Entenda o plano do Aston Villa para voltar à Champions League nos próximos anos

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No início da temporada 2018/19, o Aston Villa anunciou seus novos donos: Nassef Sawiris e Wes Edens. Dois empresários bilionários do Egito e dos EUA, respectivamente, haviam assumido o controle do clube. Assim, com muitos investimentos nos mais diversos níveis do clube, o Villa tem um objetivo: retornar aos holofotes como um dos gigantes ingleses. Portanto, a coluna 2 de hoje busca explicar como o Aston Villa deve voltar ao seu antigo patamar nos próximos anos.

Administração bilionária toma conta do Villa

Atualmente, o Aston Villa está na Premier League. O time conseguiu o acesso na temporada 2018/19, logo após vencer a final dos playoffs contra o Derby County. Assim, o time se mostra cada vez mais forte, vencendo times do chamado “Big Six” com relativa frequência. Na 6ª rodada da Premier League 2021/22, por exemplo, a equipe de Dean Smith bateu o Manchester United, de Cristiano Ronaldo, em pleno Old Trafford após 11 anos sem vitória no confronto.

Dessa forma, o principal motivo do crescimento do clube se dá no alto investimento feito pelos donos. A administração NSWE investe muito no time, das categorias de base até o principal, seja na modalidade masculina ou feminina. Até aqui, da temporada 2018/19 até setembro de 2021, os donos investiram cerca de 292 milhões de libras no time. Ao todo, são 34 acordos com jogadores, começando pela contratação de John McGinn, passando para Tyrone Mings, El Ghazi e Kourtney Hause em definitivo, até chegar nos dias atuais, que serão citados na sequência do texto.

A equipe feminina, por sua vez, vem recebendo investimentos e está, atualmente, na 3ª colocação da FA Women’s National League, atrás apenas de Arsenal e Tottenham, que têm três vitórias até aqui. Assim, com a administração atual, o time feminino vem crescendo bastante, tendo anunciado seu primeiro patrocinador apenas em 2019, graças à nova diretoria. No entanto, os investimentos não param por aí. São a base de todo o futuro planejado para o clube, que deve estar na briga pela Champions League nos próximos dois ou três anos – isso se não brigar neste.

Investimentos no time principal

Assim, muito destaque é dado às contratações do time principal do Villa, principalmente após a saída de Jack Grealish, pelo valor de 100 milhões de euros, para o Manchester City. Muitos nomes bons foram trazidos pelo Villa após a saída de Jesús García Pitarch para a entrada de Johan Lange. Isso porque a filosofia de trabalho mudou muito. Antes, o time contratava muitos jogadores, visando a permanência na Premier League. Com a chegada de Lange, as contratações passaram a ser pontuais, sempre em negociações discretas e com nomes não muito badalados.

Depois de sua chegada, Lange participou da contratação de vários jogadores: Bertrand Traoré, Emiliano Martinez, Matty Cash, Morgan Sanson e Ollie Watkins, todos em sua primeira temporada. Assim, na temporada atual, ele foi responsável pela vinda de Ashley Young, Danny Ings, Emiliano Buendia, Leon Bailey e Axel Tuanzebe (empréstimo). Além disso, Ings, Buendia e Bailey foram contratados para o lugar de Grealish, por um valor somado próximo aos 100 milhões de libras.

A base é a vitrine do futuro Aston Villa

Entretanto, engana-se quem acredita que o Villa é o que é apenas por conta de Jack Grealish e o dinheiro de sua venda. Além de ter altos investimentos no time principal, a base é um dos destaques do time. Atualmente, no time titular, Jacob Ramsey e Philogene-Bidace são peças recorrentes. Além deles, Cameron Archer e os irmãos Chukwuemeka vêm ganhando espaço. Por outro lado, a média de idade do sub-23 contra o West Bromwich, em partida válida pela PL2, por exemplo, foi de cerca de 17 anos.

Além disso, muitos atletas da base se destacaram na temporada 2020/21, especialmente após a derrota por 4 x 1 contra o Liverpool na FA Cup, logo após um surto de Covid-19 no elenco principal do time. Naquele jogo, muitos jogadores demonstraram estar prontos para fazer parte do elenco principal, perdendo o duelo apenas por se tratar de uma diferença grande de experiência e de ritmo de jogo entre categorias. Por isso, alguns jogadores, como o atacante Louie Barry, que marcou um gol neste jogo, e o zagueiro Dominic Revan, estão atuando nas divisões inferiores da Inglaterra.

A base na atualidade e a campanha “Smith Out”

Assim, alguns dos garotos já estão ganhando espaço com Dean Smith, enquanto o time titular cresce cada vez mais. Desde que o técnico conquistou o acesso à Premier League, o único time do chamado “Big Six” que ainda não foi batido foi o Manchester City. No entanto, Dean sofreu – e ainda sofre – certa resistência por parte da torcida. Na temporada 2019/20, o Aston Villa se salvou do rebaixamento na última rodada, quando empatou com o West Ham. Além disso, contou com a vitória do Arsenal contra o Watford para acabar com as chances de cair.

