Premier League: os 10 maiores zagueiros

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Eles tinham a difícil tarefa de marcar alguns dos melhores atacantes do mundo e se destacaram com louvor. Eles eram símbolos de segurança na defesa e brilharam em um dos campeonatos mais importantes da Europa. A PL Brasil agora apresenta a lista dos 10 maiores zagueiros da era Premier League.

Não foi nada fácil escolher 10 jogadores e, por isso, ótimos nomes ficaram fora, como Vincent Kompany, Kolo Touré, Marcel Desailly, William Gallas, Martin Keown, Ledley King, Stuart Pearce e Gary Pallister.

O que levamos em consideração:

  • Nível de rendimento
  • Longevidade na liga
  • Destaque dentro do time
  • Títulos coletivos e individuais

Listamos os 10 maiores zagueiros da era Premier League

Steve Bruce

Foram 9 anos de Manchester United, sendo quatro na era Premier League e três títulos ingleses conquistados. Antes de Rio Ferdinand e Nemanja Vidic significarem segurança na defesa, a dupla Steve Bruce e Gary Pallister era sinônimo de confiança na retaguarda do United.

Antes disso, Bruce, que era torcedor do Newcastle na infância, esteve perto de desistir do futebol quando jovem, após muitas dispensas em testes nos clubes. Quase virou aprendiz de encanador até ser aprovado no Gillingham, onde ficou cinco anos até chamar a atenção do Norwich.

Leia mais: O maior artilheiro de cada continente na Premier League

Nos Canaries, conquistou a Segunda Divisão e a Copa da Liga Inglesa até receber propostas de grandes clubes. Se transferiu para o Manchester United e fez história. Como capitão, participou de toda a campanha e ajudou o clube a ser campeão inglês logo na primeira edição da PL.

Conquistou outros dois títulos ingleses nas três temporadas seguintes até deixar o clube. Anotou 51 gols com a camisa do United, especialmente da marca do pênalti onde era especialista e cobrador oficial por algumas temporadas.

Curiosamente, é um dos grandes jogadores ingleses que nunca foram convocados pela seleção do seu país.

Sami Hyypia

Ele saiu da gélida Finlândia, um país nada representativo no futebol, para fazer sucesso em um dos maiores clubes do mundo.

O jovem Sami jogou hóquei no gelo – o esporte é muito praticado na sua terra natal -, mas resolveu seguir o caminho da família. Seu pai havia sido jogador profissional e sua mãe goleira de futebol amador.

Após se destacar no futebol do seu país, voltou a ter sucesso dessa vez na Holanda, com a camisa do Willem II.

De lá chegou a Anfield em 1999 como um desconhecido e cercado de desconfiança. Em pouco tempo, ganhou o respeito de todos com o ótimo entrosamento com o suíço Stéphane Henchoz.

Sempre jogava de forma limpa e segura, tendo recebido apenas 16 cartões amarelos em 318 jogos na Premier League. Em 2004, passou a fazer parceria na zaga com Jamie Carragher, que antes estava atuando improvisado nas laterais, e o encaixe também deu certo.

Embora nunca tenha conquistado o título da Premier League, levantou 10 taças vestindo a camisa dos Reds.

Em 2009, recebeu proposta para virar técnico da academia do clube, mas decidiu continuar jogando e se transferiu para o Bayer Leverkusen.

Ricardo Carvalho

Jogador de boa leitura de jogo e ótimo posicionamento, Ricardo Carvalho fez história com o Porto de José Mourinho antes de chegar a Stamford Bridge em 2004.

Fez parceria de grande sucesso ao lado de John Terry, mas, no primeiro momento, sofreu com o jogo físico e intenso da Premier League e precisou realizar exercícios na academia do clube para evoluir.

Em 2008, uma lesão no joelho deixou-o fora dos gramados por muito tempo. Carvalho perdeu vaga para o brasileiro Alex sob comando de Luiz Felipe Scolari e posteriormente Guus Hiddink. Insatisfeito, tentou se transferir para a Inter e reeditar a parceria com José Mourinho, mas a negociação não deu certo.

Na temporada 2009/2010, recuperou sua posição com a chegada de Carlo Ancelotti e ajudou os Blues a conquistarem novamente o título da Premier League. Ao final da temporada, decidiu deixar o clube se juntar a Mourinho no Real Madrid.

No currículo, ostenta três títulos de Premier League, dois da Copa da Liga Inglesa e dois da Supercopa da Inglaterra (Community Shield). É um dos maiores zagueiros portugueses de todos os tempos.

