Manchester United na PL 2019/2020: antes e depois de Bruno Fernandes

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A temporada de 2019/2020 do Manchester United foi separada em duas fases: a era pré-Bruno Fernandes e a era após a chegada do português. Sem ele, o time oscilava de diferentes formas, pois havia não só uma grande dificuldade de implementar o estilo de jogo, como também de ter uma sequência de resultados positivos. Desde o dia 1º de fevereiro, quando aconteceu a sua estreia, até o final da Premier League, o cenário mudou para os Diabos Vermelhos.

Quais eram as expectativas para o Manchester United na temporada 2019/2020?

Por se tratar do maior campeão inglês da história, todo início de temporada sempre reserva ao United grandes expectativas. Ainda que fosse claro de que o time não estava na mesma prateleira de Liverpool e Manchester City, a torcida esperava um desempenho sólido. O objetivo era claro: a vaga direta na próxima Champions League e o bom desempenho nas competições de mata-mata.

O time foi ao mercado e reforçou a defesa, trazendo para o plantel o zagueiro Harry Maguire e o lateral direito Aaron Wan-Bissaka. O primeiro era um dos destaques do Leicester e já figurava como uma das peças mais importantes da Inglaterra de Gareth Southgate. O camisa 5 dos Diabos Vermelhos chegou para, em tese, dar solidez e tranquilidade a Lindelof.

Já o segundo, destacava-se pelo seu grande potencial defensivo, ainda que atuasse numa equipe de menor porte, o Crystal Palace. Ambos chegaram e corresponderam de imediato não só as expectativas de torcida e comissão técnica, como também as necessidades dos encaixes defensivos do time titular.

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Ainda que muitos contestem o valor pago em Maguire, cerca de 80 milhões de libras – o que o tornou o zagueiro mais caro da história -, a sua contratação foi extremamente acertada. O defensor deixou a defesa dos Red Devils mais consistente e ofereceu uma maior qualidade na saída de bola da equipe comandada por Solskjaer.

Já por parte de Wan-Bissaka, outro enorme acerto do clube. Ele dominou o setor e teve enorme destaque durante boa parte da temporada, anulando os atacantes adversários e caindo nas graças da torcida. Tanto o camisa 5, quanto o 29, corresponderam às expectativas depositadas e foram peças protagonistas na solidificação do setor defensivo do United.

Ofensivamente, esperava-se complicações. O clube vendeu Romelu Lukaku e emprestou Alexis Sánchez, ambos para a Inter de Milão. Esbarrou em empecilho nas negociações com Paulo Dybala e Bruno Fernandes e a única peça a chegar para o ataque durante o verão foi o jovem Daniel James, vindo do Swansea.

A torcida protestava pela falta de reforços ofensivos de renome e a desconfiança para a eficácia do enxuto elenco era grande. Com muita virtude de Solskjaer, Marcus Rashford e Anthony Martial deram seguimento ao entrosamento construído no final da temporada 2018/2019 e passaram a figurar como os principais nomes do ataque do clube. Destaque principal para o camisa 10, que em 2019/2020 aparenta ter subido mais um degrau na sua carreira e no seu índice técnico.

Com a lesão de Paul Pogba, o time passou vários meses com uma tônica bem definida durante boa parte dos jogos. Quando enfrentava grandes adversários, costumava ir bem e conquistar resultados positivos. Entretanto, ao enfrentar times de menor porte, esbarrava nas defesas inimigas e apresentava um futebol com mais problemas do que soluções.

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Questionado, em muitos momentos a torcida via como iminente e necessária a saída de Solskjaer do posto de treinador. O clube decepcionava em resultados e desempenho. Com Mauricio Pochettino no mercado, muitos acreditavam, em diferentes momentos da temporada, que era a hora de uma mudança.

Firmes no ideal de reestruturação do clube, a diretoria deu total confiança a Solskjaer e o blindou de qualquer tipo de especulação. Mesmo num cenário de muita pressão, ele teve tempo para aprimorar suas ideias e trazer o espírito do antigo United de volta a Old Trafford.

Para que isso fosse possível, no entanto, ele teve em três peças de meio-campo os seus principais alicerces. Scott McTominay evoluiu e revitalizou, durante parte da temporada, a função de primeiro volante do clube, mostrando mais uma vez a força da base dos Diabos Vermelhos.

Fred, contratado com grandes expectativas, passou a enfim desempenhar o futebol esperado. Com a sequência dada por OGS, adquiriu a confiança necessária para ser um dos principais meio-campistas do clube durante 2019/2020.

Fred McTominay Manchester United 2019/2020
Alex Livesey/Getty Images

Por último, mas com certeza não menos importante, Bruno Fernandes. O gajo que veste a camisa 18 foi o ponto de mudança desta temporada. Após a sua chegada, o time simplesmente não perdeu pela Premier League. Foram incríveis oito gols e sete assistências em 14 partidas*, sendo a peça que faltava para o ataque de Solskjaer.

