O outro título europeu do Manchester City que você não sabia

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Há mais de uma década, o Manchester City tem uma obsessão: ganhar a Champions League. Bilhões de reais foram investidos em grandes contratações e o clube, de fato, mudou de patamar, ganhando dezenas de títulos em âmbito nacional. Mas a tão desejada Liga dos Campeões ficou só nos sonhos do torcedor citizen.

O clube azul de Manchester só tem um título europeu em sua história de 143 anos: a Recopa Europeia de 1970.

Manchester City: sem Champions, mas com Recopa

Campeão inglês na temporada 1967/68, o City se classificou para a Champions (então Copa dos Campeões) 1968/1969, mas caiu logo na primeira rodada, sendo eliminado pelo Fenerbahçe. A queda precoce viria a ser positiva no futuro.

“Cair para o Fenerbahçe definitivamente nos deu um incentivo extra”, lembrou o capitão Tony Book.

Em solo inglês, os Citizens conviveram com a oscilação. Se foi apenas 13º colocado no Campeonato Inglês, o time superou clubes como Tottenham e Everton para ganhar a Copa da Inglaterra. Foi o título que levou o Manchester City à disputa da Recopa Europeia na temporada seguinte.

No sistema eliminatório da competição continental, o time inglês perdeu apenas uma das oito partidas até a final. Bateu Athletic, de Bilbao, na primeira fase, Lierse, da Bélgica, na segunda, Acadêmica, de Portugal, nas oitavas, e contou com uma goleada de 5 a 1 em casa para eliminar o Schalke 04.

A final foi contra o polonês Górnik Zabrze, que contava com Wlódzimierz Lubanski, maior artilheiro da seleção até ser ultrapassado por Robert Lewadowski. O clube chegou à decisão de forma curiosa. A equipe empatou duas vezes com a Roma na semifinal. Um terceiro jogo de desempate foi definido, mas também terminou em igualdade no placar. O vencedor do duelo foi definido no cara ou coroa.

“Tínhamos apenas 15 ou 16 jogadores e não era fácil jogar duas partidas por semana. Mas é assim que acontece com o cara ou coroa”, contou o então goleiro Alberto Ginulfi ao site oficial do clube italiano.

A chuva torrencial em Viena, na Áustria, no dia da final, encharcou o gramado, mas não atrapalhou a torcida. O estádio da decisão carecia de uma estrutura de cobertura, o que impactou negativamente no confronto.

“Fomos treinar no estádio na noite anterior ao jogo e descemos novamente na manhã do jogo e tivemos uma pequena sessão de treinamento leve e estava terrivelmente quente. Então, infelizmente, choveu muito a partir do final da tarde”, relembra o goleiro Joe Corrigan.

Muitos poloneses tiveram problemas de visto e não puderam viajar para a Áustria. Surpreendentemente, a final contou apenas com menos de dez mil torcedores.

A camisa rubro-negra do City, que “deu sorte” nas conquistas da Copa da Inglaterra e da Copa da Liga, também foi usada neste dia. E, novamente, serviu de talismã.

Neil Young abriu o placar logo aos 12 minutos aproveitando rebote do goleiro Hubert Kostka após chute forte de Francis Lee, aniversariante do dia. O Górnik Zabrze não se intimidou e foi para o ataque, mas as ofensivas se mostraram pouco efetivas.

Depois, Lee marcaria o segundo gol do City aos 43 do primeiro tempo quando Young foi derrubado de forma espalhafatosa pelo arqueiro polonês dentro da área.

O gol solitário do Górnik Zabrze na segunda etapa pouco adiantou. Oślizło aproveitou a cobrança de falta na área e mandou para a rede, mas o empate esteve longe de acontecer. Apito final e a taça iria para as mãos dos jogadores ingleses. A conquista europeia coroou ainda mais os ídolos dos Citizens Francis Lee, Colin Bell, Alan Oakes, dentre outros.

“A final foi na época da ‘Cortina de Ferro’ e o Gornik era um time durão do Leste Europeu”, elogiou Lee.

Apesar de ser uma final europeia, o jogo decisivo não foi transmitido pelas TVs da Inglaterra. Isso porque no mesmo dia Chelsea e Leeds fariam o replay da final da Copa da Inglaterra, em Old Trafford. O triunfo do City foi transmitido apenas fora do Reuno Unido.

Pedro Ramos
Pedro Ramos

Coordenador da PL Brasil. Editor da PL Brasil entre 2012 e 2020 e subcoordenador na PL Brasil até o meio 2024. Passagens pelo jornal Estadão e o canal TNT Sports. Formado em Jornalismo e Sociologia.
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