Jamie Carragher

Jamie Carragher só vestiu duas camisas no futebol: a do Liverpool e a da seleção inglesa. Apesar de torcer para o Everton quando criança, fez história com a camisa vermelha da cidade dos Beatles.

Se não se destacava tanto pela técnica, compensava no vigor físico, disposição e força no jogo aéreo.

Se não teve título inglês, pode se orgulhar de grandes atuações nas 508 partidas que fez na Premier League.

Ao lado de Steven Gerrard, era um líder e muito identificado com a torcida por sua garra em campo. Sua versatilidade o fez jogar como lateral direito – e até esquerdo – no início da carreira até virar definitivamente zagueiro em 2004 com a chegada de Rafa Benítez.

Fez grande parceria com Sami Hyppia e levou a Champions League de 2004/2005 em uma final épica contra o Milan. Além disso, conquistou outros dez títulos.

Jaap Stam

Sem dúvidas, estamos falando de um dos maiores zagueiros de sua geração. Imponente fisicamente, era uma barreira humana e pesadelo para os atacantes adversários. Da lista, é o que menos atuou na Premier League – foram apenas 79 jogos – mas deixou sua marca.

Foram 3 temporadas completas pelo Manchester United, 3 títulos da Premier League e 3 indicações ao time da temporada eleito pela Associação dos Jogadores Profissionais.

Estreou na derrota por 3 a 0 para o Arsenal na Supercopa da Inglaterra, mas o United perdeu apenas mais quatro partidas até o fim da temporada, levando o treble (Liga nacional, copa e Liga dos Campeões).

Com grandes atuações, virou rapidamente um dos jogadores mais queridos pela torcida. Sua saída do clube foi o maior arrependimento da carreira de Sir Alex Ferguson, como o próprio treinador já revelou em sua autobiografia.

Quando iniciava a quarta temporada após uma lesão que o deixou meses fora dos gramados, Stam não teve boa atuação na estreia contra o Fulham.

Isso fez Ferguson coçar a cabeça e avaliar que o zagueiro, já chegando aos 30 anos, e com uma proposta da Lazio na mesa, era melhor ser vendido. A decisão se mostrou equivocada já que Stam teve grandes atuações na equipe italiana.

Por sua vez, o United substituiu-o pelo veterano Laurent Blanc, mas o time sofreu em vários aspectos e terminou a Premier League apenas em 3º.

Tony Adams

O maior zagueiro da história do Arsenal não poderia ficar fora. Só 5 lendas do clube podem ostentar uma estátua própria na entrada do Emirates Stadium: Ken Friar, Herbert Chapman, Dennis Bergkamp, Thierry Henry e Tony Adams.

Por sua liderança contagiante, virou capitão do clube aos 21 anos e continuou orgulhosamente ostentando a faixa por 14 anos.

Se envolveu em polêmicas envolvendo abuso de álcool nos anos 1980, mas conseguiu superar o problema, principalmente, com ajuda de Arsène Wenger, que determinou uma rigorosa dieta para os jogadores quando assumiu o clube.

Foram 19 anos e 669 jogos com a camisa dos Gunners, o que o coloca com o segundo jogador com mais partidas pelo clube. Ele só vestiu a camisa do Arsenal e da seleção inglesa. Sua relação com o clube é tão visceral que ganhou o apelido de Mr. Arsenal (“Senhor Arsenal”).

Colecionou 4 títulos do Campeonato Inglês, 3 Copas da Inglaterra, 2 Copas da Liga Inglesa, 2 Supercopas inglesas e 1 Recopa Europeia.

Sol Campbell

Esse é um dos maiores zagueiros ingleses das últimas décadas. Sol Campbell não fez história apenas por sair do Tottenham diretamente para o rival Arsenal. Bem, foi também por isso. Mas porque foi um ótimo zagueiro.

Revelado nos Spurs, Campbell era um defensor implacável, com vigor físico invejável. Atuou no Tottenham de 1992 a 2001, com 315 aparições. Ganhou um só título: a Copa da Liga Inglesa de 1999, com a braçadeira de capitão.

Depois de uma novela para renovar seu contrato, deixou os Spurs ao fim do vínculo e, numa negociação polêmica, foi apresentado como reforço do arquirrival Arsenal.

