Por Romulo Giacomin e Lucas Barbosa
Decepção é a palavra que resumiu a participação da Inglaterra na Eurocopa por boa parte do tempo. Mas como o futebol é dinâmico, tudo pode mudar em um segundo.
Atuações sonolentas, resultados ruins e um elenco estrelado pouco explorado fizeram parte do cotidiano da seleção comandada por Gareth Southgate na Alemanha. Mesmo assim, a equipe deu a volta por cima e chegou à semifinal.
Southgate, que por sua vez, foi o grande vilão dessa história. Pelo menos para boa parte da imprensa inglesa e da torcida. De fato, o treinador cometeu equívocos importantes e não conseguiu pensar em soluções para melhorar o panorama do English Team.
Mas o que explica o desempenho frustrante da Inglaterra na Eurocopa? A PL Brasil listou 5 erros cometidos pela seleção que influenciaram diretamente no rendimento em campo.
5 erros da Inglaterra na Eurocopa
1. Shaw ‘meia bomba’ e sem outra opção: a lateral-esquerda caótica
A convocação de Gareth Southgate foi lotada de escolhas no mínimo questionáveis. Uma delas — e talvez a principal — está na lateral-esquerda. O único jogador da função chamado foi Luke Shaw, que perdeu boa parte da temporada por lesão no Manchester United e chegou à Eurocopa com uma condição física longe da ideal.
Shaw sofreu com uma lesão muscular na coxa e entrou em campo pela última vez no dia 18 de fevereiro. Mesmo assim, Southgate depositou confiança em seu futebol e o chamou em detrimento de nomes como Ben Chillwell e Tyrick Mitchel.
O lateral-esquerdo perdeu toda a primeira fase e foi substituído por Kieran Trippier, adaptado na função. O jogador do Newcastle não comprometeu, mas a Inglaterra sentiu a falta de um atleta da origem em muitos momentos, seja iniciando a partida ou surgindo do banco de reservas.
Contra a Suíça, Shaw entrou por pouco tempo e mostrou o impacto que um jogador da posição causa. Outro atleta de origem deveria ter sido convocado.
2. Cortados, Grealish e Maddison poderiam dar outra cara ao time
Quando a lista final foi anunciada, dois nomes chamaram a atenção pela ausência. James Maddison e Jack Grealish foram cortados por não viverem o melhor momento. Foi uma decisão certa?
Esses dois jogadores são comprovadamente bons. Atletas que já se mostraram importantes até mesmo para a seleção e que, acima de tudo, poderiam oferecer boas alternativas ao time. Por que cortar Maddison sendo ele um dos poucos armadores de destaque do futebol inglês no momento?
Grealish não viveu a melhor temporada de sua vida, mas poderia ser uma opção diferente e interessante para as pontas. A opção do treinador foi levar jovens jogadores que estão em alta mas que ainda são peças para o futuro. Esse é o caso de Adam Wharton, meio-campista de 20 anos e que se destacou pelo Crystal Palace na última temporada.
Quem teria maior poder de mudar um jogo na Eurocopa: Wharton ou Grealish e Maddison?
3. Bellingham sobrecarregado e subaproveitado
Southgate formou seu time titular em torno de Bellingham e sua grande fase no Real Madrid. O meio-campista foi escalado como o grande armador do time e recebeu a camisa 10. Sua origem é como segundo volante, onde poderia render ainda mais como elemento surpresa e abriria espaço para um jogador de criatividade para atuar centralizado.
A Inglaterra se tornou estática e previsível. Formar um meio-campo com Rice, Bellingham e Foden foi o pedido de muitos jornalistas e torcedores. Poderia ter sido o caminho para tirar todo o potencial que o jogador revelado pelo Birmingham tem.
A estrela do merengue brilhou contra a Eslováquia, no último lance do tempo regulamentar, com o inesquecível gol de bicicleta. Ainda assim, seu desempenho técnico deixou a desejar.
4. Falta de comunicação, intensidade e vibração
Desde o primeiro minuto, a Inglaterra se mostrou um time frio, pouco intenso e desanimado. Em um torneio do tamanho da Eurocopa, é inadmissível que uma seleção entre em uma rotação abaixo das outras. Bons exemplos, como o da Geórgia, mostraram que o nível de concentração pode ser o diferencial para que os objetivos sejam cumpridos.
Dono de uma postura pouco sanguínea, Southgate serviu de espelho para os jogadores, que replicaram esse jeito em campo. Também faltou comunicação com os próprios atletas.
Quanto à intensidade, o treinador chegou a justificar que os atletas estavam cansados já na segunda partida. Mas e os outros times? Anos de preparação para entregar tão pouco na sonhada competição.
Aos poucos, o English Team adotou um perfil mais acalorado e cresceu nesse quesito. O time respondeu melhor às situações adversas no mata-mata do que na fase de grupos, como contra Suíça, Eslováquia e Holanda.
5. Conservadorismo, substituições ruins e jogadores mal explorados
Southgate se deu ao luxo de colocar um dos craques da Premier League no banco de reservas. É entendível ver Cole Palmer fora dos 11 titulares quando se vê um ataque montado com Bukayo Saka, Phil Foden e Harry Kane.
Mas colocá-lo para jogar apenas no terceiro jogo da primeira fase, com a equipe mostrando um futebol pífio, urrando para vencer a Sérvia por 1 a 0 e empatar com a Dinamarca em 1 a 1, é uma atitude muito questionável, principalmente vendo a diferença que o craque do Chelsea fez no segundo tempo com a Eslovênia.
O mesmo valia para Kobbie Mainoo, joia que gera tanta expectativa no torcedor inglês. O meia só foi ser titular nas oitavas de final, mesmo com a pouca produtividade de Conor Gallagher. Quando entrou, não saiu mais.
Gordon chegou à semfinal contra a Holanda com apenas um minuto em campo, quando poderia ser uma opção inovadora pelo lado esquerdo do campo.
Nas substituições, Southgate abdicou de mudar seu sistema tático durante os jogos, podendo utilizar Foden no meio, onde brilhou com o Manchester City na temporada, sendo eleito o craque da Premier League. O treinador da Inglaterra resumiu a maioria de suas alterações em colocar jogadores para fazer a mesma coisa que os titulares, o que não surtiu efeito nas atuações da seleção inglesa.