Mesut Özil, do, Arsenal, é, sem dúvida alguma, um craque. Dono de técnica refinada e de passes bastante precisos, o meia é um jogador extremamente criativo e capaz de resolver qualquer partida.
Porém, a sua situação recente não é das melhores. Com muitos problemas na temporada 2018/2019, Özil não mantém a melhor das relações com o técnico Unai Emery e vê seu destino ainda incerto no Arsenal.
A questão tem dividido os torcedores, a imprensa e o próprio clube. Por isso, relembramos aqui a passagem de Mesut Özil pelo Arsenal e os problemas que já teve em outros clubes e na seleção alemã, além de fazer um prognóstico de seu futuro.
Passagem pelo Arsenal: muita expectativa e altos e baixos
Em setembro de 2013, Özil foi um dos grandes protagonistas daquela janela de verão. Nas últimas horas do deadline day, o alemão teve sua contratação anunciada de forma surpreendente pelo Arsenal, em um grande esforço do técnico Arsène Wenger.
Contratado por 42,5 milhões de libras, o meia tornava-se ali o jogador mais caro da história do clube londrino. Dono de grande técnica e adquirido a peso de ouro, ele rapidamente passou a carregar uma grande expectativa dentro de campo.
O começo foi de altos e baixos. Em sua primeira temporada, 2013/14, o então camisa 11 teve um ótimo início, mas depois mostrou uma grande queda de rendimento.
O ponto mais baixo foi em fevereiro, quando perdeu um pênalti na ida das oitavas da Champions League contra o Bayern de Munique (derrota por 2 a 0).

Em 2014/15, após vencer a Copa do Mundo com a Alemanha, o meia teve mais uma vez um bom começo.
Porém, ainda em outubro de 2014, sofreu uma lesão no joelho e ficou três meses parado. Lutando para encontrar o ritmo em sua volta, teve apenas cinco gols e nove assistências ao total.
Mesut Özil já começava a ser cobrado por melhores desempenhos no Arsenal, ainda mais pelo dinheiro que foi gasto nele. Ainda na pré-temporada de 2015/16, Arsène Wenger declarou publicamente que aquela poderia ser a melhor temporada do alemão no Arsenal. E ele estava certo.
O meia foi impossível naquele ano. Ele chegou a sete jogos seguidos dando assistências na Premier League (recorde do torneio) e terminou a liga com 19 passes para gol. Esta foi a segunda melhor marca da história da PL – atrás de Thierry Henry, com 20 em 2003/03, também pelo Arsenal.

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Além disso, em 2015/16, Özil atingiu os 100 jogos com a camisa do Arsenal e estabeleceu-se como o principal jogador do elenco, ao lado do chileno Alexis Sánchez. Definitivamente, com toda a sua técnica, ele caía nas graças da torcida.
Em 2016/17, com muita expectativa de manter o ritmo, o nível caiu um pouco. Lidando também com lesões musculares, ele perdeu alguns jogos e terminou com 12 gols e 13 assistências em 44 partidas.
Como ponto positivo, os dois grandes feitos nos jogos contra o Ludogorets na fase de grupos da Champions League. Na ida, seu primeiro hat-trick da carreira em vitória por 6 a 0. Na volta, o lindo gol da vitória por 3 a 2 fora de casa, que foi eleito o gol mais bonito do Arsenal na temporada.

À época, chegou a se fazer uma campanha pelo gol no Prêmio Puskás, dado pela FIFA ao tento mais bonito da temporada. Porém, isso não acabou acontecendo.
No fim, entretanto, o Arsenal não se classificou à Champions League pela primeira vez em 21 anos. E como um dos principais jogadores, Mesut Özil foi bastante criticado. Falta de intensidade e poder de decisão foram os principais argumentos contrários que o alemão ouviu.
Em 2017/18, ele começava seu último ano de contrato. Apesar de haver uma certa tensão, no fim das contas ele renovou com o maior salário da história do Arsenal – 350 mil libras por semana. Em campo, começo ruim e apenas no final ele mostrou melhores desempenhos.
Seu melhor momento foi em março, quando se tornou o jogador mais rápido a bater 50 assistências na PL (com 141 partidas). Mesmo sem grandes desempenhos constantes, Özil era bastante defendido e blindado por Wenger, e sua vaga no time titular era algo incontestável internamente.
Atritos com Emery
Eis que, para a temporada 2018/2019, o Arsenal decide mudar de ares: Wenger sai após 21 anos como técnico e dá lugar a Unai Emery. Começa a nova época e o alemão, agora camisa 10, é titular e recebe chances do treinador espanhol. Porém, logo a coisa desandou.

