Manchester United e Brentford se enfrentam neste sábado (19), às 11h (horário de Brasília), no Old Trafford, em jogo válido pela oitava rodada da Premier League. Ambos os times estão na mesma faixa na tabela de classificação, mas vivem paralelos diferentes.
O Manchester United segue com a dúvida quanto ao futuro do técnico Erik ten Hag, enquanto Thomas Frank acabou de completar seu sexto ano seguido à frente dos Bees.
A longevidade de Frank no Brentford passa muito pela consolidação de seu trabalho, que começou ainda como adjunto de Dean Smith, quando o clube jogava a Championship (segunda divisão inglesa).
A PL Brasil separou quatro lições para Ten Hag aprender com Thomas Frank a fim de recuperar confiança no Manchester United.
O que o Manchester United pode aprender com o Brentford
1. Versatilidade
Quando Thomas Frank foi promovido a treinador principal do Brentford, em 2018, passou por uma maré bem ruim. O clube estava abalado com a morte do elogiado diretor de futebol Robert Rowan, e Frank havia vencido apenas um de seus 10 primeiros jogos.
Mas, após uma mudança no esquema tático de 4-3-3 para 3-4-3, os resultados melhoraram. Em janeiro de 2019, o Brentford conquistou sete de nove pontos possíveis, levando Thomas Frank a ser premiado como o Treinador do Mês da Championship.
Ao final da temporada 2018/19, o dinamarquês levou o Brentford à quinta rodada da Copa da Inglaterra e terminou a Championship na 11ª posição.
Depois de um início inconsistente em 2019/20, Thomas Frank voltou com a formação 4-3-3 e alcançou a final dos playoffs com dois prêmios de Treinador do Mês da Championship. No entanto, o Brentford acabou sendo derrotado por 2 a 1 pelo rival londrino Fulham e não conseguiu o acesso.
Com a mesma formação e proposta de jogo, Thomas Frank se tornou o segundo treinador da história do Brentford a levar o clube à Premier League, colocando o time na terceira posição da Championship e se classificando por meio dos playoffs, batendo o Swansea por 2 a 0 na final.
Entra e sai ano, o Manchester United, por sua vez, parece o mesmo. Além de toda a bagunça na armação de jogadas e na hora de se defender, foram raras as vezes que Ten Hag quis mudar seu sistema de jogo, que é baseado em um 4-2-3-1, mesmo com Rasmus Hojlund e Joshua Zirkzee sem deslanchar na artilharia.
Não seria o momento do técnico holandês experimentar algo diferente?
2. Treinos
Em outubro do ano passado, viralizou um vídeo de Thomas Frank explicando a rotina de treinos do Brentford. Ele pensa a semana equilibrando a relação entre suas ideias e o que o adversário oferece de possibilidade.
No começo do seu trabalho no Brentford, Frank oferecia um time ofensivo, de posse de bola, utilizando o goleiro e os zagueiros na saída, mas o alto nível de exigência da Premier League fez com que os Bees se adaptassem.
Ainda que o time tenha um espírito ofensivo, Frank entende que é preciso adotar posturas defensivas e apostar nos contra-ataques em alguns momentos.
Funcionou justamente contra o Manchester United na temporada passada, quando empataram em 1 a 1 em março. O mesmo aconteceu com o Chelsea na mesma campanha — empataram em 2 a 2 também em março.
Já contra equipes mais frágeis, principalmente jogando em casa, o Brentford consegue jogar do seu jeito. Foi assim que venceu o Wolverhampton por 5 a 3 na última rodada e o Southampton no final de agosto.
Nada no Brentford é aleatório, como acontece no Manchester United. É uma constante adaptação em busca por um encaixe sem perder seus princípios.
3. Formar um artilheiro
Hojlund e Zirkzee são grandes definidores. Os números de ambos antes do Manchester United comprovam isso. Mas nenhum dos dois deslanchou na Inglaterra porque a bola não chega da maneira ideal para eles.
A PL Brasil trouxe em dezembro do ano passado o motivo de Hojlund não estar marcando tantos gols no Manchester United. Muitas das vezes, ele está jogando de costas para o gol, bem longe da área, tendo que distribuir a bola, enquanto sua principal valência é empurrar a bola para o fundo das redes.
Thomas Frank, por outro lado, soube muito bem montar uma estrutura para colocar Ivan Toney na função de artilheiro. Nos tempos de Brentford, o camisa 9 empurrava a defesa para trás e deixava espaço para três meias ofensivos, mas em momentos de contra-ataque, ele era capaz de participar da construção da jogada, dando passe perto do meio de campo e aparecendo na área no final dela.
Hoje, sem Toney, Frank continua fazendo o time jogar, mas agora tem o ponta-direita Bryan Mbuemo como principal goleador — seis gols em sete jogos. Isso porque Igor Thiago, contratado para substituir Toney, se lesionou. Mais uma vez, a versatilidade do time do dinamarquês fazendo efeito.
4. Contratações
Diferente do Manchester United, o Brentford tem um orçamento enxuto para investir no mercado e por isso tende a ser extremamente calculista na hora de contratar.
Analisando a última janela, o Brentford trouxe Igor Thiago, enquanto perdeu Toney e Neal Maupay. O Manchester United fez o contrário. Já tinha Hojlund, que contratou por por 72 milhões de libras (R$ 448 milhões) em 2023, e fechou com Zirkzee por 2,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 250 milhões) na última janela para a mesma posição.
Com a saída de dois zagueiros — Charlie Goode e Zanka –, o Brentford foi ao mercado e fechou com Sepp van den Berg, do Liverpool, por cerca de 23,6 milhões de euros. Na janela passada, o Manchester United gastou aproximadamente 150 milhões de euros em três jogadores que ainda não vingaram com a camisa vermelha — Mason Mount, Hojlund e Sofyan Amrabat (que até voltou de empréstimo).