Lenda da Premier League e maior artilheiro da história do Arsenal, o ex-atacante francês Thierry Henry revelou que “mentiu por muito tempo” enquanto enfrentava a depressão durante sua carreira como jogador.
Ele admitiu que lutou contra a depressão, mas não se sentia preparado para enfrentar “seus demônios mentais” na época. Durante o isolamento devido à Covid-19 em Montreal, Henry, atualmente treinador da seleção francesa sub-21, confessou que passou seus dias “chorando todos os dias” e relacionou seus problemas a uma infância traumática.
Traumas de infância e depressão
Atualmente aos 46 anos, Henry admitiu que seu pai, Antoine, constantemente criticava suas performances no campo quando criança. Apesar de ter vencido a Copa do Mundo de 1998 com a França e se tornar o maior artilheiro da história do Arsenal, Henry confessou que teve dificuldade em encontrar felicidade e satisfação em suas realizações.
— Durante toda a minha carreira, eu devo ter passado por depressão. Eu sabia disso? Não. Fiz algo a respeito? Obviamente não. Mas eu tinha me adaptado de certa forma. Eu menti por muito tempo porque a sociedade não estava pronta para ouvir o que eu tinha a dizer — disse em uma poderosa entrevista ao programa “The Diary Of A CEO”.
Henry afirmou que passou a infância tentando agradar seu pai e, em seguida, toda a sua carreira tentando agradar aos outros, comparando isso a usar uma “capa de super-herói”. Foi apenas durante o isolamento causado pela paralisação do futebol em 2020, enquanto estava preso em Montreal a milhares de quilômetros de sua família, que Henry reconheceu seus demônios de saúde mental.
— Tudo aconteceu de uma vez, especialmente durante o tempo da Covid. Eu sabia antes, mas estava mentindo para mim mesmo. Eu estava me certificando de que esses sentimentos não iam longe demais, eu colocava a ‘capa’. Mas quando você não é mais um jogador, você não pode mais colocar essa ‘capa’ — comentou.
Henry treinador soube superar
O lendário atacante compartilhou sobre sua experiência de “chorar quase todos os dias” durante o isolamento da Covid, algo que o pegou de surpresa, mas de uma maneira positiva. Ele destacou que a mudança ocorreu quando ele parou de fugir de seus problemas e enfrentou suas emoções.
Isso aconteceu quando ele treinava o Montreal Impact, da MLS, em 2021. Ele também teve experiências como técnico na comissão da seleção belga e, agora, como treinador da seleção sub-21 da França.
Henry também mencionou um episódio de sua adolescência, quando marcou seis gols em uma vitória por 6 a 0 para seu time júnior, e mesmo assim seu pai não ficou satisfeito. Essas pressões ao longo dos anos o afetaram, e ele finalmente teve um momento de epifania quando voltou a Montreal depois de passar um tempo com seus filhos quando as restrições de lockdown foram amenizadas.
— Eu estava prestes a partir novamente, disse adeus aos meus filhos. Daí a pouco, coloquei minhas malas no chão e todos começaram a chorar. Da babá à minha namorada e às crianças. Pela primeira vez, porque naquele momento era o ‘pequeno eu’ que sentia isso, eu pensei: ‘Ah, eles me reconhecem’. Não o jogador de futebol, não as conquistas, eu me senti humano – recorda.
Henry expressou que esse episódio o fez perceber que as pessoas amavam o Thierry, não o Thierry Henry do futebol. Pela primeira vez, ele se sentiu visto como um ser humano, não apenas como um jogador de futebol com conquistas e prêmios.