Por vários motivos – doença, lesão nas costas e no joelho – ele tornou-se presença rara no time.
Na PL, por exemplo, foi titular em apenas 13 das 27 partidas. Além disso, segundo a imprensa inglesa, o clima entre ele e Emery não é dos melhores.
O ápice teria acontecido antes do jogo contra o West Ham, ainda na terceira rodada. Segundo informações divulgadas pela ESPN Brasil, Özil e Emery discutiram rispidamente no treino. Depois, ao descobrir que ficaria no banco, o camisa 10 teria pedido para não ser relacionado – o que aconteceu.
Todas as partes envolvidas negaram o problema. Porém, é fato que dali em diante a relação parece não ser a mesma. Em alguns jogos grandes, como contra o Chelsea (vitória por 2 a 0) e Manchester City (derrota por 3 a 0), Mesut Özil esteve no banco e nem entrou em campo.
Apenas na última semana, na vitória por 2 a 0 sobre o Manchester United no Emirates Stadium, o jogador voltou aos titulares contra um rival do big-6.
Com ascensão imediata, Özil teve atritos na Alemanha e na Espanha
Formado na base do Schalke 04, Mesut Özil apareceu com grande destaque no time que conquistou o Campeonato Alemão de juniores em 2006. No mesmo ano foi promovido ao time principal e fez seus primeiros jogos na Bundesliga.
As ótimas atuações lhe renderam a alcunha de “nossa grande revelação” – era tratado assim não só pelos torcedores do Schalke 04, mas também pela mídia alemã. Porém, a lua-de-mel com time de Gelsenkirchen acabou em 2008.
Após duas temporadas, o meia entrou em atrito com a diretoria por achar que não estava sendo valorizado suficientemente na renovação do seu contrato. Resultado: Mesut Özil rumou para o também alemão Werder Bremen.
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Lá foi o único clube onde, desde que se tornou profissional, ele aparentemente, não teve problemas. Com pouco tempo de casa o meia obteve grande destaque no Bremen e conduziu o time à final da Copa da UEFA (atual Liga Europa).
Depois de ter somado 15 gols e 46 assistências em duas temporadas e de uma Copa do Mundo muito boa com a Alemanha em 2010, o gigante Real Madrid viu em Özil o jogador certo para o seu meio de campo.
Ele chegou ao Real com status de jogador de classe mundial. Logo na sua primeira temporada na Espanha ele somou nada menos que 25 assistências, se tornando um dos melhores meias do continente.
A moral de Mesut Özil em Madri só aumentava, e para a temporada 2011/12 ele recebeu a camisa 10 dos Merengues, consolidando-se como “cérebro” do time. Na temporada seguinte, totalmente adaptado ao clube e à cidade, o jogador alemão chegou a afirmar em entrevista que tinha planos de permanecer em Santiago Bernabéu até o fim de sua carreira.

Porém, a verdade é que seu relacionamento com o então técnico madridista José Mourinho já não era tão boa. Em sua biografia, Özil relata uma forte discussão dos dois no intervalo de um jogo pelo Campeonato Espanhol, por exemplo.
Assim, em setembro de 2013, após a situação ficar insustentável, ele deixou o Real Madrid e foi para o Arsenal.
Acusações de racismo e aposentadoria da seleção alemã
Além isso tudo, os problemas após a Copa do Mundo de 2018 ainda ecoam sobre o jogador. O péssimo desempenho da seleção da Alemanha no Mundial, quando foi eliminada ainda na primeira fase, gerou efeitos imediatos em Mesut Özil.
Um encontro dele antes daquele mundial com o presidente da Turquia, Recep Erdogan, já havia causado polêmica, e muitos voltaram a falar sobre o fato do meia não cantar o hino do país antes dos jogos. A pergunta que todos faziam era “ele se sente alemão ou turco?”, em referência à ascendência turca de Özil.
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Após o mundial na Rússia, por meio de sua conta no Twitter, o jogador acusou a Federação Alemã de perseguição e discriminação pelas raízes turcas e por seu posicionamento político favorável à imigração e diferentes culturas no país. E por fim, fez um chocante anúncio.
“É com o coração pesado e após muita consideração que devido aos recentes eventos, eu não vou mais jogar pela Alemanha em nível internacional, já que eu tenho esse sentimento de racismo e desrespeito. Eu costumava vestir a camisa da Alemanha com tanto orgulho e animação, mas agora não mais”.
Mesut Özil vestiu a camisa da seleção por 92 vezes, tendo como ponto alto de sua passagem a conquista do Mundial de 2014 no Brasil.
O que esperar de seu futuro?
Unai Emery já declarou publicamente que a entrada no time e a permanência dele no Arsenal dependem do próprio jogador. Mas segundo a imprensa inglesa, o treinador não conta com o atleta para 2019/20.
Aos poucos, Özil tem voltando ao time com mais de frequência e mostrado bons desempenhos. Mas até agora, somando todos os 24 jogos na temporada, foram apenas cinco gols e três assistências.
Por isso, ainda não há uma certeza sobre seu futuro. Com a relação claramente afetada com Emery e o desempenho abaixo da média, ele pode não ter vida tão longa. Mas sua qualidade técnica enorme e o alto salário e prestígio pesam bastante a favor de sua permanência.

Como verdade, o fato de que até agora Mesut Özil não foi no Arsenal o que se esperava. Apesar de alguns grandes momentos, no geral, a expectativa era de desempenhos bons mais constantes.
Ademais, o constante número de jogos perdidos por doenças e a aparente falta de intensidade em algumas partidas (que pode ser vista de várias formas) não caíram bem para parte da torcida.
Özil ainda tem duas temporadas de contrato com o Arsenal. Mas diante do cenário, sua permanência já para 2019/20 é uma grande incógnita. Resta aguardar para ver as cenas dos próximos capítulos.
Neste texto, contribuiu Marcelo Becker.