Em entrevista ao “The Times”, Matheus Cunha revelou que já 18 meses ele não queria sair do sofá e não via sentido em sua carreira depois de ter ficado de fora da Copa do Mundo.
O atacante do Wolverhampton venceu a medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio, marcando gol na final, e era figura carimbada nas convocações para as eliminatórias. Tudo indicava que ele iria para o Catar.
Porém, Matheus Cunha se machucou, perdeu ritmo de jogo, sentiu cada vez mais pressão e não viu seu nome entre os 26 convocados de Tite para a Copa do Mundo. O atacante contou que notou sua família abatida e, dois dias depois, constatou que precisava de ajuda.
— Os seis meses anteriores foram para esquecer, porque eu sentia que precisava fazer tudo perfeito para ir para a Copa do Mundo e depois (de ficar de fora) não queria mais fazer nada pelo futebol. Eu queria fugir e talvez estar em João Pessoa [sua cidade natal], na Islândia, talvez nas Maldivas, não sei.
Matheus Cunha disse que ficava a maior parte do tempo deitado no sofá, olhando as redes sociais até que teve um “clique na cabeça” e percebeu que precisava ir a um psicólogo.
Quando iniciou a terapia, mudou o que gostava de fazer e passou a jantar com a esposa, brincar com o filho e, durante a Copa do Mundo, foi à Disney com a família. O passeio foi bom para o jogador lembrar que “não é um super-herói”.
— Somos muito jovens e você ganha muito dinheiro e, claro, as pessoas ainda olham para você como se você fosse um dos super-heróis. Quando vou para minha casa meu filho não quer saber se vou para a Copa do Mundo ou se eu sou o melhor jogador do mundo, ele só quer ficar comigo, com minha esposa, com a família. Ele só quer o Matheus.
Conselhos de Ronaldinho a Matheus Cunha
Falando em “super-heróis” no futebol, o de Matheus Cunha é Ronaldinho Gaúcho. Hoje, o atacante do Wolverhampton tem o privilégio de trocar mensagens com seu grande ídolo.
— Não direi que somos amigos. Essa é uma palavra muito grande quando você fala sobre seu ídolo, mas ele é um cara incrivelmente bom e quando pego meu telefone e vejo algo de Ronaldinho, começo a ficar nervoso… Eu digo: “Este é meu ídolo e eu o conheço!”.
Se há uma lição que Matheus Cunha tira de Ronaldinho é “sempre que vou ao campo, mesmo que tenha muita pressão, é lembrar que esse é meu sonho. E então eu só quero estar aqui para sorrir e fazer as coisas que Deus me dá.”
Melhor momento no Wolverhampton
Ao longo da última temporada, Matheus Cunha encontrou sua boa forma, marcando 14 gols e dando oito assistências. Na última vez que enfrentou o Chelsea, ele marcou um hat-trick em Stamford Bridge.
— Foi 100% meu jogo favorito neste clube. Tudo estava bem. Não é só porque marquei três gols, mas porque a atmosfera deste dia foi inacreditável. Todos estavam felizes. Acho que tivemos 11 Ronaldinhos.”
Tendo sido treinador por Ralf Rangnick, Julian Nagelsmann, Diego Simeone e Gary O’Neil, Matheus Cunha elege um que tem um relacionamento e carinho especial.
— Sinto que ele (O’Neil) se importa comigo muito mais do que apenas como jogador de futebol. Ele me ensina muitas coisas na vida. Temos algumas brigas, é claro. Nós dois queremos vencer e a briga é quando eu acho que precisamos vencer dessa forma e ele me mostra que não, é outra forma, você precisa se lembrar que temos um plano, e eu digo: “Sim, claro, me desculpe!“