A direção do Manchester United não planeja tomar nenhuma “decisão impulsiva” sobre a permanência do técnico Erik Ten Hag, mesmo com seis derrotas em dez jogos e um péssimo momento da Champions League. Os bastidores, no entanto, não são animadores.
De acordo com informações do jornal inglês “The Independent”, publicadas nesta quinta-feira (5), os bastidores do clube foram colocados como “tóxicos”, enquanto a “ESPN” revelou preocupações do treinador sobre a “fragilidade mental” dos jogadores.
Polêmicas internas fugiram do controle
Segundo o “Independent”, alguns dentro do clube argumentam que a gestão altamente criticada de casos como o de Mason Greenwood se resume a como as considerações financeiras são o principal fator condicionante de todas as decisões.
Sabe-se que o caso de Greenwood afetou o planejamento de Ten Hag, mas desde então, houve mais interrupções. Antony ficou temporariamente indisponível devido a acusações de violência doméstica, que ele nega, Jadon Sancho não está sendo utilizado devido a conflitos de personalidade com o treinador.

São três atacantes de grande potencial, os dois últimos que custaram mais de 80 milhões de libras cada, que impactaram diretamente o campo e o clima no vestiário por conta de polêmicas fora dos gramados.
Essa situação levanta dúvidas no que diz respeito à capacidade do clube de superar mais uma “crise clássica do United”, como diz o jornal. Além disso, questiona-se a possibilidade da gestão de Ten Hag estar piorando a situação atual.
Ten Hag está atrapalhando o Manchester United?
O “Independent” foi informado de que o ambiente dentro do vestiário e entre a equipe geral está agora “tóxico“. Inclusive, houve até mesmo comparação do momento atual com a era Ferguson, principalmente por conta do novo documentário de David Beckham.
Muitos ex-funcionários falam no documentário, cuja estreia ocorreu na mesma noite do jogo da Champions League em casa contra o Galatasaray. Foi exatamente esse jogo que viu Beckham marcar seu primeiro gol pelo clube em 1994, o que foi destacado no documentário para simbolizar um jogador e uma equipe em ascensão.
“We all did it once. Every player that was with Sir Alex for a long time told him to f**k off once. And you didn’t do it again.”
The definitive story of what happened between David, Sir Alex Ferguson, and Ole Gunnar Solskjaer’s boot. #BECKHAM pic.twitter.com/XFLRUbKlsX
— Netflix UK & Ireland (@NetflixUK) October 4, 2023
Isso apenas acentuou o contraste com o momento atual. E embora seja errado dizer que o treinador holandês “perdeu o vestiário”, ele está em um ponto crítico em que qualquer conexão com a equipe atual está em perigo de se romper.
Segundo o Independent, é nessa situação que alguns jogadores reclamam privadamente que Ten Hag “não é exatamente caloroso”. Sua resposta às adversidades é se tornar ainda mais disciplinador. Não há nuances na abordagem.
Por outro lado, muitos no United diriam que é exatamente isso que é necessário, e que isso requer paciência, já que este é um vestiário que afastou uma série de treinadores. Relatos de ambientes “tóxicos” precedem há muito tempo Ten Hag.
Vestiário “tóxico” vem de muitos anos
Não ajuda o treinador holandês que muitos resquícios de quatro regimes de treinadores anteriores ainda permaneçam. Há um argumento válido de que esse é um fator significativo que quase foi subestimado em todas as discussões sobre o United.
Ten Hag poderia comparar isso justamente às circunstâncias de Mikel Arteta. Apesar de todo o dinheiro que o Arsenal gastou, um argumento orgulhoso dentro do clube londrino é que seu maior investimento não foi a compra de jogadores, mas pagar os contratos de Mesut Özil e Pierre-Emerick Aubameyang, que, em certo momento, “começaram a dar problema”.

Decisões como essa garantiram que todos no elenco comprassem completamente o que o treinador desejava. Isso é de grande importância do ponto de vista psicológico, bem como no fomento da confiança arrasadora que Ferguson tornou uma força.
Ten Hag não tem nada parecido. Em vez disso, ele tem jogadores que ele não quer e que eles próprios sabem disso. Isso tira o foco. Até mesmo a decisão em relação a Sancho desempenhou um papel nisso.
E por conta dessa situação, segundo a ESPN, a grande questão que Ten Hag enfrenta no momento é se os jogadores ainda estão do seu lado.
Fontes próximas ao treinador informaram à ESPN que ele não sente que pode ser tão duro em suas críticas aos jogadores quanto gostaria, devido a preocupações com a fragilidade mental do elenco.
Ele também levantou a questão de ter a linguagem corporal certa quando ocorrem contratempos durante os jogos, e está cada vez mais frustrado por sua mensagem não estar chegando a membros específicos de seu elenco.
Por que Ten Hag “se salva”?
O sentimento predominante é que Ten Hag enfrentou um número quase impossível de lesões, somando-se a problemas extracampo em um curto período de tempo, mais do que qualquer outro treinador já viveu no Manchester United.
O atual comandante tem sido comparado com seu compatriota e ex-técnico dos Red Devils, Louis van Gaal. O antigo treinador da seleção holandesa foi um dos que alertou sobre os problemas no clube, o que Ten Hag está passando agora.
O Independent afirma que a direção do Manchester United “ainda sabe como gastar o dinheiro do clube, mas não sabe gastar com um verdadeiro entendimento do futebol”. Isso porque o investimento “não foi feito em uma inteligência futebolística mais profunda”, o que também impacta o trabalho do treinador.