O Leicester City queria algo a mais na temporada 2019/2020. Com Brendan Rodgers desde o início de temporada, os Foxes precisavam dar um passo adiante e apagar os momentos ruins dos últimos anos. E além do “reforço” do técnico norte-irlandês, o clube investiu forte no mercado de transferências. Youri Tielemans foi contratado em definitivo, e Ayoze Pérez e Dennis Praet também chegaram no plantel.
Chegada de Brendan Rodgers deu outro “gás” para o Leicester City
Em 2018/2019, o Leicester City viveu de altos e baixos. Antes comandado pelo técnico Claude Puel, a equipe apresentou algumas dificuldades ao longo da campanha. Em 27 jogos com o treinador francês na Premier League, o time teve um desempenho de apenas 39% dos pontos. Foram nove vitórias, cinco empates e 13 derrotas.
Com um rendimento abaixo do esperado a diretoria do Leicester optou por trazer Brendan Rodgers. O norte-irlandês deixou o Celtic e assumiu a equipe na reta final da Premier League.
E com o novo treinador no comando a situação dos Foxes mudou. Em dez jogos, a equipe conquistou cinco vitórias, dois empates e três derrotas. Nesse período o time teve um aproveitamento de 56% dos pontos. Uma mudança mais do que significativa. Uma grande troca que seria fundamental para o clube na atual temporada.
Quais eram as expectativas para o Leicester City na temporada 2019/2020?
Depois de fazer uma boa janela de transferências e trazer reforços pontuais, mesmo perdendo Harry Maguire para o Manchester United, os ânimos do Leicester City mudaram para o início da temporada 2019/2020.
Além disso, Rodgers iniciava o seu trabalho do “zero”. O técnico norte-irlandês passou por uma pré-temporada e pode conhecer melhor os seus jogadores. “Teoricamente” inferior aos times do chamado grupo Big-Six, a intenção dos Foxes era brigar com Wolverhampton, Everton e West Ham por uma vaga na Europa League.
No entanto, o trabalho do treinador e de seus atletas superaram todas as expectativas logo no início de campanha. O Leicester City de 2019/2020 foi um time de muito repertório técnico e tático. Era uma equipe que jogava de acordo com o seu adversário e o nível de exigência.
Em duelos contra times mais reativos, os Foxes conseguiam jogar de maneira propositiva, envolvendo o adversário com o talento de Tielemans e James Maddison no meio-campo e o oportunismo de Jamie Vardy.
Pega esse GOLAÇO do Maddison
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Porém, o Leicester também conseguia se adaptar. Em situações sem posse e com menos domínio, o time usava a rápida transição defesa/ataque para definir as jogadas com velocidade e causar danos aos seus adversários.
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O trabalho foi impactante. Desde o início. E isso refletiu de maneira positiva dentro de campo. Nas 16 primeiras rodadas da Premier League a equipe foi dominante. Foram 12 vitórias, dois empates e apenas duas derrotas. Rapidamente o Leicester se tornou um dos melhores times da competição. Na ocasião, a equipe teve um aproveitamento de 75% e conquistou 36 dos 48 pontos possíveis.
Além disso, em 16 jogos, o Leicester marcou 39 gols. O que dá uma média de 2,4 tentos por partida. Um ótimo rendimento ofensivo. Mas a equipe não se destacava apenas no ataque. No setor defensivo os Foxes também eram eficientes. Foram apenas dez gols sofridos e sete clean sheets.
O clube havia superado todas as expectativas. A equipe de Brendan Rodgers foi uma das grandes surpresas na primeira metade da Premier League. E se antes a esperança era de brigar por uma vaga na Europa League, agora os Foxes poderiam sonhar com um passo adiante e se classificar para a principal competição de clubes do mundo, a Uefa Champions League.
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No entanto, o Leicester City de 2019/2020 oscilou. Algo natural. Ainda mais para as equipes que não fazem parte do grupo Big Six. A diferença de orçamento, de elenco e de exigência é distante. Porém, com o nível de jogo que os Foxes haviam atingido, o time merecia a cobrança dos outros gigantes da Inglaterra.
A inconstância do time pode ser explicada por diversos motivos. Lesões dos principais jogadores, queda individual dos pilares do time e também, lacunas do elenco. Mesmo com os reforços do início da temporada, o time não possuía a mesma qualidade no plantel como as outras equipes da elite inglesa. É difícil de acompanhar o ritmo dos gigantes da Inglaterra.
Porém, os times menores não têm o “privilégio” de oscilar. A qualquer momento o seu castelo de areia pode ser pisoteado. E um momento de turbulências pode mudar o rumo de um clube na temporada.
O Leicester City de 2019/2020 enfrentou problemas. Tanto antes, como depois da parada do futebol europeu por conta da pandemia da covid-19. Fazendo um comparativo com o início do campeonato, nas 22 rodadas seguintes, os Foxes somaram apenas 26 dos 66 pontos em disputa. Ou seja, a equipe teve um aproveitamento de 39% dos pontos.
