O buraco no meio-campo do Everton

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“Empolgou”. Esse meme que já se tornou um clássico moderno do jornalismo esportivo brasileiro nos últimos anos está ganhado força e ganhado espaço para o além-mar. Naquela situação o então presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, tinha ficado entusiasmado com uma vitória de 6 a 0 contra o Barueri em um jogo treino e soltou a mítica frase: “vai ser difícil ganhar da gente”.

Bom, todos se lembram que naquele ano o Palmeiras só se safou do rebaixamento graças ao Santos que, vencendo o Vitória, salvou o Verdão paulista. Essa mesma lógica pode se aplicar aos torcedores do Everton com o brilhante começo de temporada da equipe azul de Liverpool. Entretanto, a situação atualmente é um pouco diferente.

Nessa semana o Everton foi a Leicester e aplicou um 2 a 0 em cima dos donos de casa. Poderia ser um motivo de um texto elogioso por se tratar de uma vitória contra o atual campeão inglês.

Mas não! Quem assistiu ao jogo – e todos os últimos jogos dos Toffees – sabe que a situação é ruim e o sétimo lugar é enganoso.

Me arrisco a dizer aqui que, na atual conjuntura, o Everton é a equipe que joga o futebol mais feio e pobre do Campeonato Inglês. Começamos bem, com um time vertical e mais rápido. Com boa saída de bola, zaga segura e o ataque fazendo sua função e nesse ímpeto, chegamos à vice liderança do campeonato ainda invictos, à época.

Entretanto, por algum motivo, as coisas começaram a desandar e os Blues começaram a jogar mal. Ross Barkley desapareceu em campo. Barry pouco tem contribuído. McCarthy e Cleverley nem merecem muito da nossa atenção pois são fraquíssimos. Percebam, os citados aqui formam o coração da equipe: o meio campo.

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O meio-campo do Everton carece de alguém que saiba trabalhar a bola, criar oportunidades e jogadas inteligentes. Isso, a rigor, está nas costas de Barkley, mas o inglês tem vindo mal. Mas para entender essa deficiência da equipe, precisamos regressar mais um pouco. Vamos falar de nossa defesa.

Estamos um pouco mais sólidos defensivamente do que na última temporada (o que não é difícil, convenhamos). Temos uma ótima e agradável surpresa: Mason Holgate, que tem mostrado um futebol muito maduro para seus poucos 20 anos. E temos Williams que tem nos salvado em quase todos os jogos.

Entretanto, temos Jagielka em um ocaso cinematográfico e Funes Mori fazendo cosplay de Edson Silva e recuando todas as bolas para o goleiro. O pior de tudo isso é que nessa confusão, perdemos nossa qualidade na saída de bola.

Contra o Leicester ficou claro que a tática era: tocar para o Williams e ele chutar para frente na esperança de Lukaku dominar no peito e iniciar uma jogada ofensiva. Os jogos dos Toffees têm tido essa característica: um meio campo inexistente e muitos chutes para frente para que talvez na sorte possa sair algo.

Aliás, o primeiro gol contra os Foxes foi assim. Robles chutou para frente a zaga do Leicester falhou terrivelmente e Mirallas aproveitou o erro e assinalou o primeiro tento. O mais curioso de notar é que o time só melhorou quando Barry foi substituído pelo jovem Tom Davies e depois quando Barkley entrou no lugar de Mirallas, pois estes colocaram a bola no chão e pensaram mais o jogo. Precisa-se de Brakley bem nas partidas!

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Nosso jogo está pobre no meio e não adianta colocar a culpa no Lukaku como há muitos fazendo. Como centroavante que é, deve receber a bola e não criar chances. E, mesmo assim, vale observar que ele tem jogado muito fora da área.

Tem recuado muitas vezes quase como um falso nove ou indo para a ponta buscar jogo, mas o time não coopera.

Temos um elenco bom. Um técnico gabaritado. Temos dinheiro – agora com a entrada de Farhad Moshiri. O que falta? Falta ambição. Falta parar de pensar como uma equipe pequena que o Everton NÃO é. Isso vale para dentro e fora de campo.

Precisamos urgentemente de um meia de criação. Ainda bem que temos Idrissa Gueye que não cansa nunca de desarmar e roubar bolas, senão estaríamos condenados nessa temporada.

Claro que o trabalho leva tempo para ser assimilado pelos atletas, só é um pouco assustador ver que a equipe regrediu muito do primeiro jogo para cá. Precisamos encontrar o caminho urgente. Hoje, contra o Hull City, fora de casa, é uma ótima oportunidade.

Precisamos de bons resultados pois, afinal, são eles que levarão a equipe aos objetivos traçados, entretanto, é necessário merecer tais bons resultados com bons jogos e não apenas contar com falhas de defensores e gols de bola parada. Reaja, Everton!

Paulo de Faria
Paulo de Faria

Paulistano, 25 anos, estudante de Jornalismo na FAPCOM e apaixonado pela Premier League.