As redes sociais, tomadas pelos seus piores vícios e talvez impulsionadas pela janela sem grandes notícias, repercutiram nesta quarta-feira (31) uma fala de Jürgen Klopp decretando a sua aposentadoria.
Na verdade, o alemão havia negado a possibilidade de assumir a seleção inglesa durante um evento para treinadores e simplesmente tiraram a frase de contexto:
— Não há nada. Em termos de trabalho, não há nada. Nenhum clube, nenhum país. Inglaterra? Seria a maior perda de prestígio na história do futebol se eu dissesse que abriria uma exceção para você.
— Vou ser treinador novamente um dia? Eu descartaria isso neste momento. Não parei por impulso, foi uma decisão pensada. Vamos ver como será em alguns meses. Ainda quero trabalhar no futebol com minha experiência e meus contatos – finalizou.
Ou seja, nada de novo em relação ao que já sabíamos desde sua saída do Liverpool. Klopp chegou ao limite de estresse e vai tirar algum tempo para descansar. Nem ele sabe exatamente o tamanho desse período sabático. Meses, como disse, mas serão 3, 6, 12? Não há por que nos precipitarmos em busca de uma grande notícia.
E, sim, a possibilidade de resolver não treinar mais existe. Mas essa é uma informação que ninguém tem. Então é melhor que não soframos por antecipação.
Aliás, se um dia ele decidir não treinar mais, me liguem imediatamente para que eu possa demovê-lo dessa ideia estúpida. Klopp ainda não tem nem 60 anos (recentemente completou 57). O futebol merece tê-lo por mais tempo.
É bem verdade que ele começou cedo, em 2001, com 34 anos, lá no Mainz 05, mas não podemos, como comunidade, cogitar perder uma dessas mentes brilhantes.
E aqui vai o meu tributo a Jürgen Norbert Klopp
Pela revolução que causou no Liverpool, dentro e fora de campo, e com a ressalva de não estar entre os 3 maiores gastadores da sua geração (atrás de Manchester City, Manchester United e Chelsea).
O Liverpool foi heavy metal. Foi sedutor. E, claro, foi campeão.
O clube estava há 30 anos sem ganhar a Premier League, há 16 sem ganhar a FA Cup, há 14 sem ganhar a Liga dos Campeões, também há 14 sem ganhar a Supercopa da Uefa, há 10 sem ganhar a Copa da Liga e nunca havia sido campeão mundial.
Klopp ergueu todos esses troféus. Alguns mais de uma vez. Ainda foi finalista vencido da Champions em outras duas oportunidades (deu o azar de enfrentar o Real Madrid em ambas).
E poderia, claro, ter sido demitido após a primeira temporada com o oitavo lugar. Mas o clube já havia entendido que valia a pena apostar na tal revolução. Foi um casamento marcante.
E, assim como Guardiola, Klopp é grande o suficiente para não ser lembrado pelos troféus. O seu legado é sobre sentimentos, sobre conexões muito além da bola na rede.
Um alemão conquistou a Inglaterra como se fosse um nativo. Confesso que eu adoraria que ele conquistasse mais alguns territórios antes de se dedicar de vez ao padel ou aos netos.