Com brilho de Messi, o Barcelona venceu o Liverpool por 3 a 0, jogando no Camp Nou, pela primeira partida entre os dois clubes na semifinal da Champions League. O resultado torna dificílima a tarefa dos Reds em busca de sua segunda final de UCL consecutiva.
A folgada margem de três gols foi atingida pelo Barça, principalmente, por conta de dois fatores. A genialidade de Lionel Messi e algumas decisões muito questionáveis tomadas por Jurgen Klopp, técnico do time inglês.
Mas antes de nos aprofundarmos nesses fatores vamos falar um pouco da partida. Foi um grande jogo de futebol. Jogado com bola no chão, troca de passes, velocidade e com ambas as equipes buscando construir suas jogadas já a partir da defesa.

Apesar do placar elástico, a disputa foi equilibrada. O Liverpool criou boas chances de gol. Ter Stegen, goleiro barcelonista, fez defesas importantes em finalizações de Milner e Salah. O egípcio ainda perdeu um gol feito no segundo tempo (chutou na trave com a meta aberta). Mané também desperdiçou ótima chance no primeiro tempo.
Na entrevista pós-jogo Klopp elogiou a atuação de seu time. “Não sei se poderíamos ter jogado melhor”, disse. Para ele, foi O melhor jogo fora de casa do Liverpool, não apenas na atual temporada da Champions League como também na anterior.
De fato, os Reds tiveram um desempenho competitivo. O time teve mais posse de bola (52%), trocou mais passes (482 contra 457) e finalizou mais (14 a 11). Tudo isso traz mais questionamentos sobre as decisões tomadas por Klopp, antes e durante a partida. Será que o resultado poderia ter sido diferente?
Abaixo elencamos as atitudes mais polêmicas do treinador alemão para essa decisão:
– Wijnaldum de centroavante
Era sabido que Firmino não teria condições físicas para jogar os 90 minutos. Klopp decidiu deixá-lo no banco. Quando a escalação foi divulgada, com Fabinho, Keita, Milner e Wijnaldum entre os 11, a primeira impressão foi de que o treinador estaria fortalecendo o meio-de-campo, deixando Salah e Mané no ataque, em um esquema 4-4-2.
Com o início do jogo ficou claro que a ideia era que o holandês atuasse como Firmino, um falso 9. Wijnaldum não se adaptou bem à função e teve pouquíssima participação nas ações ofensivas do Liverpool.
– Joe Gomez no lugar de Alexander-Arnold:
Outra novidade de Klopp foi a escalação de Joe Gomez no lugar de Alexander-Arnold. Imaginava-se que a ideia poderia ser usá-lo em um esquema mais defensivo. Talvez como um terceiro zagueiro quando o time estivesse sem a bola. Principalmente pelo fato de ele ter tido melhores atuações como zagueiro do que como lateral, na atual temporada.
Mas com a bola rolando notava-se Gomez posicionado pela direita em uma linha de quatro tradicional. Ou seja, o treinador preferiu escalar, em uma semifinal fora de casa contra o Barcelona, um jogador irregular e com poucas atuações na temporada no lugar de um de seus principais líderes em assistências, eleito melhor lateral-direito da Premier League.
– Demora em um mudar o time
Mesmo com a improvisação de Wijnaldum no ataque não funcionando, Klopp demorou muito para fazer alguma mudança no setor ofensivo. Firmino entrou aos 34 do segundo tempo, quando o placar já estava em 2 a 0 para o Barcelona. Origi foi para o campo aos 40 da etapa final, após o terceiro gol dos donos da casa.
O alemão também parece ter desistido de Shaqiri como opção. Veloz, habilidoso e com bom chute de média distância, será que o suíço não poderia acrescentar algo à equipe? Além disso ele manteve Alexander-Arnold no banco o jogo inteiro, mesmo diante da inoperância ofensiva de Gomez.
– Esquadrão suicida
Após jogar 80 minutos de maneira equilibrada e competitiva (apesar das decisões tomadas por Klopp), o Liverpool se jogou para o ataque, inclusive com seus zagueiros, de forma inconsequente, buscando pelo menos um gol.
A defesa ficou completamente desprotegida, o Barcelona teve contra-ataques e, pelo menos, duas chances claras de gol. A situação, que já é dificílima, poderia ser virtualmente impossível de reverter.
Messi desequilibra

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É impossível não ponderar se, em uma partida tão bem disputada, o Liverpool não poderia ter tido melhor sorte caso Jurgen Klopp não escalasse o time de forma tão diferente. Ou se ele tivesse feito substituições em momentos diferentes.
Mas também é impossível não refletir sobre o impacto de Lionel Messi no resultado. Sim, o melhor jogador do mundo desiquilibrou para os donos da casa.
Em um segundo tempo em que o Liverpool dominava e parecia perto de chegar ao empate, o argentino chamou a responsabilidade para si e matou a partida, marcando dois gols. O segundo, seu 600º pelo Barcelona, em uma cobrança de falta maravilhosa, de muito longe, acertando o ângulo superior direito do gol defendido por Alisson.
Messi ainda armou dois contra-ataques que poderiam ter resultado em outros gols, não fossem as falhas de finalização de seus colegas.
O Barcelona não foi superior ao Liverpool ao ponto de justificar o 3 a 0. Mas Lionel Messi foi o fator de desequilíbrio que transformou uma partida bem disputada em uma vitória por placar elástico.
No próximo dia 7 de maio o Liverpool recebe o Barça em Anfield. Vai precisar vencer por quatro gols de diferença para garantir vaga na final da Champions League.