Millwall – História, Mercado da Bola e Rumores

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Millwall

Em suma, o clube foi fundado em 1885, como Millwall Rovers, por trabalhadores escoceses da fábrica de geleias JT Morton, no distrito de Bermondsey, sudeste de Londres. Desse modo, o primeiro jogo do time foi contra o Fillebrook, de Leytonstone, e terminou com derrota por 5 x 0. 

Assim, em 92 temporadas nas divisões inglesas, o clube obteve 11 acessos, sendo cinco como campeão, e nove rebaixamentos. Portanto, grande parte de sua história, o time esteve longe da elite nacional. Sendo assim, os Lions não possuem muitos títulos na sua história. Desse modo, os troféus são de conquistas da 2ª, 3ª e 4ª divisão. O uniforme principal da equipe é composto por camisas azuis, calções brancos e meias azuis.  

Trajetória do Millwall, fundação, conquistas e ascensão 

De antemão, em abril de 1889, rumores de que, numa reunião, decidiu retirar o nome “Rovers” do clube, assim, foi rebatizado como Millwall Athletic, após se mudar para o The Athletic Grounds. Portanto, o time foi um dos membros fundadores da Liga de Futebol do Sul, a Southern League, e foi campeão da competição nos dois primeiros anos. A equipe ainda conquistaria a Western League, em 1908 e 1909.  

Jogadores com a taça.
Foto: Divulgação/Wikipedia

Em 1900, os Lions chegaram as semifinais da FA Cup, mas acabaram sendo derrotados pelo Southampton. Sendo assim, três anos depois o clube conseguiria repetir o feito, mas um novo revés, dessa vez para o Derby County impediu a classificação para a decisão. 

Primeiros anos do Millwall na Football League 

Em 1920, os londrinos sem Athletic no nome, são convidados a participar da Football League, junto de outras vinte e duas equipes, criando assim, a nova 3° Divisão. Desse modo, a estreia dos Lions foi com o pé direito, vitória por 2 x 0 contra o Bristol Rovers. Vale ressaltar, que o clube não foi derrotado nos seus primeiros 11 jogos sob seus domínios na temporada. 

Na década seguinte, o Millwall alcançou sua terceira semifinal de FA Cup, sendo o primeiro clube do terceiro escalão a conseguir o feito. Assim, o torneio gerou tanta expectativa nos torcedores que 48.762 pessoas compareceram no confronto contra o Derby County, na 5ª rodada, um recorde de público no The Den. Porém, o sonho da conquista inédita acabou diante do Sunderland. 

Segunda Guerra Mundial 

Por outro lado, em meio a Segunda Guerra Mundial, o estádio do Millwall foi bombardeado o que obrigou o time a disputar os jogos nos campos dos rivais da cidade. No entanto, diversos torcedores e voluntários se reuniram para reconstruir as partes danificadas do terreno, assim, a equipe pode retornar ao seu lar. 

O conflito atingiu não apenas o estádio do Millwall mas também seu plantel, pois diversos jovens talentos acabaram morrendo no período da guerra, o que impactou diretamente na força do elenco. 

O fato dos Lions conseguirem eliminar equipes de divisões superiores na F.A Cup, fez com que o clube pegasse o apelido de copeiro, sendo reforçado ainda mais após o time eliminar o Newcastle United por 2 x 1, em 1957, mesmo estando nas últimas posições da 3° Divisão. 

Se por um lado, o time conseguia bons resultados nas copas, por outro, o desempenho nas ligas era negativo. Por isso, o Millwall acabou sendo rebaixado e foi um dos fundadores da 4° Divisão. Assim, permaneceu por quatro temporadas, até conseguir retornar a League One, como campeão, em 1962.

Entre 1964 e 1967, o time manteve uma série invicta de 59 jogos em casa, consistindo de 43 vitórias e 16 empates. Desse modo, os Lions marcaram 112 gols e sofreram apenas 33, fora outras 35 partidas em que o clube saiu de campo sem levar qualquer tento. Além disso, o clube conseguiu dois acessos no período, entre a 4° e 3° Divisão. 

