Lazio toma atitude drástica contra torcedor que fez menção a Hitler

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A Lazio anunciou nesta quarta-feira (22) o banimento permanente dos torcedores que foram identificados por gestos nazistas durante o clássico contra a Roma, no último domingo (19), em que o time azul da capital italiana venceu por 1 a 0. Um deles vestia uma camisa com o nome de “Hitlerson” com o número 88.

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No comunicado, o clube divulgou que “foram identificadas as três pessoas que tiveram um comportamento que não tem nenhuma relação com a arquibancada e que manifestaram formas de discriminação e antisemitismo”.

— A respeito deles, concluído o procedimento administrativo dos órgãos de segurança e obtida autorização do Ministério Público, a Lazio aplicará rigorosamente o Código de Ética, ordenará a expulsão do estádio para sempre e comparecerá como parte cível no pedido de indenização em eventual processo penal que se segui — diz a nota do clube.

“Hitlerson” foi identificado

O torcedor que viralizou com a camisa que faz referência ao ditador nazista Adolf Hitler foi identificado na manhã desta quarta. Segundo o “La Reppublica”, trata-se de um torcedor alemão que é simpatizante da Lazio.

Além da clara referência ao ditador no nome da camisa, o 88 também tem relação com o nazismo. O número é um símbolo da ideologia porque o H é a oitava letra do alfabeto — nesse caso, HH é uma abreviação de “Heil Hitler”, saudação popularizada na Alemanha nazista.

Relação da Lazio com o nazifascismo

Desde o início do caso, a Lazio se prontificou a trabalhar com os órgãos de investigação italianos para investigar o criminoso e puni-lo. No entanto, a fama do clube italiano não é exatamente de combater esse tipo de preconceito. Torcedores da Lazio se envolveram muitas vezes em episódios de atos fascistas.

A pecha remonta aos tempos da ditadura de Benito Mussolini, pai do fascismo e comandante da Itália que se aliou à Alemanha de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Embora nunca tenha sido comprovado que a Lazio era o time de Mussolini — o ditador usou a Roma, maior rival dos laziales, como instrumento de propaganda política –, foi lá que ele mais encontrou identificação e, inclusive, virou sócio e frequentador dos jogos.

Os ideais de Mussolini perderam espaço na Itália a partir do pós-Guerra, mas eles continuaram encontrando certo eco na Lazio. O clube só foi contratar seu primeiro jogador negro na década de 1990. O atleta em questão, o holandês Aron Winter, que também tinha descendência judia, sofreu por quatro anos com a irritação das alas mais radicais da torcida.

Os ultras de extrema-direita da Lazio também aumentaram a fama fascista ao exibir incontáveis faixas com a suástica, maior símbolo nazista, além do nome de Mussolini e vários cânticos racistas, antissemitas e preconceituosos. Os radicais chegaram ao nível de usarem uma imagem de Anne Frank, garota judia que foi morta por nazistas e deixou um diário escrito que virou best-seller mundial, para provocar a Roma.

Já em 2005, o atacante Paolo di Canio festejou uma vitória no clássico com o gesto com a mão estendida para frente, conhecido por ser usado como exaltação para Hitler e Mussollini.

Hoje em dia, a Lazio ainda tem no elenco o lateral-direito Romano Benito Floriani Mussolini, que veio da base do clube. Romano é filho da política de extrema-direita Alessandra Mussolini e bisneto do famoso ditador fascista.

Diogo Magri
Diogo Magri

Jornalista nascido em Campinas, morador de São Paulo e formado pela ECA-USP. Subcoordenador da PL Brasil desde 2023. Cobri Copa América, Copa do Mundo e Olimpíadas no EL PAÍS, eleições nacionais na Revista Veja e fui editor de conteúdo nas redes sociais do Futebol Globo CBN.

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