A derrota por 3 a 0 para o Tottenham em Old Trafford sofrida pelo Manchester United deixou o técnico José Mourinho em maus lençóis. Já pelo lado dos Spurs, o resultado igualou uma marca que não era alcançada há quase três décadas.
A última vez que os londrinos haviam batido os Red Devils por três gols de diferença dentro da casa do adversário acontecera em outubro de 1989, num jogo pela Copa da Liga, pelo mesmo placar categórico de 3 a 0 construído agora – e em contexto um tanto semelhante.
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Manchester United 0x3 Tottenham em 1989
Os Red Devils viviam momento complicado naquele início de temporada 1989-90. Comandados desde novembro de 1986 pelo escocês Alex Ferguson, ainda não haviam levantado nenhuma taça sob seu comando, e a torcida já se impacientava.
Não apenas pela má campanha cumprida pelo time naquele início de liga – 14º lugar, com três vitórias, dois empates e cinco derrotas, uma delas por 5 a 1 no derby em Maine Road – mas também pelos grandes gastos em reforços, em meio à reformulação de elenco.
O United havia desembolsado mais de seis milhões de libras, uma fortuna para o futebol inglês da época, trazendo nomes como o zagueiro Gary Pallister (Middlesbrough), os meias Paul Ince (West Ham) e Mike Phelan (Norwich) e o ponta Danny Wallace (Southampton).
Para piorar a maré ruim, o armador Neil Webb, outro nome que chegou para aquela temporada trazido do Nottingham Forest, rompera o tendão de Aquiles atuando pela seleção inglesa nas Eliminatórias da Copa de 1990, sendo baixa por seis meses.
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Além de tudo disso, o clube aparecera constantemente nas manchetes dos tabloides dias antes do início da temporada pelas notícias de sua disputada e controversa venda pelo então proprietário Martin Edwards ao empresário Michael Knighton, que acabaria abortada.
Foi com essa pressão por bons resultados que o time do “gastador” Alex Ferguson (como a torcida o apelidou então) entrou em campo em Old Trafford naquele 25 de outubro de 1989 para enfrentar o Tottenham dirigido por Terry Venables pela terceira fase da Copa da Liga.
O time de Manchester ainda contava com a experiência do goleiro escocês Jim Leighton, do defensor norte-irlandês Mal Donaghy, do meia e capitão Bryan Robson, além da dupla de ataque formada pelo escocês Brian McClair e o galês Mark Hughes, todos de seleção.
Já os Spurs, desfalcados do meia Paul Gascoigne e do atacante Paul Stewart, tinham como referência o goleador Gary Lineker. Além disso, contavam com outros nomes rodados como os zagueiros Terry Fenwick e Pat Van Den Hauwe e o talentoso meia Vinny Samways.
O próprio Samways iniciou a jogada do primeiro gol, aos 21 minutos, entregando a bola para Lineker na intermediária. O atacante abriu na direita para o ponteiro Paul Moran, que cruzou de volta. Desmarcado, o goleador dos Spurs tocou para as redes.
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O segundo gol veio na etapa final. Ele nasceu de uma bola quase perdida recuperada por Lineker perto da linha lateral no campo de ataque dos Spurs. O passe de cabeça saiu na medida para Samways, que avançou pela direita e tocou rasteiro para vencer Leighton mais uma vez.
A dois minutos do fim viria o golpe de misericórdia: o meia David Howells cruzou da direita, a defesa do United afastou mal e a bola sobrou para o chute cruzado, de primeira, do espanhol Nayim, trazido da base do Barcelona por Venables, ex-técnico blaugrana.
Reviravolta na temporada do United
O time do United deixou o campo muito vaiado, enquanto Ferguson seguia cada vez mais pressionado até a virada do ano. Terminaria apenas em 13º na liga. Mas acabaria salvo pelo título da FA Cup contra o Crystal Palace em Wembley, sua primeira taça em cinco anos.
O Tottenham bateria o Tranmere Rovers na etapa seguinte da Copa da Liga antes de cair nas quartas para o Nottingham Forest. Na liga, terminaria num bom terceiro lugar. E, curiosamente, também venceria os dois confrontos contra os Red Devils.