O final da temporada 2018/19 foi de muita esperança para o Arsenal. O time londrino chegou à final da Europa League e tinha a chance de conquistar um título internacional diante do rival Chelsea e voltar à Champions League.
Com a saída de Arsène Wenger antes do começo do ano, Unai Emery chegou com o discurso de reconstrução. Ainda sem o elenco como gostaria, o treinador espanhol teve a missão de fazer o time voltar a competir. E para isso, voltar à Champions seria vital.
Mas o resultado foi completamente desastroso. Derrota por 4 a 1, título incontestável do Chelsea e mais uma decepção para os Gunners. Com o vice da UEL, os vermelhos de Londres irão para a terceira temporada seguida sem disputar a UCL.
E a ausência na maior competição de clubes da Europa tem impacto significativo no futuro do Arsenal. Sem estar na Champions, o time terá menos dinheiro para contratações e a possibilidade menor de atrair estrelas, prejudicando diretamente o planejamento.
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Inicialmente, o peso maior é no dinheiro disponível para transferências. A verba para contratações iria ficar “entre 40 milhões de libras” em caso de não ida à Champions, segundo divulgado em maio pelo repórter David Ornstein, setorista do Arsenal na BBC.
Lembrando que a Arsenal Holdings PLC é 100% comandada pela Kroenke Sports & Entertainment (KSE Inc UK), que tem como dono o americano Stan Kroenke – que também comanda o Colorado Rapids na MLS e o Los Angeles Rams na NFL.
O bilionário tem sido bastante cobrado – e criticado – pela torcida, por conta da falta de investimentos no clube. E com a divulgação da informação sobre a futura verba de transferências, a fase final da Europa League ganhou um peso extra para os aficionados.
Ainda de acordo com a notícia, esta verba seria “significativamente maior” em caso de classificação à Champions League. A única chance disso acontecer ao fim do ano seria com a conquista da Europa League. E a derrota já gerou dores de cabeça para a próxima temporada.
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Este valor, claro, não é definitivo. Junto a ele serão incluídas verbas de vendas de jogadores e também da Adidas. A fornecedora alemã voltará a produzir as camisas dos Gunners depois de 25 anos em um acordo de 300 milhões de libras por cinco anos (60 milhões de libras por temporada).
Sobre os jogadores, há uma incerteza a respeito de 2019/20. Nomes como Shkodran Mustafi, Henrikh Mkhitaryan e Mesut Özil são especulados para vendas. Os valores pagos por outros clubes em caso de saída serão essenciais ao Arsenal.
Isso porque o time já perdeu atletas sem receber nada em troca. Petr Cech se aposentou, e Stephan Lichtsteiner, Danny Welbeck e Aaron Ramsey deixaram o clube gratuitamente ao fim de seus contratos (o último, titular absoluto, vai para a Juventus).
Na temporada 2018/19, o Arsenal teve vários problemas durante todo o ano com o elenco. Muitas lesões, especialmente no sistema defensivo, deixaram a equipe bastante desfalcada e criaram dificuldades para Unai Emery.
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Por isso, a necessidade de reforços ficou latente. Ademais, com os resultados recentes, a torcida clama pela volta cada vez mais rápida aos caminhos do sucesso. Mas não ter uma vasta verba para transferências coloca vários empecilhos.
Nas últimas janelas, o mercado europeu tem se inflacionado cada vez mais, com recordes de transferências sempre quebrados. Para se ter uma ideia, o Manchester City gastou pouco mais de 319 milhões de libras nos dois últimos anos e conquistou o bicampeonato da Premier League.
Das contratações mais caras do Arsenal por janela desde 2012/13, só duas ficaram abaixo dos 30 milhões de libras. Petr Cech chegou do Chelsea em 2015/16 por 10 milhões de libras, e Lucas Torreira foi contratado da Sampdoria em 2018/19 por 27 milhões de libras.
Em se tratando de 2019/20, ainda não há muitas notícias a respeito de chegadas. A informação mais concreta é a da possível chegada do brasileiro Gabriel Martinelli, de apenas 18 anos e destaque do Ituano, por seis milhões de libras.
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Desta forma, além da chegada de jogadores baratos, uma solução pode ser a aposta em jovens. Os Gunners ficaram muito conhecidos na era Wenger por, além de contratações de baixo custo, bancar jovens atletas que deixaram suas marcas.
O principal nome do momento neste sentido é Reiss Nelson. O atacante inglês, que é da base do clube, foi emprestado em 2018/19 para o Hoffenheim. Depois de uma temporada de destaque na Bundesliga, ele retorna com muitas expectativas de sucesso.
A falta de verbas para transferências é um grande contraste com os ganhos do clube. O Arsenal, na última temporada, recebeu de pagamentos da Premier League pouco mais de 142 milhões de libras. Foi o sexto maior valor pago pela PL.
Nesta conta entram cotas de TV, divisões igualitárias, dinheiro por posição de tabela, entre outros. Apenas Liverpool, Manchester City, Chelsea, Tottenham e Manchester United receberam mais – com apenas 10 milhões de libras de diferença entre o Big 6.
Junto com toda essa questão, ainda há a mudança de staff do Arsenal. No começo da última temporada, o CEO Ivan Gazidis foi para o Milan. E em janeiro, o chefe de recrutamento Sven Milinstat deixou o cargo depois de apenas 14 meses.
Além disso, em março, os Gunners ofereceram uma boa proposta para o espanhol Monchi ser o novo diretor de futebol. Ele ficou famoso no Sevilla por garimpar nomes como Daniel Alves e Ivan Rakitić, além de estar ao lado de Unai Emery no tricampeonato seguido da Europa League pelos Rojiblancos.
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Mas Monchi, que estava na Roma, declinou a oferta e decidiu voltar ao Sevilla. Com sua primeira opção para a direção de futebol fora de mercado, o Arsenal partiu para o segundo nome, e que parece estar encaminhado: Edu Gaspar.
Segundo informações da Inglaterra e do Brasil, o ex-jogador do clube entre 2001 e 2005 (fazendo parte dos “Invincibles”) e atual coordenador técnico da seleção brasileira aceitou o convite e deve chegar a Londres após o fim da Copa América, em 7 de julho.
Com isso, Edu deve trabalhar ao lado do atual diretor de futebol Raúl Sanllehí – que continuará no clube – e do diretor geral Vinai Venkatesham. Todos estarão atuando em conjunto com Unai Emery visando a reestruturação do Arsenal.
Problemas do tipo não são novidades em janelas de transferências para o Arsenal. O principal exemplo recente é o de 2011/12, quando dois dos principais jogadores saíram subitamente: Cesc Fàbregas para o Barcelona e Samir Nasri para o Manchester City.
Pouco tempo depois, o Manchester United aplicou o histórico 8 a 2 nos Gunners. Três dias após a humilhação, no deadline day, foram anunciados quatro reforços de última hora para amenizar a situação: o zagueiro Per Mertesacker, o lateral André Santos, o meia Mikel Arteta e o atacante Gervinho.
Em meio a um elenco necessitando de reforços e tantas incertezas em cargos importantes do futebol, o futuro do Arsenal dependia muito do título da Europa League e da classificação à Champions League. Sem estes, a reconstrução é ainda mais dificultada.
Mais do que tudo, para o torcedor, é momento de aguardar e rezar por dias melhores em 2019/20.