O Manchester City tem um ritual: a “crise do outono”. Já aconteceu em temporadas anteriores da Premier League com Pep Guardiola e parece se manter na atual campanha.
O período que se aproxima do fim do ano tende a ser inconstante na equipe. Mas, desta vez, a situação parece pior: lesões, problemas de desempenho e incertezas sobre o futuro atrapalham ainda mais.
Com isso em mente, a PL Brasil analisou e listou quatro problemas que causam grande dor de cabeça em Guardiola no City.
1. Lesões, muitas lesões
O mais óbvio é evidente para quem assiste aos jogos do City: Guardiola sempre conta com diversos desfalques importantes e precisa improvisar jogadores e rodar os titulares.
O catalão reclamou das lesões depois da derrota para o Brighton, na última rodada da Premier League antes da Data Fifa:
— Os quatro zagueiros estão lesionados. E Rodri, o melhor jogador, não está lá. Kevin (De Bruyne) está longe de seu melhor. (Jeremy) Doku está lesionado. Jack (Grealish) está lesionado. Você pode fazer isso por um jogo, mas para ser consistente você não pode.
Enquanto a lista de lesões continuar sendo tão extensa, o City vai ter dificuldades, assim como qualquer time teria. Mas são os diversos setores afetados que dificultam ainda mais.
Por mais que estejam jogando bem às vezes, eles desperdiçam chances no ataque e não conseguem acompanhar os times no contra-ataque nem defender tão bem a própria área.
Agoa, vão jogar contra o Tottenham e visitar o Liverpool nos dois primeiros jogos após a pausa da Data Fifa — duas equipes que são excelentes em ataques rápidos.
A efeito de comparação, o City já usou 21 jogadores diferentes na atual temporada da Premier League, em 11 rodadas. Nas oito temporadas anteriores, Guardiola tinha uma média de 24 jogadores usados por campanha.
2. Sem Rodri, o Manchester City anda de muletas
A PL Brasil já frisou anteriormente sobre todo o quebra-cabeça que foi gerado com a lesão de Rodri, e como o volante deixa um buraco por não jogar.
Sem Rodri, o time é mais vulnerável em bolas aéreas e em transição, mas também não consegue manter a bola tão bem e, consequentemente, tem mais dificuldade para ir ao ataque.
Sem os pontas, chegou a sobrar para o segundo volante Matheus Nunes fazer a ponta-esquerda em determinado momento, e a defesa tem sido remendada a cada rodada. As lesões são definitivamente o pilar dos problemas, mas Rodri é insubstituível até o momento.
E mais do que as muitas lesões, o espanhol se mostra o pilar que não poderia estar de fora. Nos jogos imediatamente pós-lesão de Rodri, com muito mais jogadores disponíveis, o City foi pressionado ao limite e ainda parecia vulnerável
3. Tensões no vestiário envolvendo Guardiola
De acordo com fontes do site inglês “The Athletic” próximas ao clube, momentos de tensão no vestiário têm sido mais comuns no Manchester City.
O site indica que a tensão inclui faíscas entre Guardiola e alguns jogadores, que não foram nomeados — e que isso não é algo incomum no City.
Recentemente, o clube divulgou seu documentário sobre os quatro títulos consecutivos da Premier League com vídeos do vestiário e bastidores ao longo das temporadas. Em diversos deles, Guardiola é efusivo em cobranças — mesmo que não haja confusão.
Making history isn’t easy.
Get ready for the relentless ride of the 4-In-A-Row season! 🍿👀 pic.twitter.com/6ksZlknqzU
— Manchester City (@ManCity) November 16, 2024
Esse não é um comportamento incomum para o treinador — e ter a voz levantada no vestiário não é raro no futebol. E possíveis momentos de tensão já foram superados anteriormente pelos Citizens, mas pode ser outra questão para o desempenho abaixo do esperado.
4. A pior defesa da carreira de Pep
Mesmo que fique eternamente lembrado como um dos treinadores mais importantes para o desenvolvimento do futebol com a bola e em termos ofensivos, Guardiola sempre montou as melhores defesas dos campeonatos onde passou.
Apenas uma vez desde que chegou a Inglaterra comandou o City em uma temporada da Premier League com média de gols sofridos superior a um — no primeiro ano, quando sofreu 39 gols em 38 rodadas.
Esta, inclusive, foi a única vez em toda a sua carreira de 17 anos em que um de seus times sofreu mais do que 35 gols em um campeonato nacional.
— Talvez eu tenha que refletir sobre os gols que concedemos. Normalmente é em transições e bolas paradas, porque sem Rodri perdemos esse poder, porque ele é outro cara que é tão forte nessa posição — disse após o jogo contra o Fulham
E, o pior: segundo dados da Opta, o Manchester City concede grandes chances em um nível alarmante nesta temporada. Praticamente o triplo em comparação com temporadas mais sólidas.
Grandes chances concedidas por jogo na Premier League:
- 2016/17 – 1
- 2017/18 – 0,9
- 2018/19 – 1
- 2019/20 – 1,6
- 2020/21 – 0,9
- 2021/22 – 1,1
- 2022/23 – 1,3
- 2023/24 – 1,6
- 2024/25 – 2,8
Em 2019/20, quando teve um aumento significativo, foi o ano em que o Liverpool foi campeão da Premier League e os Citizens acabaram em segundo. Nos dois últimos anos, quando quase foram batidos pelo Arsenal, os números também foram maiores.