundial.

Romulo Giacomin
Romulo Giacomin

Formado em Jornalismo na UFOP, passou por Mais Minas, Esporte News Mundo e Estado de Minas. Atualmente, escreve para a Premier League Brasil.