A classe de 70 do Millwall

Em suma, os anos 70 marcaram a história do Millwall pelo fato do forte time composto por: Bryan King, Harry Crips, Derek PoseeEamon Dunphy e Barry Kitchner. Em contrapartida, os Lions não conseguiram a inédita promoção para a elite nacional por apenas um ponto.  

Time dos anos 70
Foto: Divulgação/Getty Images

Desse modo, é o único a conseguir passar uma temporada inteira sem derrotas na 4°,3° e 2° Divisão. Ainda, atingiram as quartas de final da Copa da Liga Inglesa em 1974 e 77, mas acabaram sendo derrotados pelo Norwich e Aston Villa. 

Enfim, a 1ª divisão 

Com John Docherty a frente do time, o Millwall conseguiu subir pela primeira vez para a primeira divisão inglesa. Desse modo, com um bom início na temporada 1988/89, o clube liderou a competição por seis rodadas, com quatro vitórias e dois empates, até o “Boxing Day”, a equipe se encontrava entre os 5º colocados. 

A boa fase se deu muito por conta da dupla Tony Cascarino e Teddy Sheringham, que juntos marcaram 99 gols em três temporadas. Assim, ao final do torneio, a equipe ficou no 10° lugar, sendo essa, a melhor classificação do clube até hoje na divisão.  

Porém, o sucesso foi curto, e logo na edição seguinte, os Lions foram rebaixados na lanterna, com apenas cinco triunfos em 38 jogos. Nos anos 90, o clube brigou firme na maioria das temporadas pelo acesso a Premier League. Mas problemas financeiros atrapalharam o time, e além de não conseguir subir, a equipe foi rebaixada para o terceiro escalão do futebol inglês. 

Anos 2000 

Com a virada do século, rumores de que o Millwall queria trazer um novo treinador. Assim, trouxe Mark McGhee para ser o técnico da equipe, em busca do retorno a Championship. Desse modo, o time além de obter o acesso, foi campeão om 93 pontos, retornando ao segundo escalão do futebol inglês após cinco anos. 

Na temporada seguinte, o clube não garantiu vaga na Premier League por pouco. Assim, os Lions foram eliminados na semifinal dos play-offs para o Birmingham. No entanto, McGhee sairia do comando técnico do time em 2003. 

Portanto, seu substituto foi Dennis Wise, que assumiu como jogador e treinador. Por outro lado, superando as expectativas da torcida e imprensa, o Millwall conseguiu chegar a sua primeira final de F.A Cup na história. Vale ressaltar, que foi a primeira equipe fora da elite a realizar o feito desde 1982. 

A decisão ocorreu no dia 22 de maio de 2004, no Millenium Stadium, em Cardiff, capital do País de Gales. Mas, o sonho do título inédito não durou muito tempo, pois os londrinos sofreram uma dura derrota para o Manchester United por 3 x 0.  

Jogadores na final da F.A Cup
Foto: Divulgação/Millwall

Por outro lado, como os Red Devils já haviam garantido sua participação na Champions League, o Millwall herdou a vaga inglesa na Copa da UEFA. Sendo assim, logo na 1ª rodada, a equipe foi eliminada pelo Ferencvários (HUN), no placar agregado de 4 x 2. 

Outra queda 

A temporada 2005/06 foi complicada para o clube. isto porque Wise deixou a equipe após rumores de conflitos com Jeff Burnige, novo dirigente do time. Desse modo, quatro treinadores passaram pelo Millwall naquela época, o que resultou em mais um rebaixamento para League One. 

Com o novo descenso, Theo Paphitis saiu do clube depois de nove anos como diretor. Assim, mesmo investindo cinco milhões de libras no mercado da bola em 2007, a equipe não conseguiu subir. Portanto, o retorno a 2ª divisão veio somente em 2010. Nos playoffs, os Lions venceram o Swindon Town por 1 x 0. 

