Uma das maravilhas de um torneio mata-mata é o fato de ele oferecer a possibilidade de você crescer com o tempo. Então sejamos justos com Gareth Southgate: a Inglaterra está na final da Eurocopa pela segunda vez consecutiva depois de experimentar deste remédio. É um grande feito.
A atuação contra a Holanda foi a melhor dos ingleses nesta Euro. Claro que o muro estava bem baixinho para quem parecia bem distante de praticar um futebol aceitável, especialmente para quem reunia tanto talento – algo apontado exaustivamente para criticar o trabalho do treinador.
Acontece que o currículo de Southgate tem, agora, uma semifinal (Copa de 2018), uma quartas de final (Copa de 2022) e duas finais (Euro 2021 e Euro 2024).
Como contexto, a Inglaterra nunca havia sido finalista de qualquer competição disputada no exterior.
Este é tranquilamente o auge de uma seleção inglesa que basicamente só havia acumulado fracassos – exceção à Copa de 1966 vencida em casa.
Da Inglaterra que venceu a Sérvia por 1 a 0 na estreia para a que derrotou a Holanda na quarta-feira muita coisa mudou. A seleção passou a jogar com três zagueiros (Walker pela direita) e encontrou um conforto maior para Phil Foden. Coletivamente, é hoje um time que pressiona e trabalha melhor as jogadas de ataque.
E a jornada mostrou que um pouquinho de sorte também faz parte. Há 11 dias, Jude Bellingham e sua bicicleta nos acréscimos salvaram a Inglaterra de eliminação nas oitavas de final. Para a Eslováquia.
Stunning from Jude Bellingham 🤸😲@AlipayPlus | #EUROGOTT pic.twitter.com/0CAWvwhO2W
— UEFA EURO 2024 (@EURO2024) June 30, 2024
Como seria se ela tivesse caído do outro lado da chave, com Alemanha, Espanha, Portugal e França? Provavelmente estaria escrevendo sobre outra seleção neste momento.
Dias antes, contra a Eslovênia, torcedores atiraram copos de plástico na direção de Southgate depois do empate por 0 a 0 que fechou a fase de grupos.
Até mesmo a assombração dos pênaltis foi superada contra a Suíça. Talvez as campanhas mais longevas tenham criado alguma casca necessária para este grupo, que conseguiu se classificar mesmo saindo atrás nas quartas e semi.
Times que vencem torneios geralmente crescem durante. A Espanha vem bem de ponta a ponta, com o fenômeno Lamine Yamal buscando um presente para o seu aniversário de 17 anos (no dia 13, sábado).
A Inglaterra, pilotada por Southgate, resiliente mesmo após algumas derrapadas, pode ser a grande ameaça na última curva.