As expectativas, que tanto oscilaram ao longo dos meses, passaram a ser mais objetivas. O título da Copa da Inglaterra não veio, mas a retomada por uma melhor colocação na PL e a empolgação para um possível título da Europa League aconteceram quase que de forma natural.

Destaque

Pelos motivos citados acima e por mais alguns fatores, não há como Bruno Fernandes não ser o destaque de 2019/2020 do Manchester United. Mesmo só tendo jogado meia temporada, ele foi o responsável por revitalizar absolutamente tudo nos Red Devils. A confiança, as pretensões, a qualidade de jogo: tudo cresceu com a sua presença na equipe.

Antes dele, alternavam-se na função Juan Mata, Jesse Lingard e Andreas Pereira, mas nenhum apresentou a qualidade e consistência necessária para “facilitar” a vida dos homens de frente. Com Bruno na função, vimos um Martial mais completo e versátil, além de um United que já não mais sofria para superar as defesas adversárias.

Ademais, tivemos a parada em virtude da pandemia do coronavírus, o que deu tempo para Paul Pogba se recuperar da sua lesão. Na volta do futebol, vimos enfim o encaixe perfeito do atual plantel, com Nemanja Matic a atuar em um nível que há muito não se via e o francês da camisa 6 sem a sobrecarga de funções de outrora.

Bruno veio para ser o maestro que não se tinha. Numa rara facilidade para se adaptar a Premier League, mudou as expectativas de uma torcida que já se contentava com o 5º ou 6º lugar. A vaga na Liga dos Campeões voltou a ser o principal objetivo e obsessão, além do sentimento de que o United seria o clube favorito para conquistar a Liga Europa.

Bruno Fernandes Manchester United
Mike Hewitt/POOL/AFP via Getty Images

Com mais participações em gols do que jogos pela Premier League, Fernandes caiu nas graças de todos e deu esperança de um futuro próspero para uma instituição que há muito não vence. Era o facilitador que faltava para potencializar os diversos talentos ofensivos do elenco. Um deles, inclusive, com uma explosão um tanto quanto inesperada: Mason Greenwood.

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Surpresa

Muito se falava de que Greenwood era um dos grandes prospectos da base do United. Mas, no início da temporada de 2019/2020, era difícil encontrar algum torcedor do Manchester United que tivesse plena convicção de que o jogador conseguiria despontar logo no seu primeiro ano como profissional.

Caso alguém tivesse esse palpite, com certeza acertou em cheio.O camisa 26 foi um dos que mais aproveitou a rodagem de elenco proporcionada por Solskjaer nos jogos de Copa da Liga, Copa da Inglaterra e Liga Europa, sempre deixando seus gols. Contudo, como todo jovem jogador, apresentava dificuldade para ter o mesmo desempenho das copas nos jogos da Premier League.

Greenwood Manchester United
Oli Scarff/POOL/AFP via Getty Images

Entre um misto de mérito e sorte, o Manchester United tem em Ole não só a figura de um bom treinador, mas também de um excelente recrutador e gestor de pessoas. Ele sabe reconhecer um talento e lhe fornecer o cenário necessário para explorar as suas qualidades ao máximo, e assim como fez com Rashford e Martial, aprimorou Greenwood.

Foram 17* gols e duas assistências, sendo 10 desses gols no próprio Campeonato Inglês. Detentor de uma rara noção para abrir e explorar espaços, Mason também tem como virtude a facilidade de chutar tanto com a perna esquerda quanto com a direita. Tanto para torcedores como para adversários, tornou-se comum a expectativa de ver (ou temer) um gol quando o atacante se aproxima da área.

Além das diversas qualidades de movimentação e finalização no setor final do campo, Greenwood também se destaca por ser um atleta de 181cm que consegue correr com a bola rente ao pé e aplicar dribles curtos nos adversários. Com tão pouca idade e um talento tão exacerbado, as expectativas são as melhores possíveis para o desenvolvimento do jovem atacante.

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Para coroar a brilhante retomada da equipe, a tão sonhada – e durante alguns momentos distante – vaga para a Champions League. O United, que chegou a estar 14 pontos atrás do Leicester, termina a PL em terceiro lugar, com 66 pontos, na frente dos Foxes e do Chelsea, times que passaram praticamente toda a competição acima dos Diabos Vermelhos na tabela. Quando a fase é boa, até Jesse Lingard faz gol; expectativas enormes para o futuro dos vermelhos de Manchester.

  • ESQUADRÕES IMORTAIS | MANCHESTER UNITED 1999

Redacao
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