A imprensa inglesa tem divulgado que o Newcastle está próximo de vender seu atacante francês Allan Saint-Maximin para o Al Ahli, clube que joga na primeira divisão da Arábia Saudita.
O negócio envolveria uma verba de 30 milhões de libras (R$ 185 milhões) e só seria possível porque o Al Ahli é um dos quatro clubes do futebol saudita financiado pelo Fundo de Investimento Público (PIF) do país, controlado pelo Ministério dos Esportes. Os outros times são Al Nassr, Al Hilal e Al Ittihad.
A ideia por trás do investimento é usar o futebol para “limpar” a imagem do país, que é conhecido mundo afora por servir uma ditadura que fere os direitos humanos. Isso levou a ida de craques da Europa para jogar na liga do país durante as últimas semanas, como Benzema, Kanté e Firmino.
É o mesmo intuito com o qual o PIF se tornou acionista majoritário do Newcastle, entre o fim de 2021 e o começo de 2022.
Os sauditas são donos de 75% do Al Ahli, enquanto também detêm 80% do Newcastle. Esse é exatamente o conflito de interesse que preocupa a Premier League no caso de Saint-Maximin, uma vez que é um negócio envolvendo duas entidades que são controladas pelo mesmo dono.
De acordo com o “The Athletic”, vários clubes da primeira divisão inglesa denunciaram que os sauditas estariam inflacionando o preço do atacante de modo a disfarçar a injeção de capital como uma taxa de transferência, com o objetivo de ajudar o Newcastle a cumprir as regras do fair play financeiro (FPF).
A Premier League tem como regra avaliar todas as transações que ultrapassem o custo de 1 milhão de libras para ter a certeza de que o valor não está acima do mercado. A liga ainda está sendo cobrada para que explique como estabelece o preço a ser seguido e forneça mais transparência nas negociações com os sauditas.
Se o Al Ahli fosse um clube associado à Uefa, a negociação seria bloqueada por conta das novas regras sobre transferências entre clubes de mesmo dono, introduzidas no início de julho.
The winning goal from @harrisonashbyy! ? pic.twitter.com/mXryDvG3W2
— Newcastle United FC (@NUFC) July 19, 2023
O que diz o Newcastle
O Newcastle se diz confortável com o valoração do seu atacante de 26 anos. Saint-Maximin ficou de fora do amistoso dos Magpies contra o Rangers e isso foi tema da coletiva do treinador Eddie Howe, que citou o fair play financeiro como principal motivo para negociar o francês.
— Allan está em conversa com outro clube. Nada está confirmado ou finalizado, mas é por isso que ele não estava aqui. Com o fair play financeiro, você tem que negociar jogadores. Entendemos e aceitamos que é assim que funciona, apesar dele ser um ótimo jogador que não gostaríamos de perder — afirmou o treinador após a vitória por 2 a 1.
Saint-Maximin se juntaria ao elenco que acabou de ser campeão da segunda divisão da Arábia Saudita. O clube já contratou o goleiro Edouard Mendy, ex-Chelsea, e Firmino, ex-Liverpool, além de também negociar com Riyad Mahrez, atual jogador do Manchester City.
Chelsea despertou a mesma preocupação
Embora seja um problema em menor escala, uma vez que os sauditas não controlam diretamente a maioria das ações do Chelsea, o time azul de Londres foi alvo da mesma suspeita durante esta janela de transferências.
Os Blues negociaram as saídas de Kanté, Mendy e Koulibaly para a Arábia Saudita — até agora, o clube que mais negociou jogadores com o país. As vendas foram fundamentais para que o Chelsea chegasse ao lucro desejado e pudesse escapar das punições envolvendo o FPF.
Alguns clubes pedem uma investigação sobre as transferências porque o governo saudita realiza investimentos volumosos na Clearlake Capital, acionista majoritária do Chelsea. A exemplo de Saint-Maximin, as transferências de jogadores do clube londrino para os sauditas podem ser interpretadas como inflacionadas.