Começou fazendo ótima parceria com o experiente Tony Adams, mostrando seu vigor físico e desarmes precisos dos tempos de White Hart Lane. Depois, Adams deu lugar ao jovem Kolo Touré, e o marfinense ajudou Campbell a montar uma muralha na defesa dos Gunners.

Foram 503 jogos de Premier League no currículo de Sol Campbell, além de dois títulos ingleses. Também chegou a ser eleito três vezes para o Time da Temporada, em votação realizada pela Associação dos Jogadores Profissionais (PFA, em inglês).

Campbell também atuou por Portsmouth e Newcastle.

Nemanja Vidic

Ao lado de Rio Ferdinand, formou, talvez, a melhor dupla de zaga que já jogou a Premier League. Nemanja Vidic era um zagueiro quase completo. Depois de virar estrela do Estrela Vermelha, da Sérvia, se transferiu para o Spartak Moscou, onde também teve grandes atuações.

Sua chegada a Old Trafford foi quase sem querer. Vidic estava deixando a Rússia e estava com um pé na Fiorentina, mas o clube italiano não tinha vagas para atletas de fora da União Europeia.

Foi aí que Sir Alex Ferguson apareceu e contratou o jogador no erro da diretoria da Viola. Foram apenas 14 jogos na primeira temporada – a maioria saindo do banco – mas logo se estabeleceu no início de 2006/2007.

Jogando duro, mas sempre com lealdade, montou uma dupla de zaga monstruosa com Rio Ferdinand ao longo dos anos e levantou 15 troféus, sendo 5 de Premier League.

“Nós tivemos excelentes zagueiros ao longo dos anos, mas Ferdinand e vidic formam a melhor dupla de todas”, elogiou Bob Charlton.

Entre 2013 e 2014, começou a apresentar falhas e, assim como Rio Ferdinand, passou a jogar menos, com as subidas de Jonny Evans e Chris Smalling. Se transferiu para a Inter de Milão, mas fracassou na equipe italiana e encerrou sua carreira em 2016.

É o único zagueiro que conquistou duas vezes o prêmio de melhor jogador da temporada em eleição pela Premier League.

John Terry

Quando o garoto John Terry jogava bola, quem o assistia já sabia que ele tinha um grande futuro. Começou jogando no Senrab, time amador para crianças e adolescentes que também ajudou a revelar nomes Jermain Defoe, Sol Campbell, Ledley King, dentre outros.

Aos 11 anos, foi ser meio-campista na base do West Ham e se mudou para o Chelsea três anos depois. Foi pela falta de zagueiros que acabou sendo recuado para a defesa e lá ficou até o fim da carreira.

Quando ainda jovem, Sir Alex Ferguson tentou convencer o jovem a treinar na base Manchester United nas férias da escola, mas não deu certo.

Em seus primeiros anos como profissional, foi brigando jogo a jogo por uma vaga no time titular ao lado do francês Marcel Desailly. Depois de consolidado e com a saída do companheiro do clube, virou capitão dos Blues e passou a fazer ótima parceria com Ricardo Carvalho.

Ao lado de Frank Lampard, Petr Cech e Didier Drogba, fez história com a camisa azul. Foram 17 títulos conquistados na carreira, sendo 5 da Premier League. Além disso, fez parte do time da temporada em 4 ocasiões.

Terry era um jogador de poucos defeitos. Ótimo no combate por baixo e pelo alto e firme na marcação. É, certamente, um dos maiores zagueiros de sua geração.

Rio Ferdinand

Não seria exagero considerar Rio Ferdinand o maior zagueiro da história da Premier League. Não só pelos seis títulos de Premier League no currículo ou pelas seis indicações ao time da temporada da renomada Associação dos Jogadores Profissionais (PFA, em inglês).

É, também, pelo grande futebol que apresentou nos gramados ingleses: os desarmes limpos, a liderança marcante, o ótimo posicionamento e muito mais. Ele passou por West Ham, Leeds, Manchester United e Queens Park Rangers, totalizando 504 partidas de Premier League.

Segundo números da PL, é o zagueiro dessa lista com o maior índice de desarmes certos: 81%. Além disso, só cometeu 70 faltas em 504 partidas na competição.

Pedro Ramos
Pedro Ramos

Coordenador da PL Brasil. Editor da PL Brasil entre 2012 e 2020 e subcoordenador na PL Brasil até o meio 2024. Passagens pelo jornal Estadão e o canal TNT Sports. Formado em Jornalismo e Sociologia.
E-mail: [email protected]