O Campeonato Inglês é conhecido por ser a melhor competição de clubes do mundo e, muito disso, se deve ao poder de investimento dos clubes. Os Big 6 da Premier League é capaz de injetar grandes quantias para a contratação de estrelas do cenário mundial.
A questão a ser levantada é: como as academias juvenis do Big 6 são afetadas com todo esse investimento feito no elenco principal? Grande parte da torcida e da imprensa se faz essa pergunta e diversas pessoas são capazes de concordar que o uso da base desses clubes é menor do que poderia ser. Mas, existe de fato algo que possa ser melhorado?
A base na temporada 2018/19
O uso de jogadores formados nas academias inglesas na última temporada da Premier League teve momentos interessantes. Começando pelo Liverpool que em Trent Alexander-Arnold achou solução para a lateral direita.
O inglês de 20 anos se tornou o melhor de sua posição no país e foi escolhido para a seleção da Professional Footballers’ Association (PFA).
Marcus Rashford foi o 7º jogador que mais atuou pelo Manchester United na PL e atingiu a marca dos 10 gols. Sua presença foi importante no time que sofreu de uma bipolaridade dentro da competição. As coisas poderiam ter sido até piores sem o atacante inglês de 20 anos.
Já Harry Kane não estaria no atual patamar dentro do Tottenham caso não tivesse tido a chance algumas temporadas atrás. Agora com 25 anos completos e mesmo sofrendo com lesões durante a temporada, o inglês chegou aos 17 gols nesta Premier League. Kane é uma referência ideológica para os jovens do clube de Londres.
Arsenal e Chelsea também usaram bastante de sua base nessa edição, mesmo sendo equipes criticadas nos últimos anos por deixarem jovens estrelas saírem. Como foi o caso de Gnabry nos Gunners, ao ir para o Werder Bremen em 2016 por apenas cinco milhões de euros.
A regra de incentivo dos “criados em casa”
Incentivo pode até ser uma forma delicada de falar sobre a regra dos “criados em casa” que reina na Inglaterra. Ela obriga os clubes a terem pelo menos 8 jogadores formados nas academias do país, também limitando o elenco a 25 integrantes e só podendo ser estendido por jovens da base que possuam até 21 anos de idade.

A intenção da regra é aumentar o aproveitamento da base. Os “feitos em casa” podem ser estrangeiros, mas devem ter jogado ao menos três anos na academia antes de ter atingido os 21 anos.
Realizando o impacto desejado ou não, a regra causou grande efeito na liga e isso é possível ver no mercado. Os jogadores formados possuem preços acima da média, mesmo não possuindo o nível de futebol para tal.
Raheem Sterling deixou o Liverpool em 2015 por 63 milhões de euros para ir ao Manchester City, valor alto na compra de um jogador ainda em formação.
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Questionou-se na época o fato de que os Citizens buscavam um jogador criado nas bases da Inglaterra, pois faltava em seu elenco integrantes para cumprir a regra. Para a temporada 2019/20 o clube de Manchester tem problema semelhante, pois conta com apenas quatro jogadores dentro dos padrões e isso pode lhe acarretar uma punição de diminuição de elenco.
Apesar do incentivo não há nenhuma imposição que faça com que os clubes coloquem os jovens para jogar. Como é o caso de Dominic Solanke, campeão do mundo pela Inglaterra sub-20, que deixou um Chelsea com problemas constantes no ataque para ganhar mais minutos de jogo.
No Liverpool, o jogador também foi preterido pelo trio Sané, Salah e Roberto Firmino. Dessa forma, acabou se transferindo para o Bournemouth.
As joias que saíram da Inglaterra
Uma onda que vem se repetindo é a de jovens deixando a Inglaterra por empréstimo ou em definitivo para jogarem outras ligas, como o já citado Gnabry. O alemão tem hoje 23 anos, um valor de mercado de 20 milhões de euros e chegou a 20 gols na última temporada jogando pelo Bayern de Munique.

Jadon Sancho e Reiss Nelson, ex-City e emprestado do Arsenal respectivamente, também foram para a Alemanha em busca de mais minutos. O sucesso recente deles no país germânico mostra sua qualidade e a falta de oportunidades nos grandes clubes ingleses.
A Alemanha tem sido um destino interessante para as promessas da base, pois seu estilo de jogo é o que mais se aproxima do futebol jogado na Inglaterra se comparado a outras ligas da Europa. A intenção por vezes é usar o país germânico como trampolim para clubes maiores ou até mesmo para voltar à Inglaterra.
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O uso da base por necessidade
Pelos motivos certos ou não, o uso da base dos times do Big 6 terá momentos interessantes na temporada que está por vir. Fora o Liverpool e o Manchester United, todas as outras equipes terão de recorrer de alguma forma aos jovens.
O Arsenal, segundo a imprensa inglesa, possui pouco mais de 40 milhões de libras de investimento para essa época e o valor baixo faria com que sua base fosse mais usada. As promoções de Joe Willock (19), Eddie Nketiah (20), e Bukayo Saka (17) para o time profissional podem significar algo no uso da academia por parte do clube do norte de Londres.
Já Chelsea e Manchester City viriam a explorar melhor sua base devido às sanções. Os Blues estarão impedidos de contratar nessa janela e a base pode ser a salvação em momentos críticos, sendo que ela uma das mais elogiadas e vitoriosas dos últimos anos.
O City pode sofrer com a diminuição de elenco e para suprir necessidades durante a temporada a base pode ser solução.
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Enquanto isso, o Tottenham ainda possui questões financeiras ligadas ao seu estádio e depois dos bons resultados em uma temporada em que não contrataram uma única peça para o elenco é difícil dizer que não continuarão com essa filosofia. A base e as jovens promessas devem continuar tendo espaços no clube.
A necessidade no fim é o que mais impulsiona o uso da base pelos grandes clubes. O investimento que fazem nas academias é colossal e seu aproveitamento no time principal, quando é feito gera bons frutos. Agora, resta saber se em médio e longo prazo as estrelas juvenis vão seguir surgindo em solo inglês ou deixarão o país para de fato conquistar um lugar ao sol.