O time não era mais o mesmo. Ofensivamente e defensivamente. Em 22 jogos, o Leicester fez 28 gols e sofreu 30. Saldo de gols negativo e queda evidente dos setores de ataque e também de defesa. A solidez, que era uma das principais virtudes da equipe no início de temporada, desapareceu completamente.
A oscilação afetou. E muito. Times com menores investimentos e poderes aquisitivos não podem perder as pequenas oportunidades.
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E depois de um início espetacular, o Leicester terminou a atual da Premier League com a vaga para a Europa League no último instante.
Com a derrota diante do Manchester United por 2 a 0 no King Power Stadium, os Foxes não conseguiram ultrapassar os Red Devils, permaneceram na quinta colocação do campeonato e ficaram de fora da Uefa Champions League. O final de temporada fica com um gosto amargo. O Leicester City de 2019/2020 merecia o “passo adiante”.
Números das 16 primeiras rodadas da Premier League:
– 36 pontos conquistados de 48 possíveis: aproveitamento de 75%;
– 39 gols marcados em 16 jogos: média de 2,4 por partida;
– 10 gols sofridos em 16 jogos: 0,6 gols por jogo.
Números dos jogos restantes da Premier League:
– 26 pontos conquistados de 66 em disputa: aproveitamento de 39%;
– 28 gols marcados: média de 1,3 tentos por confronto;
– 30 gols sofridos: média de 1,3 gols sofridos por partida.
Destaque
Ao longo da temporada 2019/2020, o Leicester teve ótimos nomes. Ricardo Pereira apresentou um ótimo nível, Ben Chilwell se tornou em um dos principais laterais esquerdos da Premier League e da Europa, James Maddison assumiu de vez o protagonismo no meio-campo e Harvey Barnes se firmou como uma ótima opção de elenco.
No entanto, ninguém se sobressaiu mais do que Jamie Vardy. O inglês teve uma ótima temporada. Mais uma vez. Ele foi o principal goleador do time durante toda campanha e o artilheiro da Premier League com 23 gols marcados. Com a atual marca, o atacante quase igualou o seu melhor número na competição.
Jamie Vardy's first of his 2️⃣3️⃣ Premier League goals so far this season came against the Blades ⚽️#LeiShu pic.twitter.com/c7ljHK03YE
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Em 2015/2016, ano em que o clube foi campeão inglês de forma história, o camisa 9 anotou 24 gols e terminou como o segundo maior goleador do torneio ao lado de Sergio Agüero. Naquela ocasião, Harry Kane foi o artilheiro da temporada.
E teve mais recordes. Na vitória do Leicester diante do Crystal Palace, em jogo válido pela 33ª rodada da competição, o goleador fez história na Premier League. Marcou o seu centésimo e o centésimo primeiro gol na competição. Com o feito, Vardy entrou para o seleto grupo dos jogadores com 100 ou mais gols no torneio. Ele foi o 29º atleta a atingir a estatística.
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Surpresa
Na janela de transferências da temporada 2019/2020, a equipe perdeu o seu pilar defensivo. Harry Maguire foi para o Manchester United e se transformou no zagueiro mais caro da história do futebol.
E com o dinheiro do defensor inglês, o clube poderia investir em um novo nome de peso para comandar o sistema defensivo. No entanto, Brendan Rodgers resolveu apostar em um jogador do seu próprio elenco, Caglar Söyüncü.
O zagueiro turco foi contratado na temporada passada. Porém, teve pouquíssimas oportunidades em campo. Mas nesta edição da Premier League ele mostrou que o técnico norte-irlandês optou pelo certo. Além de ter sido o melhor defensor do time, Söyüncü foi um dos melhores zagueiros do torneio. E não seria nenhuma surpresa em vê-lo na seleção do campeonato.
Söyüncü é um zagueiro de muita técnica. Com uma ótima imposição física sobre os atacantes, o turco se destaca nas jogadas individuais, nas antecipações, além de conseguir proteger muito bem a região da grande área. Se o Leicester era uma equipe sólida defensivamente no início de temporada, o trabalho do camisa 4 foi determinante para tal característica.
Além dos bons atributos como defensor, Söyüncü é uma das armas na construção ofensiva do time. Com um bom passe e uma boa condução, o turco auxilia na saída de bola em muitas ocasiões e facilita o “serviço” dos meio-campistas. O turco também possui ótima presença nas jogadas aéreas, uma arma bem perigosa do clube nas mãos de James Maddison.
A aposta de Brendan Rodgers em Caglar Söyüncü foi um dos grandes pontos positivos do time na temporada. Com o camisa 4, os Foxes não só conseguiram um bom substituto para Harry Maguire, mas também, um jogador que pode ser um dos grandes nomes da posição nos próximos anos.
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- ESQUADRÕES IMORTAIS | LEICESTER 2015/16