Guia do West Ham na Premier League 2020/2021

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Se você voltar dois a três anos e procurar pela expectativa em cima do West Ham para a Premier League, vai perceber uma linearidade dos fatos. Desde a temporada 2015/2016, quando o clube terminou na 7ª colocação, a apenas quatro pontos do quarto colocado, todos os anos se criaram boas expectativas para os londrinos.

Entretanto, de 2016/2017 para cá, os Hammers muito mais decepcionaram do que realmente fizeram aquilo que se esperava. Após saírem do Boleyn Ground, seu antigo estádio, e irem para o moderno Olímpico de Londres, justamente após a ótima campanha na PL, os ventos passaram a não soprar tanto em favor da agremiação.

O clube foi ao mercado, trouxe bons nomes, demitiu e contratou treinadores, mas o saldo nunca mais foi tão positivo. Ano após ano, em cada início de Premier League, quem acompanha com frequência esperava uma campanha que incomodasse novamente os times do Big Six. Todavia, o que se viu foi um West Ham inconstante nos resultados, sem muito padrão de jogo e que não empolga.

Desde o icônico sétimo lugar, a melhor posição do time na PL foi uma 10ª, em 2018/2019. Na última temporada, com as contratações de Sebastien Haller e Pablo Fornals, esperava-se que, enfim, o clube voltasse a disputar uma vaga em competições europeias.

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Ben Stansall/AFP via Getty Images

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Sob o comando de Manuel Pellegrini, treinador que já venceu o Campeonato Inglês com o Manchester City, o time voltou a decepcionar. Felipe Anderson, jogador brasileiro que tinha sido uma das principais peças na temporada anterior e contribuído de forma direta para a campanha regular do time, não encontrou seu melhor futebol.

Assim como Felipe, todo o time do West Ham parecia não estar bem ajustado. Isso resultou numa campanha inteiramente na parte de baixo da tabela, bem longe das altas pretensões de brigar por uma vaga em competições continentais.

Na 20ª rodada, após perder por 2 a 1 para o Leicester, Pellegrini foi demitido. Depois de um turno inteiro jogado, os Hammers figuravam no 17º lugar, com 19 pontos conquistados, apenas uma colocação acima do primeiro time na zona de rebaixamento.

Para o seu lugar, recontrataram David Moyes. Em 2017/2018, chegou ao clube também num contexto de meio de temporada, com a missão de que o elenco atingisse as altas expectativas.

O West Ham não melhorou o seu futebol com Moyes, mas conseguiu o suficiente para se livrar do rebaixamento. Tomás Soucek e Jarrod Bowen chegaram na janela de inverno, vindos do Slavia Praga e Hull City, respectivamente, e deram uma cara nova ao elenco.

Principalmente na volta do futebol após a parada em virtude da pandemia do coronavírus, o West Ham emplacou uma sequência interessante de jogos.

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Com 1,90 m de altura, o volante Souček foi uma arma letal para o clube. Em uma função muito parecida com a que Fellaini exercia no Everton sob o comando de Moyes, o tcheco fez três gols em 13 jogos de Premier League.

E não só pelos gols ele merece destaque. Ao lado de Declan Rice, jogador mais consistente do West Ham nas últimas duas temporadas, Souček conseguiu fornecer o mínimo de solidez ao meio-campo do time. É não só muito bom no jogo aéreo, como também interceptando as linhas de passe e partindo para o bote.

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Naomi Baker/Getty Images

Já Bowen, conseguiu ser crucial com sua velocidade, dribles e passes. Atuando pelo lado direito do campo, fez um e gol e deu quatro assistências, também em 14 jogos pela liga. Em virtude da má fase de Felipe Anderson, foi um dos pontos de desequilíbrio do ataque dos londrinos na reta final.

Porém, o maior destaque do 2019/2020 acabou sendo o atacante Michail Antonio. Dos seus 10 gols na Premier League, oito foram no pós-parada. Dos nove jogos da liga, marcou em cinco, indo às redes quatro vezes na vitória por 4 a 0 sob o Norwich.

Ainda que a reta final tenha traços que passem certa animosidade, a expectativa, diferente dos anos recentes, é muito baixa para o West Ham em 2020/2021. O clube não se mexeu no mercado, uma vez que os proprietários só pretendem gastar caso alguma venda acontecesse.

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O treinador David Moyes, mesmo tendo mantido o time na elite, não é querido pela torcida. Aversão essa que é justa, diga-se. O comandante não tem nenhum trabalho recente de muito primor, e o que se vê é uma equipe que se sobressai mais pelas suas individualidades do que pelo coletivo.

A boa fase de Antonio, o impacto de Souček, a consistência de Rice e o desequilíbrio que Bowen consegue implementar são alguns dos exemplos. Manuel Lanzini e Felipe Anderson, outrora fundamentais para este elenco, estão muito mais próximos de sair, caso exista algum interessado, do que voltar a brilhar pelo time titular.

Para aumentar ainda mais a angústia da torcida: a situação política. Nas últimas semanas, uma mobilização em massa colocou o clube nos trending topics do Twitter no Reino Unido. O motivo: a insatisfação com a gestão de David Sullivan e David Gold.

Como se não bastasse toda a insatisfação após a mudança de estádio, vista por muitos como um processo de “gourmetização” do clube, as decisões futebolísticas não agradam nem um pouco. Embora tenham feito boas contratações, os treinadores trazidos não conseguem fazer bons trabalhos e os fãs se veem num constante looping de frustração.

