O calvário do Liverpool: as 8 temporadas seguidas na segunda divisão

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Um dos maiores clubes do mundo e sinônimo de títulos e grandes conquistas. No entanto, nem sempre foi assim. Por três vezes o Liverpool foi rebaixado para a segunda divisão inglesa. E foi na última delas que o clube viveu seu calvário. Foram longas oito temporadas na segundona.

O longo drama do Liverpool na segunda divisão

No começo dos anos 1950, o Liverpool oscilou bastante de uma temporada para outra. Na temporada 1949/50, os Reds ficaram invictos durante os primeiros 19 jogos da primeira divisão inglesa e caminhavam para um título tranquilo, mas as coisas desandaram e o clube amargou a oitava colocação. Na mesma temporada, foi vice-campeão da FA Cup, perdendo a final para o Arsenal, por 2 a 0.

A partir daí, o Liverpool entrou em um grave declínio técnico e financeiro. Don Welsh assumiu o comando do time, que começou a fazer campanhas de mediana para baixas.

Nas duas temporadas seguintes ao vice-campeonato da Copa da Inglaterra, o time terminou em 9º e 11º. Mas o clube passou algumas vergonhas, quando foi eliminado da própria Copa da Inglaterra pelo Norwich que, na época, era um clube da terceira divisão.

Na temporada 52/53, as coisas começaram a tomar um caminho perigoso. Com uma campanha medíocre que o levou à segunda divisão, o Liverpool terminou na 17ª posição com 36 pontos.

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Mas a sorte parece ter abandonado a equipe. Se na temporada anterior o rebaixamento ficou por apenas dois pontos, em 53/54 não houve escapatória para os comandados de Don Welsh. 28 pontos em 42 jogos e o Liverpool terminou na lanterna do campeonato, sendo rebaixado de forma incontestável.

A primeira temporada do clube pós-rebaixamento foi fraca. Com 42 pontos, o Liverpool terminou no meio da tabela, em 11º. Para piorar, foi durante a campanha da segunda divisão de 54/55 que o clube sofreu a maior derrota de sua história: 9 a 1 diante do Birmingham.

Na temporada seguinte, Don Welsh chegou perto de conquistar o acesso, tendo terminado em 3º. Diferente de hoje, na época subiam apenas os dois melhores times, sem playoffs para quem ficava entre 3º e 6º. Apesar da boa campanha, a não conquista do acesso foi a gota d'água e Don Welsh foi demitido do clube.

Foi então que clube efetivou Phil Taylor, cuja história com o Liverpool já vinha dos tempos de jogadores, pois fora capitão dos Reds e jogou pelo clube entre 1936 e 1954. Apesar disso, Taylor não conseguiu conduzir o clube de volta para a elite.

Na primeira temporada sob seu comando, o clube bateu na trave novamente. Pela segunda temporada consecutiva terminou na 3ª colocação, no entanto, dessa vez, a diferença fora de apenas um ponto para o Nottingham Forest, segundo colocado.

Em 57/58, outra boa campanha de Phil Taylor e seus comandados, mas sem êxito. Quarta e amarga colocação, dois pontos atrás do Blackburn. Em 58/59, o clube terminou novamente na quarta colocação.

Na temporada seguinte, após um bom começo, o Liverpool começou a cair de produção e foi parar no meio da tabela, o que foi motivo para a demissão de Phil Taylor.

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Para o lugar de Taylor, o Liverpool anunciou o, até então, treinador do Huddersfield: Bill Shankly. Na sua primeira temporada comandando os Reds, Shankly colocou a campo Ian Callaghan e Roger Hunt, que entrariam para a história do clube nos anos seguintes.

Shankly conseguiu tirar o time do meio da tabela e recolocá-lo na briga pelo acesso na temporada 59/60, ainda assim, não foi suficiente. Novamente o Liverpool terminou na terceira colocação. Ao fim da temporada, o treinador mandou embora 24 jogadores do clube.

Após montar o time ao seu gosto, Shankly e o Liverpool amargaram, novamente, outra terceira colocação em 60/61, mesmo tendo ficado 14 jogos consecutivos sem perder. As cinco derrotas nos primeiros 11 jogos foram fator decisivo para fazer o Liverpool não retornar à elite.

Foi então que chegou a temporada 62/63, a oitava consecutiva do clube na segunda divisão. Com uma campanha irretocável, tendo ficado invicto jogando em seus domínios durante toda a temporada, o Liverpool foi campeão da segunda divisão com 62 pontos, oito a mais que o Leyton Orient.

Desde então, o clube nunca mais retornou para a segunda divisão inglesa. E foi nos anos seguintes ao acesso que o clube, sob comando de Bill Shankly, começaria a se tornar um dos gigantes do futebol.

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Guilherme Batista
Guilherme Batista

Apaixonado pelo futebol e suas nuances, cresci nas arquibancadas e carrego essa paixão comigo não importa onde esteja. Não há, no mundo, invenção melhor que o futebol.