Lucas Leiva: uma década de uma linda história em Liverpool

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Da cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, sairia um garoto que iria construir uma década de história nos Reds. O brasileiro Lucas Leiva ficou por dez anos no Liverpool e guardou seu nome entre os grandes personagens de Anfield Road.

Hoje na Lazio, Lucas Leiva foi um dos principais personagens do Liverpool entre 2007 e 2017, período de vacas magras em Anfield. Mesmo sem grandes resultados, Lucas teve um grande e recíproco caso de amor.  

Apesar de sua história anterior ao Liverpool não ser longa, foi muito intensa. Essa por sinal, é uma palavra que o define: intensidade. É impossível falar de Grêmio nos anos 2000 sem citar Lucas Leiva. 

De Porto Alegre para o mundo

No Grêmio, Lucas Leiva iniciou sua trajetória em 2002, com apenas 15 anos. Três anos depois, estreou nos profissionais. Fez uma boa temporada em 2005, participando da famosa Batalha dos Aflitos e conquistando o acesso à elite do futebol nacional. 

Jovem, firme e com bastante vigor físico, Lucas Leiva tinha tudo pra se destacar naquele momento. Era um ponto muito fora da curva. Se tornou um dos pioneiros na nova função da posição de meio-campista no país. Lucas simbolizava “o novo” no futebol nacional. 

De fato, a cereja no bolo de sua passagem no Grêmio foi a temporada 2006. Envergando a camisa 8 do tricolor gaúcho, Lucas Leiva foi o melhor jogador do Brasil no ano e chegou a faturar a Bola de Prata e a Bola de Ouro da revista Placar daquele ano. 

Desde então, já estava óbvio que sua permanência no futebol brasileiro iria durar pouco. Permaneceu até a metade de 2007, jogando a final da Libertadores contra o Boca Juniors. Logo depois se transferiu para o Liverpool, após receber fortes sondagens da Inter de Milão. 

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Dez anos para ser sempre um Red

O dia 11 de maio de 2007 foi quando Lucas Leiva se tornou jogador do Liverpool, por 6 milhões de libras. Poucos dias depois, desembarcaria na cidade para começar a escrever sua grande trajetória. 

No entanto, seu início teve alguns obstáculos, como os poucos minutos recebidos dentro de campo e a dificuldade com a língua inglesa, principalmente em relação à fluência do idioma. 

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Clive Brunskill/Getty Images

Em suas duas primeiras temporadas, obteve um número razoável de exibições: 40. Todavia, não é o que se imaginava para a principal promessa brasileira dos últimos anos. Também pudera, a concorrência em seu setor era pesada. Mas isso viria a mudar.  

Apesar de não ter tido grandes atuações pelo Liverpool entre 2007 e 2009, a partir da temporada 2009/2010 seu status mudou. Com a saída de Xabi Alonso, a concorrência no setor diminuiu, e essa foi de fato uma temporada de transição para ele. 

No temporada seguinte, mais uma saída – Javier Mascherano para o Barcelona – abriu oportunidade para que Lucas Leiva se firmasse como um dos jogadores importantes da equipe. Desde sua chegada, havia melhorado consideravelmente sua disciplina e noção tática, atributos técnicos defensivos, principalmente a interceptação e o desarme.

Ao fim da temporada, a recompensa. Lucas Leiva se destacou durante a temporada controlando e guiando as ações do setor defensivo no meio-campo, por isso, foi eleito o jogador do ano pelos torcedores. Um prêmio muito importante, ainda mais considerando que o disputava com a lenda Steven Gerrard. 

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Um verdadeiro Red

Desde sua chegada no Liverpool, Lucas Leiva viu muita coisa mudar. Deliberadamente, o clube desceu de prateleira. Quem se destacava, geralmente caminhava para outros clubes com melhores condições, casos de Xabi Alonso, Mascherano e Fernando Torres. 

E quando falamos de resultados, fica ainda pior. Só para ilustrar, durante 10 anos de casa, o único título de Lucas com a camisa do Liverpool foi a Copa da Liga da temporada 2011/2012. Nesse meio tempo, diversas foram as temporadas que a equipe nem para Champions League se classificou. 

Durante todo esse período, Lucas permaneceu focado em seu clube. E olha que propostas não faltaram. A Inter de Milão comandada por Rafa Benítez, ex-técnico do Liverpool, chegou a fazer proposta pelo brasileiro em 2010. O Liverpool recusou devido à má relação com o técnico. 

Até sua saída em 2017, Lucas Leiva sofreu com muitas lesões e variou entre bons e maus momentos. Certamente, suas lesões prejudicaram a sua carreira e seu nível de competitividade numa liga cada vez mais exigente. 

Mesmo assim, Lucas Leiva liderou a Premier League no quesito de desarmes por jogo durante cinco vezes entre 2010 e 2016. Por sinal, as habilidades defensivas do brasileiro, sua técnica nos desarmes e nas interceptações beiravam à perfeição.

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Últimos momentos em Anfield

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PAUL ELLIS/AFP via Getty Images

Com a chegada de Jürgen Klopp em 2015, Lucas Leiva começou a aparecer cada vez menos em campo, até por conta de suas lesões. Além disso, o nível da equipe começava a aumentar, por consequência, a concorrência também. 

Ainda assim, Lucas Leiva era muito importante no vestiário. Foi peça fundamental para a adaptação de Roberto Firmino, assim como havia feito anteriormente com Philippe Coutinho. Sua relação com Klopp sempre foi boa e profissional. Também, não havia como ser diferente ao envolver dois grandes profissionais. 

Sua trajetória em Anfield Road chegou ao fim no dia 21 de maio de 2017, quando disputou sua última partida com o manto vermelho. Com 10 anos de Liverpool, Lucas deixou pra sempre sua marca no coração do torcedor. Sua conexão com os Reds é muito forte e marcou principalmente os torcedores mais jovens. 

No Liverpool, marcou sete gols e distribuiu 19 assistências ao longo de 346 jogos, sendo o maior brasileiro da história do clube até então. E um dos maiores brasileiros da história do futebol inglês. 

Rumo à Itália

Lucas Leiva se dirigiu até a capital italiana, Roma, para jogar pela Lazio. No clube italiano, é um dos jogadores principais, tanto que ganhou o prêmio de jogador do ano na temporada 2018/2019. 

Lucas tem contrato com o time italiano até o meio de 2022, mas já deixou claro que pretende um dia voltar aonde tudo começou: o Grêmio.

Emanuel Vargas
Emanuel Vargas

Jornalista pela UFV, radialista e viciado em esportes. Escrevo na @PLBrasil1 e no @doislances