Matheus Cunha é o principal jogador do Wolverhampton e possivelmente o brasileiro de maior impacto na atual temporada da Premier League.
Um atacante que mudou de posição, foi “redescoberto” e tem seu futuro como alvo de debate nos principais centros do futebol inglês. E muitas torcidas se perguntam se poderiam tê-lo em seus times.
O brasileiro foi especulado em equipes como Arsenal e Manchester United de forma mais assídua nos últimos meses. Mas, afinal, qual o melhor time para o perfil de Matheus Cunha? A PL Brasil identificou com base na análise.
Por que Matheus Cunha atraiu interesse de gigantes
O brasileiro tem 14 participações em gols na Premier League em 20 rodadas disputadas. Isso é quase metade de todos os gols marcados pelo Wolverhampton na competição (31).
Seus números, inclusive, o colocam na primeira prateleira de goleadores do futebol inglês:
Em um recorte de 12 meses entre novembro de 2023 e novembro de 2024, ele teve envolvimento em 26 gols em 29 titularidades na Premier League.
Somente cinco outros jogadores tiveram mais:
- Cole Palmer (40)
- Mohamed Salah (32)
- Erling Haaland (31)
- Ollie Watkins (30)
- Bukayo Saka (30)
Todos tiveram ao menos 100 minutos a mais do que o brasileiro no mesmo período.
Mais do que isso, Cunha supera por muito seus números de gols esperados (xG) no Campeonato Inglês. São 10 gols marcados em 4,38 xG — ou seja, esperava-se que ele marcasse mais do que cinco gols a menos dadas as condições de suas finalizações, mas ainda assim conseguiu balançar as redes.

Suas finalizações por 90 minutos (3,2) ilustram como é um jogador agressivo: é um número maior que de jogadores como Alexander Isak (3,1) e Ollie Watkins (3,0).
Dado que seu time não cria muitas chances, muitas vezes o brasileiro faz as coisas sozinho. Isso também inclui sequências de dribles e muitos metros carregando a bola.
O encaixe ideal: Manchester United
Quando Rúben Amorim chegou ao Manchester United, a PL Brasil fez uma análise completa do estilo do treinador. Como seu Sporting vinha jogando, esquemas usados, modelo de jogo e estilo de jogadores que preferia.
No time ideal para o estilo de Amorim, prevalece um 3-4-3 com dois pontas criadores, praticamente meias, mas que têm velocidade, capacidade de driblar, finalizar e dar assistências.
Esse atacante (ponta, meia, ou a denominação que preferir) ideal para o português é uma descrição quase que completa de Matheus Cunha.
O brasileiro cresceu de rendimento no Wolverhampton justamente sendo esse camisa 10 “agudo” — que flutua entre as linhas, cai pelos lados, cria e chega à área. Seria um encaixe perfeito para os Red Devils.

Apesar de não ser exatamente a mesma função de seus momentos atuais nos Wolves, Cunha ainda teria liberdade nos meio-espaços e, a depender da combinação com seu centroavante, seria o atacante ideal tanto para descer ao meio e criar, quanto para atacar a última linha de defesa com corridas verticais.
Sua combinação com outros criadores como Bruno Fernandes e Mount, por exemplo, é ainda mais animadora. Pode promover uma reunião de talento pensante no meio ou ser a flecha para estes meias o lançarem.
Comparações no United fazem sentido
O brasileiro é um encaixe natural em termos táticos e técnicos na equipe de Amorim também na análise de dados. E uma forma de entender isso é comparando com jogadores do próprio elenco dos Red Devils.
Matheus está entre percentuais de jogadores mais seletos da Premier League no que diz respeito a toques, chances, gols, finalizações e posse de bola vencida.

Um exemplo claro é o de Amad Diallo. A joia marfinense tem ganhado grandes chances com o português e se destacado recentemente. E, segundo a Opta Sports, tem 84% de semelhança no seu jogo com Matheus Cunha.

Amad tem alternado entre ala e meia/ponta no esquema de Amorim, por isso tende a ter números maiores de toques na área, uma vez que é alvo de lançamentos no terço final, mas menos gols, pois geralmente está em regiões laterais da área, não propícias para finalização.
Os números de Matheus também têm 79% de proximidade com os de Zirkzee na última temporada — um ano de destaque no Bologna que fez justamente o United contratá-lo.

Apesar da comparação do gráfico de Zirkzee ser com todos os demais jogadores das cinco grandes ligas em 2023/24 — o que pode fazer os percentuais caírem — ainda é um padrão muito parecido com o de Matheus.
O holandês se destacou no Bologna por ser um centroavante que saía da área, tinha muitos toques entrelinhas, caía pelo lado esquerdo e criava para os demais que infiltravam. Todas características que Matheus tem mostrado nos Wolves.
O que precisaria melhorar?
Cunha é um ótimo criador, finaliza bastante, marca mais gols do que o esperado e tem grandes valências para jogar sem a bola ofensivamente.
No entanto, o momento defensivo ainda é o calcanhar de Aquiles para o brasileiro. Seja com ou sem a bola, é o principal ponto de evolução para o atacante.
Sua taxa de sucesso nos duelos está abaixo dos 50% e, quando pressiona um oponente, ele recupera a bola apenas 12,3% das vezes, segundo o Opta Sports — um número consideravelmente abaixo da média da liga.

Levando em consideração suas passagens por outros grandes clubes, com treinadores que priorizam grande intensidade defensiva, nota-se que foi nesse tipo de contexto que o brasileiro não se sobressaiu.
O camisa 10 já passou algum tempo com o Atlético de Madrid de Diego Simeone, além de ter sido comandado por Ralf Rangnick e Julian Nagelsmann no RB Leipzig — todos técnicos que dão grande ênfase aos papéis dos jogadores sem a bola.
Antes de ser demitido, Gary O’Neil chegou a elogiar atuações do brasileiro sem a bola, e Rúben Amorim idealmente também planeja uma equipe de grande pressão e solidez defensiva.
São detalhes completamente treináveis, e Matheus pode dar um salto ainda maior na carreira caso evolua defensivamente — e pode fazer isso se o português contar com ele no United.