As últimas campanhas de destaques do clube foram em 2012/13 e 2017/18. Na primeira, o time brigou até o final contra a queda de divisão. Por outro lado, conseguiram alcançar as semifinais da FA Cup pela quinta vez, sendo superados pelo Wigan, que viria a ser o campeão ao derrotar o Manchester City na final. 

Já na segunda, o Millwall conseguiu uma sequência de 16 jogos sem derrotas em todas as competições. Junto a isso, os Lions ficaram nove jogos consecutivos sem levar gol, repetindo o feito da temporada 1925/26. Além disso, a equipe da capital retornou a 2ª divisão após superar o Bradford City por 1 x 0, em Wembley, na final dos play-offs. 

Fora que, a boa campanha na Copa da Inglaterra, fez com que o Millwall igualasse o recorde do Southampton como “derrubadores de gigantes”. Porque foram os clubes de fora da Premier League que mais vezes eliminaram times da elite, com 25 eliminações causadas pela dupla. 

Campanha recente 

Na temporada 2020/21, o Millwall ficou na 11° posição, ficando 15 pontos atrás do Bournemouth, primeiro clube classificado para os play-offs. Desse modo, os leões de Londres disputaram a elite apenas uma vez, entre 1988 e 1990, sendo a 10ª colocação em 1988/89, sua melhor campanha na 1° Divisão. Na maior parte de sua história, o time alternou nas divisões inferiores, e desde 1991 está entre a 2° e 3° Divisão.  

Casa dos leões 

De antemão, em 1910, o clube se mudou para o seu novo lar, o The Den, em New Cross, o que custou a equipe 10.000 libras pela nova sede. Esse feito é importante pois em pouco mais de 25 anos de existência, o time já havia trocado de estádio quatro vezes.  

Desse modo, a primeira partida realizada no novo campo foi em 22 de outubro do mesmo ano, contra o Brighton & Hove Albion, com derrota por 1 x 0. Assim, em 1993, o clube inaugura o The New Dean, com capacidade para 20.146 torcedores.

Estádio The Den
Foto: Divulgação/Aerofilms Collection

Vale ressaltar, que o estádio foi o primeiro na Inglaterra a cumprir com os requisitos do Relatório Taylor, medida imposta para impedir que a tragédia de Hillsborough se repetisse. Portanto, os alambrados foram substituídos por assentos, tendo as laterais do campo abertas para facilitar a entrada de ambulâncias e viaturas. 

Apelidos, rivalidades e curiosidades do Millwall 

A princípio, o clube era conhecido como The Dockers, por conta ao trabalho de seus adeptos nas docas nos anos 1900. A alcunha de Lions foi adotada pois foi assim que a imprensa inglesa nomeou a equipe depois que o Millwall eliminou o Aston Villa, na F.A Cup de 1889/1900. 

O seu maior rival é o West Ham, assim, os confrontos entre as equipes é conhecido como “East London Derby”. Desse modo, é “comum” que partidas envolvendo os times ocasione tumultos e brigas.  

É dito, que a rixa entre os clubes começou após membros dos Lions se recusarem a participar de uma greve. Portanto, o retrospecto é favorável aos azuis e brancos que venceram 38 vezes e perderam outras 34. 

Um dos cantos mais famosos da torcida do Millwall é “No one likes us, we don´t care”, que na tradução é “Ninguém gosta da gente, e nós não ligamos”. Essa rivalidade inclusive, foi uma das propulsoras aos movimentos hooligans na Inglaterra. Desse modo, o filme “Hooligans” lançado em 2005, reflete bem o ambiente entre Millwall x West Ham. 

Assim, ao longo dos anos o Millwall teve sua imagem associada a violência e baderna, o que fez com que o clube sofresse diversas punições pela F.A (Football Association). Vale ressaltar, que por conta de uma briga generaliza envolvendo o time, Margareth Thatcher, chefe de Estado da Inglaterra, quase assumiu o controle do futebol no país. 

