Um dos maiores ídolos do Chelsea, o meia Frank Lampard talvez nunca imaginaria atuar no Manchester City. Mas isso aconteceu e o inglês ainda balançou a rede dos Blues. Vamos relembrar agora a carreira do craque.
Lampard estreou como atleta profissional pelo West Ham e chegou ao Chelsea em 2001, já aos 22 anos. O inglês fez nada menos que 157 partidas pelos Hammers, marcando 25 gols e distribuindo 20 assistências.
Mas ele chegou ao auge de sua carreira no time de Roman Abramovich. Pelo Chelsea, foram 626 partidas, 208 gols e 150 assistências. São três títulos da Premier League, quatro títulos da Copa da Inglaterra, dois da Copa da Liga inglesa, dois da Super Copa da Inglaterra, a Liga dos Campeões da Europa de 2011/12, e a Liga Europa de 2012/13. Para muitos, o maior atleta da história de um dos maiores clubes da Terra da Rainha.
Mas, em 2014, chegou o momento da despedida. Já em reta final de carreira, Lampard não renovou seu contrato com os Blues e assinou com o New York City, dos EUA, e se despediu do Chelsea. Contudo, havia um problema, a MLS (Major League Soccer) só teria início em fevereiro do ano seguinte, e o desejo do meia não era ficar fora de atividade por tantos meses.
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Até que então, o Manchester City, clube sócio do New York City, ofereceu sua estrutura para que o ex-Chelsea mantivesse a forma. Mas Lampard agradou tanto o treinador Manuel Pellegrini, que os Citizens fizeram uma proposta para que ele atuasse oficialmente pelo clube por empréstimo até que fosse de uma vez para os EUA. O inglês gostou e assinou contrato.
A torcida do Chelsea não gostou nada da escolha de Lampard de atuar no Manchester City. Alguns criticaram o meia e chegaram a queimar a histórica camisa 8 que o atleta vestiu durante 13 anos de clube.
Porém, após alguns dias de revolta da torcida, um reencontro causou estranheza em ambas as partes. Tanto em Lampard, quanto nos torcedores do Chelsea. O dia 21 de setembro de 2014 foi, sem dúvidas, o dia mais estranho da vida profissional do jogador.
O primeiro encontro contra o ex-clube foi realizado no Etihad Stadium, pela quinta rodada da Premier League 2014/15. O meia começou no banco de reservas dos Citizens e viu um primeiro tempo morno e com poucas chances de gol. Um Chelsea em reconstrução, contra um Manchester City pouco inspirado naquele dia.
Os times trocaram os lados e a segunda etapa começou. Várias alterações foram feitas pelos treinadores, e uma delas surtiu efeito. Schurrle, que havia entrado aos 63 minutos, desviou cruzamento e abriu o placar para os Blues em Manchester.
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Pellegrini teria que mudar, e mudou. Lançou Navas e Sagna, mas sem efeito. O Chelsea, após a entrada e o gol de Schurrle, manteve a equipe – no fim da partida ainda lançou Drogba em campo.
Até que, aos 78 minutos, Pellegrini colocou Frank Lampard em campo. Muitos esperavam protestos e vaias por parte da torcida do Chelsea, em menor número, mas o que se viu foi um show.
Os fãs do Chelsea saudaram Lampard e relembraram todos os feitos do meia pela equipe azul de Londres. Cantaram todas as músicas que fizeram para homenagear o ídolo, desde a tradicional “Super Frank Lampard“, até as músicas feitas pelo recorde de gols que bateu quando se tornou o meio-campista com maior número de gols da história do Campeonato Inglês, e de quando se tornou o maior artilheiro da história do Chelsea.
Lampard entrou no lugar de Kolarov, fazia sua primeira partida contra o ex-clube, mas as canções e o clima ainda eram de Stamford Brigde. O City precisava do empate, mas era um time disperso. O Chelsea se defendia e controlava a partida.
Porém, aos 85, James Milner dominou pela esquerda, tocou no meio para David Silva e se projetou. O espanhol viu e lançou o camisa 7 do City. O meio-campista tocou para dentro da área, e então, de voleio, gol… de Lampard.
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A cinco minutos do fim, Lampard, em sua primeira partida contra seu ex-clube, tirou a vitória do Chelsea com um gol de voleio ao som da torcida dos Blues cantando “Super Frank Lampard”. A comemoração? Não existiu. É normal que vejamos ex-atletas não comemorando contra seus ex-clubes, mas com Lampard não foi simples assim.
Ele, visivelmente, se sentiu constrangido. Era sua expressão que demonstrava. Marcou e pareceu incrédulo. Enquanto os companheiros corriam para abraçá-lo, de longe ele estendia a mão pedindo para que parassem.
Dois meses antes daquele gol, Lampard ainda era o camisa 8 histórico do Chelsea. Tempo depois, tirava a vitória do clube em que marcou época.
Lampard voltou a atuar pelo Manchester City contra o Chelsea em janeiro de 2015, desta vez, em Stamford Bridge, mas, depois daquele dia, a festa já era esperada – e foi gigantesca. Mas, sem dúvidas, o dia 21 de setembro de 2014 foi o dia mais confuso, estranho, esquisito, e, talvez, dolorido da carreira de Lampard.
O maior artilheiro, o maior campeão, o maior camisa 8 da história do Chelsea se despede do futebol no dia 2 de fevereiro de 2017. Nunca mais marcará um gol, nem a favor e nem contra os Blues. Mas a memória para os Blues não será a do gol no Etihad Stadium. Para a torcida, ficarão os 208 gols e todas as marcas históricas.
O maior camisa 8 da história do Chelsea dá adeus.