‘Sofri por 9 meses’: ídolo do Tottenham revela sequelas chocantes após choque de cabeça em semi da Champions

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Cada vez mais, o ambiente do futebol tem olhado com mais cuidado para choques de cabeça. Essas ocasiões podem deixar sequelas importantes e serem muito nocivas à saúde dos jogadores. Foi isso que aconteceu com um dos maiores jogadores do Tottenham nos últimos anos.

Jan Vertonghen defendeu os Spurs entre 2012 e 2020. Seu maior momento pelo clube foi a disputa da final da Champions League, em 2019, contra o Liverpool. Apesar da partida histórica, foi um episódio duro e marcante para o zagueiro belga.

Vertonghen ficou com sequelas mentais após choque de cabeça

Na semifinal daquela Champions League, contra o Ajax, o veterano sofreu uma dura pancada na cabeça. O jogador protagonizou uma colisão generalizada no jogo de ida, com André Onana e Toby Alderweireld. Vertonghen ficou desacordado no gramado e precisou ser submetido a um atendimento atencioso.

Em entrevista ao podcast “Mid Mid”, o atual zagueiro do Anderlecht revelou que os problemas causados pela pancada não cessaram ao fim daquela partida. Na volta e na final, por exemplo, Vertonghen teve que esbanjar superação para conseguir terminar os jogos dentro de campo.

–Tive uma hemorragia nasal e todos os acompanhamentos. Mas lembro-me muito bem que não me sentia 100% antes daquele jogo. Muita coisa aconteceu nesse tempo. A combinação daquele grande choque com o mal-estar significou que eu sofreria por mais nove meses. Eu estava com as pernas muito trêmulas na partida de volta, uma semana depois (…) “Passei toda a final em contagem regressiva até os 90 minutos–, revelou.

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Vertoghen é atendido após choque de cabeça em partida contra o Ajax (Foto: IconSports)

As sequelas mentais obtidas por Vertonghen superaram as quatro linhas. O jogador revelou ter tido problemas para coisas triviais de sua vida pessoal, como ficar perto de outras pessoas.

— Procurei quase todos os especialistas, mas não encontrei nenhuma explicação. Eu não poderia ir a um restaurante. Eu tentei uma vez e tive que sair depois de dez minutos. Não tolerava multidões, adormecia em qualquer lugar. Normalmente eu nunca durmo na estrada, nesse período acontecia em todo lugar–

Choques de cabeça e demência no futebol

Recentemente, Premier League e a Associação de Jogadores Profissionais (PFA) anunciaram que irão fazer uma doação conjunta de 1 milhão de libras (cerca de R$ 6 milhões) para ex-jogadores de futebol que sofrem com demência. A quantia seria disponibilizado às famílias desses atletas afetados com o problema, para tratamento do problema.

Em novembro, a PL Brasil realizou uma reportagem especial analisando o cenário de problemas neurológicos no futebol. Gustavo Torres, da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), explicou que choques de cabeça podem apresentar riscos importante à saúde dos jogadores.

A repetição de choques de cabeça ao longo do tempo pode aumentar o risco de danos cerebrais a longo prazo, como a encefalopatia traumática crônica (ETC), que é associada a problemas cognitivos, emocionais e motores —, relatou.

Aos 36 anos, Vertonghen vive a reta final de sua carreira no futebol belga, após uma breve passagem pelo Benfica. O zagueiro ainda lida com problemas causados pelo choque de 2019 e teme que se a situação volte a se agravar.

–A propósito, ainda tenho medo de que volte. Com certos contratempos na minha vida, posso ficar muito “deprimido” muito rapidamente. Isso aconteceu nesse período e continuou durante a minha passagem pelo Benfica–, apontou.

Vertonghen pelo Tottenham

Durante todo seu período vestindo a camisa do gigante londrina, Vertonghen foi um pilar da equipe. O belga se consolidou como um dos maiores ídolos recentes da história do Tottenham e fez parte da geração que devolveu a autoestima ao torcedor dos Spurs.

  • 313 jogos
  • 14 gols
  • 7 assistências

A passagem do atleta por Londres terminou em 2020. O desempenho não foi tão bom quanto em temporadas anteriores e teve relação com as sequências mentais adquiridas no choque de cabeça com Onana e Alderweireld.

Joguei partidas muito ruins naquele ano. Norwich e Chelsea fora de casa são jogos dos quais me lembro muito bem. Vi Mourinho – então treinador do Tottenham – olhar para o intervalo com um olhar de ‘você fica no vestiário’ e também fiquei feliz por ter sido substituído. Foi tudo muito estranho. Na época, não percebi que poderia ter um problema mental–, recordou.

Lucas Barbosa
Lucas Barbosa

Redator da PL Brasil. Foi por meio da Premier League, na tela do antigo Esporte Interativo, em 2007, que o Jornalismo entrou na minha vida. Duas paixões que abriram portas e me fazem realizar sonhos todos os dias. Passei pelos portais Mais Minas e Esporte News Mundo.