O “novo” Manchester United de Bruno Fernandes e Pogba

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Pode ser cedo para cravar ou fazer análises definitivas, mas é fato que o Manchester United está sendo uma das sensações da Premier League desde o retorno da competição. A equipe, que antes da parada já vinha de cinco jogos de invencibilidade no torneio, segue com bons resultados e o mais importante: com um excelente futebol apresentado, com Bruno Fernandes e Paul Pogba.

A flexibilidade da equipe

Um problema que dura temporadas para os Red Devils é a falta de capacidade da equipe em furar defesas adversárias bem fechadas. Desde Louis Van Gaal até o próprio Ole, em jogos que o United tem o monopólio da posse, a impressão que se passa é de um time muitas vezes “insosso”, lento, que não sabe o que fazer com ela.

Um bom retrato disso é que, pela Premier League, o aproveitamento contra o “Big-6” é ótimo (cinco vitórias, três empates e duas derrotas). São jogos em que a equipe não tem a necessidade de ter a bola e pode justamente apostar mais nos contragolpes com Marcus Rashford e Anthony Martial. Em compensação, a equipe não conseguiu fazer gols em equipes menores, como nas derrotas para Newcastle (1 a 0), Bournemouth (1 a 0) e Watfod (2 a 0).

Agora, há uma luz no fim do túnel. A bola cada vez mais vai se tornando “amiga” do gigante 20 vezes campeão inglês. E assim a equipe vai sendo cada vez mais completa, já que pode ser perigosa construindo seus ataques de forma mais pausada e apoiada ou atacando em transições rápidas, como já estava habituada.

A dupla Bruno Fernandes e Paul Pogba

Já abordada a mudança que o time tem passado, abrindo seu leque de formas de atacar, é importante saber o que ocasionou isso. Pois bem, isso tem muita influência de Bruno Fernandes, contratado em janeiro, e Paul Pogba, que retornou de longo período de inatividade devido a lesão.

A expectativa já era alta de uma escalação com os dois atuando juntos e a prática só comprovou o imaginado: eles se entendem muito bem. Retomando os jogos do time ainda só com Bruno, era normal ver o português de 25 anos ser o “faz tudo” do meio-campo, recuando para oferecer uma melhor saída de bola e também aparecendo no ataque para dar o último passe ou concluir jogadas.

Leia mais: Analisando o impacto relâmpago de Bruno Fernandes em Manchester

Com o retorno de Pogba, os trabalhos de Bruno Fernandes são bem mais divididos. O francês, atuando ao lado de Nemanja Matic, funciona como a “cola” que liga a defesa ao ataque, com seus passes qualificados e, em grande parte, verticais. Essa presença dele é fundamental para que Bruno receba a bola em boas condições entre as linhas de marcação do rival, próximo ao gol, podendo finalizar ou em grande parte achar um companheiro em boas condições de marcar.

É válido dizer que, além de funcionar como esse armador recuado, Pogba também avança no campo em momentos que o United encurrala o adversário. Tendo maior influência pelo lado direito, ele ajuda sendo opção de passe do Aaron Wan-Bissaka e pode ficar alinhado ao Bruno, dividindo essa armação final e arriscando finalizações. Nessas situações, fica muito mais claro esse “dueto”.

Outras peças da engrenagem

Se Bruno Fernandes e Pogba são fundamentais para essa nova “cara” do United, é errado dizer que a evolução se resume a eles. É importante ressaltar, por exemplo, como Matic se reencontrou com essa camisa e é um ponto de equilíbrio, seja cobrindo os avanços de Luke Shaw pela esquerda, seja oferecendo segurança com seu bom passe curto.

Pois bem, também é impossível falar desse time sem falar da dupla Rashford e Martial. Além dos excelentes números (14 gols cada na Premier League), a movimentação deles é crucial para que a “roda” gire. Rashford atua pela esquerda, mas constantemente cai por dentro, atraindo a marcação e aparecendo como um segundo atacante para finalizar.

Martial é um atacante móvel, que também cai pelos lados e é arma importante para desequilibrar com seu drible contra adversários. Ambos funcionam muito bem com campo para correr.

E ainda, no meio disso tudo, temos Mason Greenwood. O garoto de 18 anos ganhou a titularidade pelo lado direito e vem fazendo bom uso de seus minutos, ganhando confiança e arriscando jogadas. É um jovem de grande potencial, sem dúvidas.

O que esperar?

A temporada está longe de acabar. Aliás, a briga pela quarta colocação com o Chelsea segue feroz. O clube ainda tem a disputa pela Europa League e as semifinais da Copa da Inglaterra (enfrenta os próprios Blues). Mas é fato que, pensando na temporada que vem, com reforços pontuais e um campeonato todo pela frente, a expectativa vem se mostrando alta.

Dá para imaginar um Manchester United fazendo frente com Liverpool e Manchester City, voltando a ser protagonista no cenário inglês? Difícil prever, muita coisa pode acontecer até lá. Mas uma coisa é certa: o time tem correspondido.

Iúri Medeiros
Iúri Medeiros

Paulista, estudante de jornalismo na faculdade Cásper Líbero, apaixonado por futebol e um louco por futebol inglês