Por que mais ingleses devem seguir os passos de Jadon Sancho na Alemanha?

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Dentro do reino feroz da Premier League, a competitividade é altíssima. E olhando para os jovens jogadores, como um atleta de dezenove anos de idade espera prosperar em um ambiente tão competitivo? Jadon Sancho tornou-se o mais jovem jogador inglês a marcar na Bundesliga, durante o triunfo do Borussia Dortmund sobre o Bayer Leverkusen, por 4 a 0, em abril. Pela liga da Alemanha, Sancho já soma quatro gols e seis assistências em 11 jogos.

Nelson, Foden, Hudson-Odoi, Grujic…

A poucas centenas de quilômetros de distância, no Hoffenheim, o “melhor amigo” de Sancho está finalmente a adaptar-se ao futebol da Bundesliga, depois de ter demorado um pouco para entrar em ação na equipe principal.

Reiss Nelson, emprestado pelo Arsenal, já balançou as redes seis vezes em sete jogos e acumula partidas partidas pela Champions League.

Então, o que Marcus Rashford estaria pensando, olhando para a ascensão de alguém como Christian Pulisic? Como alguém como Ruben-Loftus Cheek reagiria a Kai Havertz fazendo sua primeira aparição na seleção alemã aos 19 anos, tendo se tornado um dos pilares em Leverkusen?

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E Phil Foden? Seu ex-companheiro de City é atualmente uma das principais razões pelas quais o Borussia Dortmund está no topo da Bundesliga. Não estaria ele a considerar se fez a escolha certa em ficar no Manchester City?

Foden, ao lado de um adolescente talentoso, Callum Hudson-Odoi, tem apenas 18 meses até que seu contrato expire.

Será que ele será influenciado pelo encantar dos salários da Premier League ou, se suas oportunidades na primeira equipe continuarem limitadas, ele vai preferir um pagamento financeiro menor a fim de aumentar o tempo de jogo e a experiência em um clube alemão?

Nos anos anteriores, os jovens ingleses se resignaram a fazer participações especiais ou preencher suas carreiras com minutos no segundo escalão da Inglaterra. Agora, eles têm um destino, um lugar onde eles podem aproveitar o seu potencial, onde eles podem virar a cabeça das pessoas.

Os jovens talentos mais brilhantes da Premier League estão encontrando refúgio na Bundesliga.

Sancho e Nelson não são os únicos. Marko Grujić, que não parecia capaz de impressionar no Liverpool por duas temporadas, foi uma peça fundamental no meio-campo do Hertha Berlin até que sofreu uma lesão no tornozelo.

Ademola Lookman escapou do purgatório do Everton, a fim de encontrar prosperidade no Leipzig na última temporada, onde marcou cinco vezes e ajudou em mais três gols em onze aparições.

O Borussia Mönchengladbach, vendo o potencial de afastar jovens talentos dos “seis grandes” da Inglaterra, pressionou fortemente para assinar com Rhian Brewster, que marcou 20 vezes em 22 jogos pelo Liverpool sub-17.

Serge Gnabry, que não conseguiu encontrar uma oportunidade para progredir no Arsenal, foi para o Hoffenheim, e foi tão impressionante que o Bayern o arrebatou.

Sucesso de Sancho na Alemanha abre portas

Há boas razões para a prosperidade deles também: a primeira divisão da Alemanha é um campo de testes para jovens jogadores em todo o mundo, sem mencionar a renomada fábrica de jovens jogadores da Alemanha como nação.

O estilo é muito mais aberto. A defesa está longe de ser tão resoluta. A pressão não é sufocante o bastante para que um jogo ruim possa atrapalhar o desenvolvimento de um jogador, como tantas vezes acontece no impiedoso coliseu da Premier League.

Olhe para outros jovens talentos. Joshua Kimmich, Evan Ndicka e Leon Bailey.

Depois, há Denis Zakaria, Santiago Ascacibar, Amine Harit e Dayot Upamecano. São jovens talentosos que têm a chance de evoluir, com a aceitação de que não brilharão cem por cento do tempo. Jadon Sancho viu claramente isso e os clubes da Premier League estão fazendo o mesmo.

Muito está sendo feito no ressurgimento da Inglaterra sob Gareth Southgate: fundado nas raízes de uma riqueza de jovens talentos; uma “geração de ouro” (embora esse termo esteja se tornando cada vez mais desprezado no futebol), que está virando a maré nas perspectivas da Inglaterra.

A conquista da juventude da Inglaterra também é merecida: nos últimos dois anos venceu a Copa do Mundo Sub-17, a Eurocopa Sub-19 e chegou às semifinais da Copa do Mundo e do Campeonato Europeu Sub-21.

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E, no entanto, apenas três dos jogadores que foram para a Copa do Mundo Sub-17 em 2011 já foram coroados pela equipe principal (Raheem Sterling, Jordan Pickford e Nathan Redmond). Nos cinco anos entre 2012 e seu sucesso na Copa do Mundo em 2017, apenas 1,1% do total de minutos da Premier League foram jogados por adolescentes ingleses.

A equipe sub-21 derrotou a Escócia por 2 a 1, com nomes como Nelson, Lookman e Tammy Abraham, totalizando 207 partidas da primeira divisão, a maioria das quais disputadas na Premier League por seus vários clubes. 52% dessas aparições foram como titulares (107 partidas).

O time alemão sub-21 que recentemente derrotou a República da Irlanda por 6 a 0, em comparação, fez uma soma total de 465 aparições na primeira divisão, quase todas vindas na Alemanha. Em contraste, 66% dessas aparições foram iniciadas (305).

A Premier League é simplesmente cruel demais para dar uma chance a esses jogadores.

E os jovens de sucesso na Inglaterra?

Isso não quer dizer que os grandes clubes não tragam seu próprio talento. Dele Alli fez 111 aparições na Premier League sozinho para os Spurs, enquanto a dupla defensiva Trent Alexander-Arnold e Joe Gomez fizeram 70 partidas pelo Liverpool.

Entre eles há também James Maddison, Declan Rice, Scott McTominay e Ryan Sessegnon, todos impressionantes para seus respectivos clubes na Premier League.

Mas quando Mason Mount retorna de seu empréstimo muito elogiado em Derby, ele terá sua chance? Ou será que de repente ele será confrontado com a impossibilidade de tentar entrar no onze inicial do Chelsea? Ele vai bater no muro da Premier League?

Ademola Lookman permanece encalhado no banco do Everton, jogado de lado e muito longe de onde ele queria estar, em Leipzig.

Dominic Solanke está abandonado nas sombras em Anfield. Já Phil Foden fez apenas um único começo pelo Manchester City na Copa da Liga, acumulando um total de 47 minutos na Premier League nesta temporada.

Tudo isso enquanto seu companheiro faz manchetes em Dortmund.

Traduzido do Breaking the Lines

  • Arsenal 2003/2004 – Os “invencíveis”

Matheus Santana
Matheus Santana

Defensor assíduo do futebol inglês