Era o atual campeão invicto da Premier League e com 49 jogos de invencibilidade. Por certo, o Arsenal ao entrar em Old Trafford, no dia 24 de outubro de 2004, já dava motivos de sobra para o Manchester United não ter um pingo de compaixão para a partida válida pela décima rodada da temporada 2004/2005.
O fim da marca histórica de 49 jogos de invencibilidade
Como de costume, era esperado que as equipes trabalhassem com cautela nos primeiros minutos. Ao longo das últimas temporadas, era isso que acontecia. Sem dúvida, o primeiro tempo era mais uma análise do adversário do que uma ameaça em si.
Dessa vez, com nervos e assuntos pendentes, as equipes não pouparam esforços para dar emoção ao jogo logo cedo. Se bem que, a emoção se elevou a um nível que a bola passou a ser detalhe e a superação física, unanimidade. Faltas e mais faltas passaram a ser marcas registradas.
No lado de Manchester, Gary Neville é o principal arquiteto do caos. Tanto que o atacante espanhol Reyes lhe deu bastante trabalho nos primeiros 45 minutos, e então, o lateral inglês precisou usar de outras ferramentas para brecar o adversário. Receber apenas um cartão amarelo foi lucrativo para ele.
Já no lado dos visitantes, Patrick Vieira e Ashley Cole eram os mais exaltados. Desse modo, Vieira, que tem um histórico nada pacífico no Teatro dos Sonhos, se atracava com Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney e, principalmente, Gabriel Heinze, maior alvo dos Gunners ao longo da partida.
45 minutos passados e, mais uma vez, o confronto foi para os vestiários com o zero no placar. Só para exemplificar, ao final da partida, as equipes, somadas, cometeram 43 faltas (20 do United, 23 do Arsenal). Antes a média de faltas do United era de 12, e do Arsenal 11.
Ao voltar dos vestiários, o clima ainda era o mesmo, porém, a qualidade passou a mostrar as caras. Sobretudo sem muitos espaços, ambas as equipes martelavam em busca de uma pequena brecha para, pelo menos, esboçar ameaça ao gol adversário.
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A primeira recompensa veio para o United, aos 25 minutos. Todavia, em lance polêmico, o ainda jovem Wayne Rooney driblou Sol Campbell, que deixou a perna para contato, mas logo em seguida a puxou para não correr riscos de cometer o pênalti. O atacante se mostrou experiente e cavou a penalidade. O juiz confiou e lá se foram cerca de cinco minutos de discussão no lado dos Gunners.
Longe de existir VAR na época, a marcação foi mantida e Ruud van Nistelrooy, que havia perdido um pênalti no mesmo Old Trafford contra o mesmo Arsenal há uma temporada, não titubeou e bateu no canto oposto de Jans Lehmann. Surpreendentemente os comandados de Arsène Wenger tinham cerca de 20 minutos para tentar alcançar a marca de 50 jogos de invencibilidade.
Os minutos finais ficaram reservados para o abafa. Assim sendo, todas as táticas são deixadas de lado para o bem maior, que é não sair derrotado de campo.
Mesmo pressionando, foram poucas as chances reais criadas pelo Arsenal que se expunha demais. Ainda assim nos acréscimos, tal exposição foi aproveitada pelos donos da casa, em um contra-ataque finalizado por Rooney, para acabar de vez com a invencibilidade histórica dos Gunners.
A marca do Arsenal de 49 jogos de invencibilidade na Premier League é um recorde intacto até hoje. Entretanto, o Liverpool de hoje ameaçou alcançar a marca dos Invencíveis, porém, foi interrompido no 44º jogo, ao perder para o Watford por três a zero no último dia 29 de fevereiro.
Um dos fatos curiosos é que o Arsenal de 2002 detém a terceira maior sequência sem perder (30), ao lado do Manchester City de 2018.
Escalações Manchester United 2×0 Arsenal
Manchester United: Carroll; Gary Neville, Ferdinand, Silvestre e Heinze; Cristiano Ronaldo (Smith), Phil Neville, Scholes e Giggs; Rooney e van Nistelrooy. Técnico: Sir Alex Ferguson.
Arsenal: Lehmann; Laure, Campbell, Toure e Cole; Ljungberg, Vieira, Edu e Reyes (Pires); Bergkamp e Henry. Técnico: Arsène Wenger.