Entra ano, sai ano e a discussão é praticamente a mesma: os clubes europeus ligam para o Mundial de Clubes da Fifa? Neste ano o Liverpool, campeão da Champions League, disputará o torneio e a questão foi novamente levantada na Inglaterra.
Historicamente, os clubes ingleses não se dão bem no Mundial de Clubes – seja no formato atual (2005 até agora) ou no antigo (1960-2004). No formato “clássico”, os times da Inglaterra têm apenas um título: Manchester United, em 1999, diante do Palmeiras. Perderam cinco vezes e, em três oportunidades, se recusaram a disputar o torneio.
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No atual formato, disputado desde 2005, o United também é o único a se sagrar campeão ganhando da LDU (EQU) em 2008. Em 2000, os Red Devils ficaram apenas em quinto lugar. Desde então, são dois vice-campeonatos: em 2005, o Liverpool perdeu para o São Paulo assim como, em 2012, o Chelsea foi batido pelo Corinthians.
Em uma parte da sua biografia, lançada em 2011, Paul Scholes comenta sobre a falta de apelo com o torneio. Ele trata como uma competição estranha, que nunca “decolou”, mesmo que no papel, seja uma disputa de título mundial.

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“não acho que ninguém na inglaterra levou a sério o torneio em algum momento, mas você vê outros times europeus e sul-americanos celebrando de forma extravagante depois de conquistar o título e isso te faz pensar. Posso estar errado, mas talvez um dia seja algo importante” – Paul scholes
Para este ano, o debate sobre levar a sério ou não o torneio começou após o Liverpool se classificar para as quartas de final da Copa da Liga Inglesa. O sorteio colocou a partida para o dia 17 de dezembro, um dia antes da estreia do Liverpool no Mundial de Clubes.
Essa situação faz parte de um contexto maior, visto que dezembro e janeiro são meses complicados para os clubes ingleses devido ao grande número de compromissos para as equipes. Cogitou-se até que os ingleses não levassem os principais nomes para o torneio, situação rechaçada por Jurgen Klopp.
É nítida a diferença sobre como os clubes ao redor do mundo encaram a competição. Para os europeus, é mais um torneio, praticamente uma Copa. Para os sul-americanos, é a chance de ouro para se provarem, mesmo que simbolicamente, como “melhores do mundo”. Entre aspas, uma vez que é impossível comparar o futebol dos continentes por vários motivos.

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O Liverpool é o atual líder da Premier League e busca o título da competição – que nunca veio. O jejum de títulos na liga, com certeza, incomoda muito mais que o fato de nunca terem levado pra casa o Mundial de Clubes – que é uma competição quase sem importância histórica para os clubes ingleses, de modo geral.
Para Klopp, no entanto, o torneio é uma ocasião especial. Ele afirma que será desafiador e difícil jogar contra equipes de outros continentes e que os jogadores se esforçarão para trazer o título que falta na vasta galeria de troféus dos Reds. Porém, o engajamento de clube e torcida com o torneio da Fifa ainda é baixo.
Isso pode ser observado também no tratamento que a mídia dá para a competição. As questões envolvendo o calendário são mais exploradas do que a competição em si. A BBC anunciou, apenas na semana passada, que transmitirá o torneio – apenas os jogos envolvendo o Liverpool passarão na TV. Até o sorteio dos confrontos da Copa da Inglaterra teve mais destaque que a cobertura do Mundial de Clubes.
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Uma vez que o Liverpool embarcar para o Catar, o foco estará voltado para a competição, obviamente. Porém, não acontecerá uma grande comoção nacional na Terra da Rainha em caso de vitória ou derrota. Os ingleses minimizam a importância do Mundial desde os anos 1970, quando os clubes se recusaram a participar de algumas edições. Não é algo que faça parte da cultura futebolística do país e isso não mudará num futuro próximo.
Klopp não deixará o clube entrar em campo de maneira desleixada, desatenta ou que não seja intensa, do jeito que estamos acostumados a ver. Não é que os ingleses não ligam para o torneio, apenas não é dado o mesmo tratamento por lá como ao que é dado por aqui. As prioridades são diferentes e, principalmente no atual contexto, o Liverpool tem outras prioridades.
Todo esse contexto ajuda a entender o nível da importância que é dada ao torneio. A não ser que aconteçam atuações abaixo da crítica e uma não ida à final – o que é improvável, a maior decepção da história recente ainda será o escorregão de Gerrard contra o Chelsea e não a visita frustrada ao Catar.