É dito por parte de alguns torcedores que Dean Smith não seria capaz de levar o Villa de volta para as competições europeias. Isso porque é um técnico sem muita experiência, que chegou do Brentford, seu segundo trabalho até então. Ainda assim, a diretoria deposita muita confiança nele – e demonstrou isso ao mantê-lo como técnico naquele ano. A temporada havia sido difícil, e o elenco foi desfalcado por conta de muitas lesões. A diretoria decidiu, portanto, trazer algumas peças para ajudar na luta pela permanência.

Entretanto, após a chegada de Lange, a equipe se tornou competitiva. O elenco, que até então não era qualificado para a Premier League, passou a ver em Jack Grealish a chance de vencer qualquer um. Contra Chelsea, Manchester United e Tottenham, partidas muito boas. Contra o Liverpool, uma vitória de 7 x 2 que entrou para a história. No entanto, por volta da 20ª rodada, Grealish se machucou e saiu do time.

A “Grealishdependência” e o processo de desapego

Sem Grealish, o Villa se perdeu. Começou, assim, uma série de jogos ruins do time, com poucas vitórias e uma queda drástica na tabela. O time, que havia começado entre os seis primeiros, viu a parte inferior da tabela chegar em alguns jogos. No entanto, por mais que Jack já estivesse pronto para voltar nas últimas rodadas, Dean Smith optou por não utilizá-lo, com exceção dos dois últimos jogos. Assim, o time venceu o Tottenham e o Chelsea, por 2 x 1. Grealish estava de volta, mas o time não dependia mais dele.

Assim, com a saída de Jack, o time mostrou estar ainda em um processo de desapego. Buscando aprender a jogar sem ele, o elenco ainda sofre em alguns momentos. No entanto, o mês de setembro de 2021 reflete para o Aston Villa muito bem o futuro sem Jack. Foram quatro jogos: o primeiro, contra o Chelsea, derrota por 3 x 0; o segundo, contra o Everton, vitória por 3 x 0; o terceiro, novamente contra o Chelsea (desta vez na Copa da Liga), empate em 1 x 1 e 4 x 3 nos pênaltis para o Chelsea; por fim, 1 x 0 contra o Manchester United.

O que fica dos jogos é o que Dean Smith havia dito em entrevista coletiva: o time enfrentaria o mês como uma chance de mostrar do que é capaz. Assim, por mais que os resultados possam não refletir isso, o clube vem em uma crescente muito boa. Portanto, é de se esperar que o Villa possa sim retornar à Champions League nos próximos anos. Com a volta dos jogadores da base dos empréstimos e suas integrações no profissional, além do investimento dos donos, é questão de tempo até que o Aston Villa volte a brigar pelo retorno ao seu lugar de direito.

O plano

Se isso será com Dean Smith ou não, só o tempo dirá. De qualquer forma, a diretoria estabeleceu um plano claro para retornar às competições europeias. Primeiro, o time se segurou na primeira divisão. Depois, com uma base construída, reforços pontuais vão chegando. Até agora, poucas contratações deram errado. Alguns pontos podem surpreender, como a saída de John Terry da comissão técnica, por exemplo. Ainda assim, o time segue firme na busca pela Champions League.

No entanto, é necessário entender uma coisa. O time não vai ser capaz de jogar o torneio apenas por vencer Chelsea, Arsenal, Liverpool, Tottenham, Manchester City e United. Ele será capaz de disputar a Liga dos Campeões quando não for mais o azarão da partida. Por muito tempo, o Aston Villa foi considerado o time mais fraco na maioria dos jogos. Ainda hoje, em certas ocasiões, continua recebendo este tratamento. No entanto, quando o time mostra solidez e consistência, assim como fez no mês de setembro, é capaz de enfrentar qualquer um sem ter medo de perder.

O Aston Villa foi campeão da Champions League de 1982, logo após vencer o Bayern de Munique, por 1 x 0. Neste século, no entanto, o time ainda não conseguiu se erguer de verdade. O que faltava era um projeto bem estruturado, que levasse o Villa de volta ao topo, com a certeza de que ele permaneceria por lá por um bom tempo. Com um projeto duradouro, com certeza os fãs do Aston poderão desfrutar de uma era vitoriosa e duradoura. Hoje, os Villans conseguem enxergar o projeto na sua frente. Resta esperar.

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Cadu Maciel

Jornalista esportivo, 19 anos. Amo esportes de todos os tipos. Sou apaixonado pela escrita. Encontrei no jornalismo esportivo espaço para viver do que amo, e acabei me apaixonando pela profissão também. Cursando o 4º Semestre de Jornalismo na UAM.