Luka Modric ganhou a Bola de Ouro em 2018 e disse que “chegar no topo é difícil, mas manter-se nele é mais difícil ainda”. Essa frase é um dos clichês do esporte e da vida, porém não deixa de ser verdade. No futebol, muitos times consegue títulos, mas poucos conseguem uma dinastia.
Uma vez que você chega lá, todos os seus adversário só visam você. Treinam para conter suas forças e estudam para descobrir suas fraquezas. Até o Manchester City conseguir o bicampeonato seguido na temporada 2019/2020, a última vez que isso tinha acontecido foi na temporada 2008/2009 com o Manchester United de Cristiano Ronaldo. (Foram três em sequência). É realmente complicado manter um grupo focado e competindo em tão alto nível por vários anos.
Soa até estranho falar que o Manchester City não fez uma boa Premier League em 2019/2020, já que ocupa o 2º lugar. Mas estando 25 pontos atrás do líder Liverpool, fica claro que o rendimento da equipe caiu demais. Além dos fatores que você pode imaginar, como o envelhecimento da equipe e a possível falta de motivação pós títulos, os números nos mostram outro detalhe que corrobora para tudo isso.
- A seleção da Premier League com um jogador por clube
O grande ponto fraco do City
NA TEMPORADA 2018/2019: SOFREU 2 GOLS DE FORA EM 23 CONCEDIDOS
NA TEMPORADA 2019/2020: SOFREU 7 GOLS DE FORA EM 31 CONCEDIDOS
Em 2018/2019, o Manchester City sofreu 23 gols (2ª melhor defesa). Destes 23, apenas dois foram de fora da área. Ou seja, 8,7% dos gols sofridos foram assim (6ª melhor marca no torneio).
Além disso, 91% dos chutes que vieram de lá não resultaram em gol. O que todos esses números querem dizer é que o City defendia muito bem a entrada da sua área e conseguia neutralizar essa arma (chute de longe) dos adversários.
Pep Guardiola e outros vários treinadores defendem que a zona de ouro do futebol é justamente a entrada da área. Além disso, obviamente, é por lá que saem os chutes de fora da área, uma das armas mais utilizadas contra as grandes equipes.
Pois bem, na temporada 2019/2020, o City sofreu 31 gols (em 28 jogos), sendo sete desses em chutes de longe. Se tornou o 3º time que mais permite gols assim e a porcentagem de defesas caiu para 70%.
🗓 #OnThisDay in 2018, Liverpool signed Fabinho 🇧🇷
Here is every angle of his goal against Manchester city…pic.twitter.com/HgflQobphp
— The Anfield Wrap (@TheAnfieldWrap) May 28, 2020
Das sete derrotas da equipe na Premier League 2019/2020, em quatro delas, o time tomou um gol de fora. Assim como em dois dos três empates. Em especial, o gol de Fabinho no confronto contra o Liverpool. Quando o jogo ainda estava 0 a 0, o brasileiro pegou um rebote absolutamente livre e ainda teve tempo de pensar antes de marcar um golaço de longe.
Isso, certamente, foi um dos pontos cruciais da campanha instável nesta temporada e acabou sendo um ponto fraco do City. Mas então o que aconteceu na defesa Citizen de um ano para o outro? Mais uma vez é preciso recorrer aos números para entender esse fenômeno.
O cobertor curto
Das sete partidas que aconteceram esse tipo de gol, Fernandinho não estava jogando como volante em nenhuma. Com as lesões de zagueiros e a falta de reposição no elenco, Pep decidiu recuar o brasileiro e apostar em nomes como Gundogan e Rodri para atuarem na região.
Apesar de todo o talento com a bola nos pés, falta bastante intensidade e força física para o alemão. No caso de Rodri, ele parece ainda não estar totalmente adaptado à intensidade da Premier League e por vezes não apresenta um senso de cobertura e noção defensiva como Fernandinho.
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As atuações do brasileiro na zaga foram boas, mas o problema é que Pep não tem um volante parecido com ele. Como costuma dizer o jornalista Renato Rodrigues da ESPN, ‘o futebol é um cobertor curto’. O City resolveu o problema no miolo de zaga, mas arranjou outro na entrada dela.
Tendo em mente o azar que o City teve em tantas lesões num mesmo setor, também faltou um pouco mais de profundidade ao elenco. Claramente a equipe sofreu com a falta de peças de reposição na defesa, o que gerou esse ponto fraco do City e acabou culminando na escape de pontos preciosos.
A solução
Rodri chegou para ser o novo Fernandinho, mas o plano ainda não deu certo. E também não vai bastar só voltar o brasileiro para sua posição natural, já que ele recém completou 35 anos. Fernandinho está perto da sua aposentadoria. Guardiola gosta bastante de moldar os jogadores, ainda mais quando são volantes. Por isso, a expectativa é que o espanhol volte evoluído na próxima temporada.
Mas caso isso não aconteça, esse é um problema extremamente urgente para o City e seu técnico.