Não fiquei surpreso de que Julián Álvarez sairia do City

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A grande “bandeira” foi a sua participação no torneio olímpico. 

Alguns meses atrás, parecia muito improvável que o Julián Álvarez saísse do Manchester City. Atacante com alma de meio-campista, o argentino se encaixou muito bem no elenco do Pep Guardiola. Por que acabar com o casamento?

Mas quando o City liberou Álvarez para os Jogos Olímpicos, ficou evidente que o destino do jogador iria para outro lugar.

Não havia obrigação nenhuma em liberar. Álvarez jogou a temporada com o City, depois a Copa América — foi para Paris com um total de 71 jogos nas costas. Por que aumentar o peso? A necessidade era clara: férias para acumular gás suficiente para mais uma temporada bem puxada.

Conclusão óbvia: Álvarez nas Olimpíadas quer dizer Álvarez fora do City.

E agora, a gente já sabe: Álvarez no Atlético de Madrid.

Como podemos explicar, então, o fato de que Álvarez já havia deixado de ser um Citizen?

Da parte de Guardiola, fica fácil. O técnico catalão nunca quis manter jogadores que não estão querendo jogar lá. Quer uma mudança de ares? A porta está aberta.

É o lado do Álvarez, então, que parece mais interessante nessa história. E aqui a gente tem que lembrar que, no cenário atual do mercado das transferências,  Álvarez é uma raridade.

O normal virou o seguinte. Os gigantes do futebol europeu não estão mais interessados nos melhores jogadores dos clubes sul-americanos. Eles querem as maiores promessas. Não há dúvidas que a trajetória de Vinicius Júnior tem um peso forte nesse processo.

Parecia loucura quando o Real Madrid pagou 40 milhões de euros por um adolescente de 16 anos sem nenhum jogo profissional no currículo. Acabou sendo uma pechincha.

Vinicius Junior comemora gol na final da Champions League 2023/24
Vinicius Junior comemora gol na final da Champions League 2023/24 (Foto: IMAGO/Action Plus)

Mas a história de Álvarez é bem diferente

Bem lapidado por Marcelo Gallardo, o seu técnico no River Plate, ele cresceu no futebol argentino com paciência e tranquilidade, e com estabilidade suficiente no clube para permanecer no River até 22 anos. Nesta altura, ele já era, de longe, o melhor jogador do futebol argentino. Cruzou o Atlântico, não como promessa, mas como realidade.

E o que aconteceu desde então na seleção argentina só vai confirmando esse status. 

Durante a Copa do Catar, virou titular e destaque no time que ganhou o titulo Mundial. A sua importância foi confirmada na conquista agora da Copa América — e tem uma grande possibilidade de que ele se torne mais importante ainda.

Julián Álvarez comemora fim de jogo na final da Copa América ao lado de companheiros da seleção
Julián Álvarez comemora fim de jogo na final da Copa América ao lado de companheiros da seleção (Foto: Icon sport)

Um dia — talvez logo –, a seleção vai ter que se despedir de Lionel Messi. O que fazer? A saída mais provável, e já ensaiada nas Eliminatórias, é com Lautaro Martínez jogando como centroavante e Álvarez por trás dele, no papel de Messi.

Álvarez, então, conquistou todo o direito de não se enxergar como uma opção, um jogador do elenco, capaz de ser bem útil, mas também capaz de ser deixado no banco nos jogos de mais importância.

E, claramente, Diego Simeone no Atlético de Madrid pode oferecer um projeto onde o seu novo atacante é o centro das atenções. E Julián Álvarez, então, trocou Manchester City pelo Atlético, virando uma versão de Sergio Agüero ao contrário.

Tim Vickery
Tim Vickery

Tim Vickery cobre futebol sul-americano para a BBC e para a revista World Soccer desde 1997, além de escrever para ESPN e aparecer semanalmente no programa Redação SporTV. Foi declarado Mestre de Jornalismo pela Comunique-se e, de vez em quando, fica olhando para o prêmio na tentativa de esquecer os últimos anos de Tottenham Hotspur.