O ponto alto da revolta foi a venda de Grady Diangana. O ponta esquerda esteve emprestado ao West Bromwich na última temporada e fez uma ótima Championship, conquistando o acesso com os Baggies. Desde muito novo nos Hammers, o atleta já havia dito que se sentia pronto para ser enfim integrado ao time principal. Moyes, inclusive, já havia dado sinais que daria oportunidades ao jovem de 22 anos naquele lado do campo.

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Adam Davy/Pool via Getty Images

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Entretanto, mesmo com todo esse lobby por sua permanência, até mesmo por parte da torcida, o clube aceitou vender o jogador ao próprio West Brom. A revolta foi geral, e até Mark Noble, capitão do time, foi às redes sociais demonstrar a sua insatisfação.

O desgaste existe e é evidente. Contratações que não se pagam, treinadores com trabalhos medianos/ruins, e uma torcida apaixonada que não se sente em sintonia com o clube. Elenco o West Ham terá em 2020/2021, mesmo sem muitas vendas e compras (até aqui). Todavia, o futebol é feito de muitas nuances e detalhes, e todos esses fatores na animosidade do extracampo podem refletir no desempenho do time.

Não será de se espantar que os Hammers comecem a Premier League com um desempenho ruim, muito menos que haja a demissão do atual treinador.

Uma dupla formada por Antonio e Haller pode trazer alguns frutos no ataque, assim como uma possível recuperação de Felipe Anderson e a solidificação de Bowen com mais jogos para disputar. Nem tudo são trevas para os londrinos – há margem para esperanças, mas o contexto de apenas poucas coisas darem certo preocupa.

Em perspectiva, o imaginável é uma temporada 2020/2021 dura para o West Ham. Talvez a luta para o time continue sendo a de permanecer na primeira divisão, e os tão sonhados voos mais altos serão mais uma vez deixados de lado. É tudo muito incerto para a equipe londrina, e o que se tem é um mix de muito receio e falta de expectativa.

Informações gerais

  • Estádio: London Stadium;
  • Cidade: Londres;
  • Posição na última Premier League: 16º;
  • Títulos do Campeonato Inglês: nenhum;
  • Rival: Millwall;
  • Apelidos: Hammers e Irons.

Vai e Vem

VEM: 

VAI:

Pablo Zabaleta (dispensado); Carlos Sánchez (dispensado); Jeremy Ngakia (Watford, free-agent); Sead Haksabanovic (IFK Norrkoping, não revelado); Anthony Scully (Lincoln City, não revelado); Stephen Hendrie (Morecambe, free-agent); Jake Giddings (Crystal Palace, não revelado); Albian Ajeti (Celtic, £4.5m); Veron Parkes (Fortuna Sittard, free-agent); Jordan Hugill (Norwich City, £5m); Roberto (Real Valladolid, free-agent); Daniel Kemp (Blackpool, empréstimo); Grady Diangana (West Bromwich Albion, £18m)

Jogador destaque – Declan Rice

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Arte: Rafael Mércio

Mesmo com apenas 21 anos, Declan Rice é o jogador mais consistente há pelo menos dois anos. O volante, que vira e mexe aparece na imprensa inglesa como alvo do Manchester United ou do Chelsea, desponta como a principal revelação do clube dos últimos tempos.

Ele já passou do status de promessa, e com certeza figura como uma realidade. Não só do West Ham para 2020/2021, como também da seleção da Inglaterra e do futebol mundial nos próximos anos.

Detentor de muita solidez e eficiência na marcação, é o dono do meio-campo do time. Embora ainda não tenha se desenvolvido o suficiente para a parte ofensiva do jogo, conseguiu terminar a última Premier League com um gol e três assistências.

Não são números altos, mas mostram o leque de opções que ele pode oferecer. Como foi dito, sua predominância é na parte da defesa, através de muita concentração, interceptações e botes eficazes.

Similar a qualquer outro jovem em maturação, pode vir a oscilar, mas a predominância demonstrada de 2018 para cá o coloca como o destaque fixo deste elenco.

Fique de olho – Jarrod Bowen

Arte/Rafael Mércio

Jarrod Bowen, como mencionado, chegou ao clube na metade da última temporada. Possui apenas 23 anos, mas já conseguiu chamar a atenção de muitos olhares, mesmo que tenha atuado apenas meia temporada.

No jogo contra o Manchester United, por exemplo, o ponta direita não tomou conhecimento dos marcadores dos Red Devils pelo lado esquerdo da defesa adversária. O inglês aprontou um “salseiro”, e foi um dos maiores responsáveis pela criação ofensiva do time.

Por ser muito veloz, consegue aproveitar muitos espaços que venham a ficar abertos. Com média de 1,2 dribles e passes chave por jogo na PL, Bowen se mostra não só muito vertical, como também um criador de jogadas em potencial.

Ele não precisa ser aquele ponta que só corre ou dribla, mas também participar efetivamente da construção das jogadas.

Mostrou-se minimamente capaz de ser um diferencial. Para esse 2020/2021 tão confuso do West Ham, o camisa 17 dos Hammers pode ser uma arma capaz de incomodar constantemente as defesas inimigas.

Time-base

4-4-2: Fabianski; Johnson, Ogbonna, Diop, Masuaku; Rice, Soucek, Fornals, Bowen; Antonio, Haller. Técnico: David Moyes.

West Ham
Arte/André Correia

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