‘Embriagado’ pelo Botafogo, Textor dá declaração ambiciosa sobre papel de ‘coadjuvante’ no Crystal Palace

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Com o Botafogo na liderança do Brasileirão, o Crystal Palace consolidado na Premier League e o Lyon em crescimento, John Textor vive um momento positivo de sua trajetória como empresário esportivo. O bilionário americano, porém, não está totalmente satisfeito, ambiciona voos maiores e pode tomar decisões ousadas.

Em entrevista exclusiva ao “The Athletic”, Textor esmiuçou todos os seus projetos. Através da Eagle Holding Football, ele tem participação no controle de quatro clubes: Lyon (França), Crystal Palace (Inglaterra), RWD Molenbeek (Bélgica) e Botafogo. Contudo, engana-se quem pensa que administrar um é a mesma coisa que gerir outro.

Isso porque, por exemplo, no Botafogo, Textor é dono de 90% das ações da SAF e tem voz ativa no futebol. No Palace, onde é dono de 46%, o americano não reina soberano nas decisões. Esse fato o incomoda e pode fazê-lo tomar uma decisão drástica.

John Textor pode vender o Crystal Palace?

Desde que assumiu o Glorioso, o empresário se notabiliza por ser um apaixonado por futebol que tem opiniões concretas sobre o esporte e que gosta de tomar suas próprias decisões. Foi assim no time carioca, ao escolher por conta própria Bruno Lage como sucessor de Luís Castro.

No Crystal Palace, não é assim que a banda toca. Textor vota junto a um conselho e divide as ações com Steve Parish. Perguntado pelo “The Athletic” se o papel de coadjuvante no Selhurst Palace pode obrigá-lo a vender suas ações, o estadunidense não descartou a possibilidade.

— É estranho. Eu gosto muito do Palace. Meus filhos gostam muito. Mas então tenho uma emoção diferente quando sou responsável pelo resultado de algo – tenho uma conexão mais forte. Por isso tenho orgulho do meu papel, dentro da construção do plantel no Brasil (…) Mas a probabilidade de eu ser um investidor passivo por um período de tempo? Se você me conhecesse, saberia que essa não é uma estratégia de longo prazo. Então, ou somos convidados a assumir uma liderança maior ao longo do tempo ou queremos aplicar nosso capital em outro lugar –, declarou.

Mesmo irritado com atual situação envolvendo o restante da diretoria, John Textor reconhece o sucesso do Crystal Palace dentro e fora de campo. A categoria de base foi mencionada como exemplo exitoso, além do fluxo de caixa positivo.

Ele é um dos acionistas do clube londrino desde 2021 e garantiu que, caso deixe a equipe, irá investir em outro time do Reino Unido.

A relação de Textor com Glorioso

Diferentemente do contexto londrino, Textor vive o Botafogo. Ele participa ativamente de escolhas do clube e, apesar de não morar no Botafogo, rotineiramente está presente no Rio de Janeiro e em jogos do clube. Recentemente, o dono da SAF esteve no meio da torcida em partida disputada na Argentina, pela Copa Sul-Americana.

O time carioca bateu o Patronato por 2 a 0 e imagens do chefão no meio da torcida alvinegra viralizaram. O “The Athletic” brincou e perguntou se Textor estava “embriagado” com as boas chances de título do clube no Brasileirão. O comandante exaltou o trabalho e ressaltou o bom relacionamento da equipe.

— Compramos o Botafogo em março do ano passado e tivemos quatro semanas para montar o elenco da Série A. Tivemos que sobreviver ao rebaixamento e terminamos em 11º lugar. Este ano, as pessoas disseram: “Quem você acabou de contratar?” Mas eles foram incrivelmente bem explorados. Não há celebridades, mas eles se uniram. Não sei se seremos campeões, mas estamos jogando bem e o vestiário é ótimo —, avaliou.

A Textor, o Botafogo devolve o investimento com integração, participação e a paixão do futebol. Ele definiu quais são as diferenças entre o projeto no Brasil e o trabalho no Crystal Palace.

— Mas o que eu amo nesse projeto é o que eu amo no Eagle Football, e é o que eu não tenho no Palace. Lá, sou um investidor minoritário. Mas nesses outros clubes posso me envolver muito, principalmente nas categorias de base –, destacou.

Por que Jeffinho foi para o Lyon?

Contudo, nem tudo são flores na relação Textor-Botafogo. Um dos episódios mais caóticos desde que o empresário comprou o gigante brasileiro foi a saída de Jeffinho para o Lyon, no começo da temporada. Torcedores do Glorioso reclamaram da postura de “clube-satélite” em que o Alvinegro foi reduzido. O americano, porém, tem suas explicações bem definidas para a escolha.

–A razão pela qual troquei o Jeffinho do Botafogo para o Lyon depois de uma temporada é que ele era visto como um atleta jovem porque vinha de uma categoria de base pequena e tinha pouquíssima experiência profissional, mas não era jovem. Ele tinha 23 anos e acabara de ser pai. Sua hora de se mudar para a Europa estava chegando–, justificou.

Jeffinho Manchester United Lyon
Jeffinho esteve em campo no duelo entre Manchester United e Lyon – Foto: Icon Sport

A Eagle Football Holding comprou 77,49% das ações do Lyon por 800 milhões de euros (cerca de R$ 4,5 bilhões à época), em dezembro do ano passado.

Lucas Barbosa
Lucas Barbosa

Redator da PL Brasil. Foi por meio da Premier League, na tela do antigo Esporte Interativo, em 2007, que o Jornalismo entrou na minha vida. Duas paixões que abriram portas e me fazem realizar sonhos todos os dias. Passei pelos portais Mais Minas e Esporte News Mundo.