Faz muito tempo que os Whites não disputam a Premier League. A última vez foi na temporada 2003/2004. Foram longos 17 anos longe da elite inglesa. Mas agora a espera finalmente acabou e o Leeds de Marcelo Bielsa disputará a primeira divisão na temporada 2020/2021.
O grande trabalho da dupla formada por Andrea Radrizzani, proprietário do clube, e Victor Orta, diretor de futebol, foi fundamental para o retorno à Premier League. Principalmente quando decidiram arriscar e trazer um técnico fora do comum.
Marcelo Bielsa chegou ao Leeds em 2018 e mudou completamente a cidade e o clube. Após uma primeira temporada de final melancólico, a glória veio com o título da Championship 2019/2020. Bielsa entrou na história dos Whites e para sempre no coração dos fãs.
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Mas e agora? Após o tão sonhado acesso, qual é o próximo passo do Leeds para a temporada 2020/2021? Essa é a pergunta-chave, mas as contratações nos dão um indício claro: planejar o futuro para nunca mais sair da Premier League.
Exceção feita a Rodrigo Moreno, todos os outros contratados pelo Leeds têm 24 anos ou menos. Mais que isso, cinco deles são sub–19. Apesar de ter gastado muito no atacante espanhol, o plano não é desembolsar de forma indevida, mas sim ter uma gestão financeira saudável. No mês passado, a Premier League promoveu a Leeds United Academy, categorias de base do clube, à ”Categoria Um”, o nível máximo.
A tendência é de um Leeds pronto para contra-atacar adversários mais poderosos. Mas não se engane, Bielsa não vai abdicar de seu estilo e ideologia. Como o cenário da Premier League é diferente, é natural essa adaptação. Se na Championship, o Leeds enfrentava várias equipes bem fechadas, agora vai sofrer mais ataques e muita pressão na saída de bola.
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“Muita gente fala que isso até é bom para o Leeds, já que o time tem um contra-ataque poderosíssimo. Então, talvez vá ser uma equipe mais de contragolpe e transição. Mas aí não por alteração do Bielsa, mas pela mudança dos adversários”, avalia Gabriel Dudziak, comentarista da rádio CBN.
Na hora de se defender, a dúvida é se o Leeds vai conseguir manter o alto nível de intensidade e a marcação individual (duas marcas inegociáveis de Bielsa). Isso deu muito certo na Championship, mas o salto de qualidade dos adversário é gigantesco. São métodos de jogo dos Whites que não sabemos se vão funcionar na primeira divisão.
É necessário lembrar que esse elenco só mediu forças contra times da elite duas vezes: derrotas para Manchester United (amistoso) e Arsenal (Copa da Inglaterra). O confronto diante dos Red Devils ocorreu ainda em julho de 2019, e o jogo contra os Gunners aconteceu em janeiro de 2020.
Dudziak lembra da discrepância dos dois jogos. “O Leeds criou bastante contra os Red Devils, mas sofreu demais com a imposição física e velocidade. Já contra o Arsenal foi um show no 1º tempo, mas acabaram perdendo. Qual é a real força? O sofrimento contra o físico do United ou o bom desempenho contra o Arsenal?”
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Como a amostragem é pouca, a dúvida é muito grande sobre o poder desse Leeds. O que podemos esperar de Patrick Bamford, por exemplo? Será o mesmo atacante de domínio físico e apoio que foi na Championship? À primeira vista não parece, mas basta lembrarmos dos casos de Jamie Vardy e Harry Kane para saber que não existe uma regra nessa situação.
É natural que o time sofra contra os clubes do Big Six. Mas quando enfrentar adversários da parte de baixo da tabela, se sentirá mais confortável. Esse é um cenário parecido com o da temporada passada. Os Whites não mudarão sua filosofia, mas vão se adaptar aos contextos da temporada.
Além disso, vale muito a pena acompanhar a primeira temporada do técnico Marcelo Bielsa na Premier League. Em especial, o encontro com Pep Guardiola, um de seus fãs e maiores entusiastas.
Quando a bola rolar na primeira rodada, o torcedor vai ter a certeza que aquele período de trevas, fora da elite, finalmente acabou no Elland Road. ”Marchando juntos”, o Leeds está de volta a sua casa, a Premier League, para a temporada 2020/2021.
