Gabriel Magalhães fez uma ótima temporada pelo Arsenal. O zagueiro atuou como titular em toda a campanha que terminou com o vice-campeonato da Premier League, o que o colocou justamente no radar da seleção brasileira — especialmente visando a Copa do Mundo de 2022.
Tanto que, das quatro convocações que tem para a Seleção, três delas foram em 2022. No entanto, o zagueiro nunca teve uma sequência na equipe de Tite. Mesmo sendo canhoto, uma característica que o diferencia dos titulares Marquinhos, Thiago Silva e Militão, Magalhães nunca entrou em campo com a camisa amarela.
O motivo ficou subentendido a partir da entrevista do ex-coordenador da Seleção, Juninho, publicada no “ge” nesta terça-feira (11). Segundo Juninho, o prestígio de Gabriel na CBF teria caído a partir do momento em que ele pediu dispensa para acompanhar o nascimento do sua primeira filha.
O episódio aconteceu em março de 2022, quando o zagueiro foi convocado para os jogos diante de Bolívia e Chile, nas duas últimas rodadas das Eliminatórias. A data coincidiu com o nascimento da filha e, por um pedido da sua esposa, Gabriel preferiu acompanhá-la em Londres ao invés de viajar com a Seleção.
— Quando se trata de família, é um momento delicado. Eu era pai de primeira viagem, estava sozinho com a minha esposa em Londres, era complicado deixá-la sozinha. Ela disse que precisava de mim e era um momento especial para mim, entrei em contato com o pessoal (da Seleção), eles entenderam, aí você vê que é uma família, fiquei feliz com a resposta que eles me deram. Sou grato ao professor e ao Juninho — disse o zagueiro na época.
Ao que parece, a impressão não foi a mesma do responsável por coordenar a Seleção na época.
— São escolhas. Eu passei por isso. Nasceu um filho meu, fiquei esperando na Inglaterra e no dia seguinte vim ao Brasil porque tinha machucado o meu joelho e precisava me recuperar o mais rápido possível. A minha esposa ficou lá 40 dias sozinha, com a ajuda de babá. Isso prejudicou? Na hora de pesar você vai colocar tudo na balança e é inevitável. Vem o outro, joga e aí acontece de perder um pouco espaço — disse Juninho, quando perguntado sobre se a dispensa de Gabriel Magalhães influenciou em futuras chamadas.
📋 CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO 🇧🇷
Zagueiros:
Thiago Silva – @ChelseaFC
Marquinhos – @PSG_inside
Éder Militão – @realmadrid
Gabriel Magalhães – @Arsenal#JogaBola pic.twitter.com/IKZws5z2HS— CBF Futebol (@CBF_Futebol) May 11, 2022
Dois meses depois, Gabriel chegou a ser convocado novamente, desta vez para amistosos diante de Coreia do Sul e Japão, mas não foi sequer relacionado para as partidas. Até Léo Ortiz, do Red Bull Bragantino, teve mais espaço no banco de reservas.
Magalhães ficou de fora dos amistosos contra Gana e Tunísia, em setembro (foi preterido por Ibañez), e também dos convocados para a Copa do Mundo. Silva, Marquinhos, Militão e Bremer foram os escolhidos.
Claudinho e Malcom viveram situações parecidas na seleção brasileira
Juninho ainda acrescentou que a situação do zagueiro do Arsenal foi parecida com as vividas por Claudinho e Malcom. A dupla de jogadores do Zenit foi chamada de volta pelo Zenit em setembro de 2021, quando o clube alegou que o protocolo sanitário da pandemia de covid-19 faria eles perderam jogos do clube russo por conta da Seleção.
Claudinho e Malcom nunca mais foram convocados por Tite até o fim do seu ciclo. De acordo com Juninho, também não foi uma coincidência.
– Eu vou falar por mim: não gostei da atitude deles. Falei isso para eles. Entendo a situação, mas falei com eles e com o empresário deles. Os dirigentes (do Zenit) estavam pressionando muito, foram muito firmes com os dois atletas, pegaram muito forte, com os dois, até (de maneira) desumana, de ameaça mesmo, de rescindir contrato, coisas fortes. Foi pressão grande em cima deles, mas fiquei chateado com a decisão de abrir mão da seleção brasileira — admitiu o ex-coordenador.