Depois de nove anos, Jürgen Klopp deixará o Liverpool. O treinador anunciou na última sexta-feira (26) que, ao fim da atual temporada, vai tirar um período sabático e deixará o cargo. Um dos veteranos dos Reds quando o treinador chegou, em 2015, Lucas Leiva tem memórias positivas da inovação que o comandante levou à equipe.
Em entrevista exclusiva à PL Brasil, o ex-volante contou sobre a chegada do técnico alemão ao time, como ele levou a equipe ao sucesso em tão pouco tempo e os diferenciais de um profissional “que mudou tudo”.
Elenco percebia que ‘Klopp era diferente’
A primeira partida de Jürgen Klopp no comando dos Reds foi no dia 17 de outubro de 2015, em um empate sem gols contra o Tottenham de Mauricio Pochettino. O alemão chegara em um Liverpool pouco estruturado, durante a temporada e precisando mostrar resultado.
O brasileiro foi enfático: era perceptível que o treinador era diferente. Foram duas temporadas completas com o treinador, que começou seu tempo em Anfield com um meio-campo composto por Lucas Leiva, Emre Can, Philippe Coutinho, Milner e Lallana. Nem um pouco parecido com o que chegaria ao ápice,
— Eu tive dois anos com o Klopp, duas temporadas completas, e na chegada dele a gente já percebia que algo importante estava acontecendo. Eu acho que não somente os trabalhos que ele fez, principalmente no Borussia Dortmund, mas a presença dele e a forma que ele pensava – revelou o brasileiro à PL Brasil.
Lucas também ressaltou como o alemão foi “visionário” no que diz respeito ao planejamento que ele tinha para o clube ao longo dos anos. A ideia não era apenas “arrumar a casa” e depois ver no que dava. Existia um plano a longo prazo do que ele almejava com o elenco.
— No primeiro ano dele, a gente chegou em duas finais. Perdemos as duas finais, mas chegamos na FA Cup e na Europa League. E era um time que. na verdade, ele não tinha nenhum ‘toque’ de jogadores. Ele pegou o time daquela forma e ele conseguiu já levar em duas finais – reforçou o ex-volante.
Por ter chegado com a temporada rolando, Klopp não chegou nem perto de montar um elenco da forma que queria no início. No começo da temporada 2015/16, os Reds tinham gastado bastante com as contratações de Christian Benteke, Roberto Firmino, Nathaniel Clyne e Danny Ings — na teoria, nenhum a pedido de Klopp.
A montagem do ‘novo Liverpool’
O treinador teve seu primeiro reforço em Marko Grujic, a jovem promessa de 19 anos vindo do Estrela Vermelha. Seria na próxima janela, em julho e agosto de 2016, que o novo Liverpool iria se formar.
Chegadas ao Liverpool antes da temporada 2016/17:
- Sadio Mané – 41,2 milhões de euros (Southampton)
- Georginio Wijnauldum – 27,5 milhões de euros (Newcastle)
- Loris Karius – 6,2 milhões de euros (Mainz)
- Ragnar Klavan – 5 milhões de euros (Augsburg)
- Joel Matip – custo zero (Schalke 04)
- Trent Alexander-Arnold – custo zero (base)
Em entrevista anterior à PL Brasil, em que revela quase ida à Inter de Milão, Lucas Leiva lembrou do seu processo de saída dos Reds, reconhecendo que uma nova página viraria na montagem do elenco. Ele também ressaltou a conversa que teve com o treinador sobre seu futuro e elogiou o lado humano de como tudo aconteceu:
— Eu sentei com o Klopp, nós dois nos olhamos e ele falou: ‘ Acho que essa é a oportunidade ideal para você e para o clube também’. Eu estava entrando no meu último ano de contrato e o clube teve uma sensibilidade também para pensar no meu futuro. Provavelmente eu não iria renovar e acho que quando a relação é boa, sincera e honesta, não tem nenhum problema. Então eu acabei saindo porque foi um momento onde as duas partes estavam ganhando.
O que faz Klopp tão diferente?
Para Lucas, é o jeito do alemão pensar que cativa o elenco e, por consequência, a forma com a qual ele lidera. O próprio treinador ressaltou seu jeito enérgico e que demanda muito de si durante o anúncio da última sexta-feira: se não conseguisse se manter assim, pararia — e é o que fará.
— Eu diria que ao ponto mais forte do Klopp é a forma que ele lidera. (Sabia) que ia trazer grandes frutos para o clube. Tanto que na temporada seguinte (2016/17), a gente conseguiu se classificar novamente para a Champions League – comenta Lucas.
“E aí, foi ano em que eu fui embora”, lembrou o brasileiro. Ele deixou os Reds no meio de 2017 para ir à Lazio, mas guarda boas recordações de seu tempo com o treinador, que, inclusive, fez questão de parabenizá-lo pela carreira no anúncio de sua aposentadoria no ano passado.
— Eu consegui aprender muito com ele nesses dois anos e eu sabia que o clube estava passando por um processo de de transformação de forma positiva com a chegada dele – completou.