Informações gerais
- Estádio: Elland Road;
- Cidade: Leeds (West Yorkshire);
- Posição na última Championship: 1º;
- Títulos do Campeonato Inglês: três;
- Rival: Manchester United.
- Apelidos: Whites e Peacocks.
Vai e Vem
VEM:
Helder Costa (Wolverhampton Wanderers, £16m); Ilan Meslier (Lorient, £5m); Joe Gelhardt (Wigan Athletic, £1.5m); Jack Harrison (Manchester City, empréstimo); Charlie Allen (Linfield, não revelado); Cody Drameh (Fulham, não revelado); Rodrigo (Valência, £30m); Sam Greenwood (Arsenal, não revelado); Robin Koch (Freiburg, £12.9m)
VAI:
Ryan Edmondson (Aberdeen, empréstimo); Kun Temenuzhkov (Real Unión, empréstimo); Rafa Mújica (Real Oviedo, empréstimo)
Jogador destaque – Kalvin Phillips
Se tem um jogador que podemos destacar num time tão coletivo quanto o Leeds, esse cara é Kalvin Phillips. Formado na base do clube, o inglês está na melhor fase da sua carreira aos 24 anos. Tanto é que recentemente foi convocado para defender a seleção da Inglaterra.
Sendo o volante único no esquema de Bielsa, Phillips é peça-chave na construção de jogo. Tem a função de ser um armador recuado, e principalmente de começar os ataques da equipe. Seja no passe curto ou no lançamento, ele procura ser incisivo e ganhar terreno. Alguns números nos ajudam a entender sua função e eficiência.
Na última Championship ele teve a média 1,8 passe chave por jogo, um número altíssimo para volantes. Além disso, foi o sexto jogador de linha com mais lançamentos certos (5,3 por jogo). E também seu desempenho defensivo é muito bom. Foi o nono jogador em média de desarmes (2,6 por jogo).
Entretanto, sua baixa estatura (1,78m) ainda o prejudica um pouco e ele pode sofrer quando tiver embates mais físicos. Teve dificuldade quando enfrentou Paul Pogba, por exemplo.
Kalvin Phillips é uma estrela inglesa em ascensão. Essa será sua primeira temporada na Premier League, mas tendo tanta inteligência e liderança, podemos esperar grandes atuações do camisa 23.
Fique de olho – Rodrigo Moreno
A maior expectativa dos Whites nessa temporada é Rodrigo Moreno, a contratação mais cara da história do clube. O atacante espanhol de 29 anos chega para aumentar o leque de possibilidades ofensivas da equipe.
Rodrigo nunca foi um goleador nato, tanto é que nunca passou de 20 gols numa temporada. Mas as suas maiores virtudes são a inteligência e versatilidade. Ele pode jogar pelas pontas, como centroavante móvel ou até camisa 10.
Tendo em mente que o Leeds tem ótimos nomes nas pontas e que Bielsa dificilmente arma suas equipes com dois atacantes, Rodrigo deve alternar atuações como camisa 10 e centroavante. Mas independente da posição, deverá ser bem influente nos ataques do time.
Caso jogue recuado, vai aproveitar muito os espaços criados por Bamford. À frente, será importante gerando profundidade e sendo acionado em velocidade. Se o contra-ataque do Leeds já foi mortal na temporada passada, agora tem tudo para melhorar.
Rodrigo é uma peça ofensiva que o time ainda não tinha. Além de aumentar as opções na hora da escalação, o espanhol eleva o nível técnico do elenco do Leeds para 2020/2021.
Time-base
4-3-3: Mellier; Aylling, Koch, Cooper, Dallas (Douglas); Phillips, Klich, Rodrigo; Costa (Hernández), Harisson, Bamford. Técnico: Marcelo Bielsa.
Palpites
- Victor Fagarassi (PL Brasil): Meio de tabela
- Mário Marra (ESPN): Meio de tabela
- Leonardo Bertozzi (ESPN): Meio de tabela
- João Castelo-Branco (ESPN): Meio de tabela
- João Venturi (DAZN): Briga por vaga na Champions League
- Mairon Rodrigues (Footure): Briga para não cair
- Leeds United Brasil: Meio de tabela