Jadon Sancho, a joia inglesa que brilha no Borussia Dortmund

Se Jadon Sancho está fazendo todo este barulho no futebol mundial aos 18 anos, titular do Borussia Dortmund, quebrando recordes na Bundesliga e iniciando sua caminhada na seleção inglesa, há de se imaginar que sua ascensão na carreira tenha sido meteórica.

Jadon Sancho, a principal promessa do futebol inglês

Ele começou no futebol aos sete anos, no Watford. Com quatorze, foi para o Manchester City, em 2015. Em 2017, um desentendimento entre seu staff e a comissão técnica dos Citizens quanto ao seu tempo de jogo ocasionou sua ida à Alemanha.

Com a promessa de minutos em campo e sequência como titular, Sancho se transferiu então ao Borussia Dortmund, ao fim de de agosto.

Bastaram três partidas pelo Borussia-II e outras três pela Inglaterra no Mundial Sub-17 para que o jovem fosse integrado à equipe principal. Ao fim do ano, atuou em duas partidas na Bundesliga.

Estreou como titular em janeiro de 2018 sendo o primeiro inglês a jogar pelos aurinegros. Em abril, marcou seu primeiro gol e encerrou a temporada em maio com doze partidas oficiais e mais quatro assistências.

Na temporada 2018/19, a explosão.

Jogou em todas as partidas do Dortmund e, até o fechamento deste texto, marcou cinco gols e deu oito assistências. Sensação na Alemanha, entrou no radar de Southgate e teve seus primeiros minutos pela seleção inglesa contra a Croácia, pela Liga das Nações.

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Onde joga

Jadon Sancho é um winger, um meia-atacante que joga pelos lados e pode defender numa linha recuada, quase encostando no lateral, maneira da qual é até mais eficiente na marcação, já que não têm uma pressão pós-perda tão desenvolvida.

Versátil, pode atuar nos dois lados do campo, mas oferecendo maneiras diferentes de jogar, pelo menos do Dortmund de Lucien Favre.

Na direita, lado de seu pé bom, dá abertura à equipe, isto é, alarga o campo ao se posicionar quase colado na linha lateral, participando da construção inicial das jogadas.

Jogando com o pé invertido pelo lado esquerdo, prioriza a profundidade, ou seja, as jogadas de linha de fundo, sendo portanto mais ativo no último passe, nas assistências.

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Dentro do contexto do Borussia de intensa movimentação, têm desenvolvido seu jogo pelo meio, nos momentos em que desgarra das pontas para tabelar com os jogadores mais centralizados, especialmente com Marco Reus.

Nesses momentos, a refinação que mostra no controle de bola, nos passes curtos, na leitura da jogada, “escaneando” o campo antes de receber a bola, fora o controle orientado, que é o domínio que direciona a bola para longe do adversário, de modo a acelerar a jogada.

Assim, é possível vislumbrar um futuro para o inglês atuando pelo meio. No momento, porém, é hora de desenvolver suas principais características.

Com a bola

Drible e tomada de decisão. São esses os atributos que diferenciam Jadon Sancho e o deixam no mais alto patamar da geração de 2000, junto de Rodrygo, Vinicius Jr. e Geubbels.

No um contra um, Jadon não só têm muita técnica, com controle de bola e grande repertório de pedaladas e gingas com o corpo, como muda de direção muito facilmente e rapidamente, um pesadelo para seus adversários.

Por fim, tem a calma e a frieza para esperar seu estímulo (o drible, a ginga, a mudança de direção) desequilibrar seu marcador para aí sim tentar (e na maioria das vezes, conseguir) passar por ele.

Este último aspecto de seu jogo se relaciona com a outra grande qualidade de Jadon Sancho, a tomada de decisão. O ponta dificilmente faz a jogada errada, optando na maior parte dos lances pela bola mais simples e pela ação que acelera o jogo com mais facilidade.

Do que foi observado, o contrário só aconteceu quando prendeu demais a bola, tentando vencer no um contra um de qualquer maneira. Falta de objetividade em momentos de desconcentração, para ser mais simples.

No mais, tem uma finalização eficiente, trazendo a frieza dos dribles para o momento em que enfrenta o goleiro, além dos supracitados passes curtos e controle orientado.

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Sem a bola

Na hora de defender, Jadon mostra a determinação necessária. Encosta nos laterais se preciso, mas sem a intensidade desejada. Ora “cerca o frango”, ora abandona o adversário após um bote perdido.

Atacando, no entanto, é uma flecha.

Com um arranque potente e leitura rápida dos espaços a serem ocupados, o inglês é a principal arma dos contra-ataques aurinegros. Praticamente todos os seus gols nesta temporada vieram da sua projeção nos espaços vazios, nas costas dos laterais ou entre os alas e os zagueiros.

E na seleção inglesa?

Tendo em vista sua convocação, além de seu notável crescimento, a tendência é que já participe deste ciclo europeu da equipe de Southgate.

Fosse o esquema da Copa do Mundo, com três zagueiros, três meias e dois alas, disputaria uma posição com Sterling e Rashford.

O flerte, contudo, com o 4-3-3 usado na Liga das Nações, abre bastante espaço para o ponta, podendo ser o reserva imediato tanto para Rashford, na esquerda, como Sterling, na direita, o que inclusive aconteceu em seu estreia.

Futuro de Jadon Sancho

Por ser um atleta muito novo, é sempre bom ressaltar a paciência que se deve ter. Mudanças de time, em seu corpo, até em seu bolso podem mudar o curso de sua carreira.

Mas ao olhar para suas habilidades, seu desempenho e até para seus colegas de geração, os ingleses podem começar a se empolgar com seu futuro camisa sete.

Lucas Ayres
Lucas Ayres

Repórter da Placar. Para mim, futebol é para todos e fim de semana só é bom quando tem Premier League