Chegada de Alisson demonstra nova ambição do Liverpool no mercado

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A celebrada contratação do goleiro Alisson, feita pelo Liverpool, pela substancial quantia de 66 milhões de libras, significa mais do que a aquisição de um atleta de alto nível para uma posição carente.

Ela representa a culminação de um novo momento de investimentos feitos pelo clube, na tentativa de voltar aos grandes títulos. É o ponto alto do projeto de longo médio-longo prazo estabelecido pelo Fenway Sports Group, que assumiu a administração Red em maio de 2011.

Quando o grupo norte-americano Fenway assumiu o Liverpool, encontrou um clube com dívidas e defasado em termos de estrutura. Não seria possível montar um grande elenco para disputar títulos tão cedo.

Alisson em sua apresentação no LIverpool. Foto: Liverpool FC

O primeiro passo foi enxugar os gastos. Jogadores caros, como Andy Carroll e Raul Meireles, foram negociados. Apostou-se na contratação de jovens menos badalados, casos de Charlie Adam, Sebastian Coates, Jordan Henderson e Philippe Coutinho (alguns desses deram certo, não é mesmo?).

A seguir era necessário trazer um comandante para substituir a lenda Kenny Dalglish, que havia retornado em 2011, mais como um tapa buraco do que um projeto para o futuro (e até conseguiu um título, a Copa da Liga 2011-2012). Também jovem e ainda pouco badalado no mercado, Brendan Rodgers foi o escolhido.

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A Rodgers foi dado o trabalho de montar uma base, dentro das possibilidades do clube na época, que fosse competitiva, para que, aos poucos, fosse possível adicionar novas peças que pudessem fortalecer a equipe, ano após ano.

Já na segunda temporada de Rodgers no comando, o Liverpool atinge um nível de performance inesperado. Coutinho, Suarez e Sturidge formam um trio de ataque implacável, enquanto Gerrard e Henderson comandam o meio-de-campo.

Os Reds brigaram pelo título da Premier League até a última rodada. Mas uma derrota em casa, para o Chelsea, com requintes de crueldade (o já famoso escorregão de Gerrard que possibilita o gol dos Blues), deixa o clube na segunda colocação.

A expectativa para as temporadas seguintes era grande, mas não se concretizou. Um decepcionante 2014-2015 e um péssimo início de 2015-2016 causou a demissão de Rodgers.

Foi então que o Liverpool deu a primeira demonstração de que estava pronto para dar um salto em suas ambições. Investiu alto para trazer o alemão Jürgen Klopp, treinador que tinha em seu currículo títulos da Bundesliga e uma final de Champions League. Um profissional muito valorizado no mercado.

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Desde então, o nível das contratações pelo clube foram aumentando, passando por Roberto Firmino, Sadio Mané e Salah. Além dos atletas, houve também investimento em reformas no estádio de Anfield Road e nos centros de treinamento de Melwood e da Youth Academy.

Na temporada passada, mais duas demonstrações de ambição do clube. O jogo duro na venda de Coutinho para o Barcelona, conseguindo pagamento de mais de 120 milhões de libras para sua liberação, e a contratação do zagueiro mais caro da história, o holandês Virgil van Djik, solucionando um problema crônico em sua defesa.

Ainda não vieram os troféus. São três finais sob o comando de Klopp. A Copa da Liga e a Europa League, em 2015-2016, e a Champions League de 2017-2018. Mas a convicção em seu trabalho continua, assim como a evolução dos investimentos no futebol.

A renovação do contrato de Salah foi a primeira grande notícia para a torcida, na atual janela de transferências.

As chegadas de Keita e Fabinho adicionam qualidade e mais opções ao meio-de-campo. Shaqiri deve proporcionar alternativa interessante, principalmente nos jogos das copas locais. Alisson é a cereja do bolo vermelho.

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Quando Klopp contratou o alemão Loris Karius, em 2016, estava apostando em um goleiro jovem, barato, mas que já havia demonstrado algum talento na Bundesliga, jogando pelo Mainz 05.

A expectativa era que ele se desenvolvesse e se firmasse como grande jogador. Isso não aconteceu (pelo menos até agora, ele ainda é muito jovem).

Alisson chega para assumir a camisa 1, respaldado pela titularidade da Seleção Brasileira e pela excelente temporada com a Roma. O alto investimento na posição era necessário. Em campeonatos tão competitivos quanto os que o Liverpool disputa, é muito difícil triunfar com goleiros inseguros.

É impossível cravar que o Liverpool sairá da fila de títulos nessa temporada, mesmo com todos esses investimentos. A Premier League é o campeonato nacional mais disputado do mundo.

Já no âmbito europeu, Barcelona, Real Madrid, Juventus e Bayern de Munique são clubes gigantescos e sempre estão entre os favoritos.

O Liverpool vai começar a temporada 2018-2019 com um elenco encorpado e qualificado. A mensagem é clara. O clube está trabalhando para retomar o protagonismo que teve até o final dos anos 1980.

Bruno Desidério
Bruno Desidério

Jornalista. Paulista que mora no Rio de Janeiro. Futebol e música são meus negócios