Meiões – altos, baixos, desleixados, rasgados e furados… A maneira como jogadores utilizam esta peça do uniforme dos times de futebol tem influencia em como as pessoas enxergam o atleta, isto não é difícil prever. Mas as consequências do estilo das meias podem ser mais profundas – conclui uma reportagem especial do site “The Athletic”.
Meiões abaixados marcam gerações
O maior expoente dessa mudança de estilo na virada do milênio foi Thierry Henry. Quando um adversário via o francês com suas luvas da Nike e seu meião estranhamente alto, sabia que corria perigo. Atualmente, e principalmente na Premier League, é Jack Grealish expoente dos meiões abaixados.
Seu meião abaixado e com aspecto negligente dominou o futebol moderno e a adição à imagem de suas panturrilhas musculosas aumenta a estética de quem se tornou o jogador de maior marketing na Inglaterra desde David Beckham. Mas no que a altura das meias pode influenciar no futebol?
Como os meiões influenciam o jogo?
Além de ser uma forma de se expressar como jogador e pessoa, a altura do meião pode influenciar se você vai ser ou não um atleta profissional. Um olheiro da Premier League ouvido pelo “The Athletic” revelou que os jovens que se inspiram no look de Grealish devem se preocupar.

O olheiro, que pediu para permanecer anônimo para proteger seus relacionamentos, confessou que não olharia para um jogador que usasse as meias até os tornozelos, questionando sua mentalidade e ética de equipe. Esse tipo de jogador passaria, então, uma imagem de individualidade exacerbada e pouco comprometimento. É como uma entrevista de emprego: arrume-se para tal.
Isso tem desdobramentos psicológicos semelhantes às cobranças feitas pelos jovens da década de 90 em usarem chuteiras pretas. Kevin George, psicólogo e ex-jogador, explicou ao The Athletic: “O futebol envolve um estado psicológico e, como jogador, se você usa chuteiras coloridas, seu estado muda. Quando eu estava prestes a jogar e olhava para os meus pés, sentia inspiração”.

Steve Claridge, jogador do Leicester no final dos anos 1990, foi exemplo vivo pré-Grealish. “Eu usava as meias baixas porque fazia meu pé parecer maior dentro das chuteiras e, como resultado, era mais confortável”, disse.
— Quando você puxava as meias para cima, elas ficavam mais finas e meu pé tendia a se movimentar dentro da chuteira. Era tudo psicológico. Não tenho certeza se conseguiria jogar com as meias puxadas para cima e meu pé se movendo o tempo todo – revelou.
A história de Grealish com os meiões
A disciplina foi um norteador do sucesso na base do Aston Villa, que revelou jogadores como Gareth Barry e Gary Cahill. Com chuteiras pretas sendo a ordem, um jovem Jack Grealish, na época no sub-15, “de repente adotou a ideia de que ele iria mudar as regras da academia”.

“Semana após semana, dizíamos a Jack para usar as meias altas como de costume, usar as caneleiras como de costume, conforme a política da academia dita. Quando ele entrou no círculo da equipe principal, de repente, as meias mais curtas começaram a reaparecer”, disse Bryan Jones, então treinador da base do clube.
— Quando ele voltava para os reservas ou sub-21, Kevin MacDonald (treinador da base) o instruía a puxá-las de volta, mas, quando ele estava de volta com a equipe principal, elas estavam para baixo novamente – revelou o ex-técnico.
Existe o romantismo no meião baixo, principalmente para os homônimos da posição em campo. Meias pensantes como Totti e Rui Costa, nos anos 90, levaram a jogadores como Dybala, Insigne e Grealish nos anos 2010. Em termos extra-campo, a moda influencia o comportamento, autoconfiança e o psicológico – por que em campo seria diferente?