Por outro lado, no ano de seu centenário em 1985, a diretoria do clube tentou mudar a imagem de brigão do time. Assim, foi fundado a Millwall Commnity Trust (MCT), com o objetivo de oferecer projetos esportivos, educacionais e de caridade para os jovens. 

Mercado de Transferências do Millwall 

De certo modo, o Millwall não contou com os maiores orçamentos ao longo dos anos no mercado de transferências, muito por ser um clube de pequeno porte na Inglaterra. Porém, alguns jogadores conhecidos vestiram a camisa dos Lions na carreira. 

Dennis  Wise do Leicester City a custo zero em 2002  

Sem dúvidas é um dos maiores jogadores/treinadores que passaram pelos Lions neste século. Além de conseguir chegar a tão sonhada final da Copa da InglaterraWise garantiu a primeira participação do Millwall em competições europeias. Desse modo, como atleta ele atuou em 90 jogos, marcou nove gols e deu outras oito assistências. Logo, ainda teve custo zero no mercado de transferências.

Wise com a camisa dos Lions
Foto: Divulgação/Mark Thompson/Getty Images

John Fashanu do Lincoln City por 65 mil euros em 1984 

Contratado sob grande expectativa, o nigeriano não conseguiu corresponder nos treinos o que era esperado. Desse modo, é dito que problemas internos atrapalharam sua estadia em Londres. Assim, disputou apenas uma partida e marco um gol com a camisa dos Leões. Chegou por 65 mil euros do mercado da bola.

John Fashanu em sua única aparição pelo clube
Foto: Divulgação/ Allsport/Getty Images

Sam Allardyce do AFC Sunderland por 110 mil euros em 1981 

O zagueiro chegou sendo uma das maiores contratações da história do clube. Por outro lado, foi outro nome a ter problemas nos bastidores do time e nem chegou a estrear. Desse modo, o Millwall teve grande prejuízo no mercado da bola no negócio.

Allardyce com a camisa do Millwall
Foto: Divulgação/Millwall historys

Neil Harris do Cambridge City por 45 mil euros 

Maior artilheiro da história do Millwall com 138 gols (125 apenas nas ligas nacionais) em 380 jogos, Harris teve duas passagens pela equipe da capital. A primeira foi de 1998 a 2004 e a segunda de 2007 até 2011. Vale ressaltar, que anos depois, o atacante retornaria ao The Den para assumir como técnico do time. Chegou do mercado da bola pela bagatela de 45 mil euros.

Maior artilheiro da história do time
Foto: Divulgação/Millwall Brasil

Tim Cahill do Sydney United a custo zero em 1997 

Um dos maiores ídolos da torcida no século 21, o australiano chegou ao clube londrino com 24 anos, e após se destacar, foi vendido para o Everton por 2,20 milhões de euros. Assim, além do retorno dentro de campo, o atleta trouxe uma grande ajuda financeira ao time. Por outro lado, o atacante retornaria ao Millwall em 2018, perto de encerrar a carreira. Sendo assim, em 109 jogos, ele marcou 26 gols e contribuiu com outras duas assistências. A custo zero no mercado da bola.

Cahill em seu retorno a equipe londrina
Foto: Divulgação/Millwall
Cristian Moraes
Cristian Moraes

Estudante de jornalismo que sonha em trabalhar nos maiores eventos esportivos do mundo. E, assim, ser referência na área. Meu principal objetivo é ser correspondente internacional em Londres. Sou fascinado por futebol, e como o esporte tem influência na sociedade e no mundo. Não me limito apenas a assistir, gosto de consumir em sua totalidade, estudando e entendendo regras, conceitos, histórias e tudo que envolve o mundo das quatro linhas. No entanto, gosto de acompanhar outras modalidades, como: Basquete, Surf, Futebol Americano, Hóquei, Tênis, dentre tantas outras. Junto a isso, tenho o amor pela leitura e a escrita como minhas aliadas na hora de passar para os meus textos, todas as sensações e emoções que estou sentindo, ao lado de informações relevantes com apuração precisa. Seja bem-vindo (a)!