O técnico Pep Guardiola, do Manchester City, deu sua opinião sobre as queixas dos jogadores do futebol europeu em relação ao exigente calendário de partidas da temporada 2024/25 em entrevista coletiva nesta sexta-feira (20).
O novo formato da Champions League foi alvo de críticas do volante Rodri, do City, por acrescentar de dois a quatro jogos a mais no cronograma das equipes. O volante, inclusive, alertou para uma possível greve de jogadores.
Guardiola ressaltou a importância de os atletas pressionarem por alterações.
— Para algo mudar, precisa partir dos jogadores. Eles são os únicos que podem mudar alguma coisa. Os negócios podem continuar sem técnicos, diretores esportivos, mídia, donos, mas sem jogadores, não. Eles, sozinhos, têm o poder para fazer isso —, disse o técnico.
O treinador também pontuou que não é apenas Rodri que está insatisfeito com o calendário e que o problema assola o futebol mundial como um todo.
No caso do City, a atual temporada inclui a Premier League, Copa da Liga Inglesa, Champions League e o novo Mundial de Clubes da Fifa. O clube pode disputar mais de 80 partidas no período.
Rodri disse “não ter um número exato” sobre qual seria a quantidade aconselhável de jogos em um ano, mas destacou em coletiva na terça-feira (17) que fazer de 60 a 70 não é o ideal por ser “impossível sustentar o nível físico”.
— Entre 40 e 50 é a quantidade de jogos que um jogador pode fazer em alto nível. Mais do que isso, você cai. Nem tudo é dinheiro ou marketing, também tem a qualidade. Quando não estou cansado, desempenho melhor, e as pessoas querem ver um futebol melhor —, afirmou o jogador.
Outro atleta a expor o descontentamento com o calendário foi o goleiro Alisson, do Liverpool. O brasileiro enfatizou a importância de consultar os jogadores antes de determinar a quantidade de partidas da temporada.
O que diz a FIFPRO?
A Federação Internacional das Associações de Jogadores de Futebol Profissional (FIFPRO) declarou em julho deste ano que tomaria “medidas legais” contra o que chamaram de “abuso de domínio” da Fifa, entidade máxima do futebol mundial, em relação à quantidade de partidas em um ano.
Para a FIFPRO, o calendário pode apresentar “risco para a saúde dos jogadores”, uma vez que o ideal para manter o bem-estar do atleta, segundo o órgão, é disputar entre 50 e 60 jogos por temporada – a depender da idade.
A federação destacou em nota na quinta-feira (20) que a alta demanda pode interferir na organização de jogos das ligas nacionais e contribuir com o surgimento de lesões nos atletas.
— As decisões sobre o calendário de jogos internacionais são tomadas pela FIFA de forma unilateral. Seu processo de tomada de decisão está longe de ser coletivo, e não envolve aqueles que organizam as competições nacionais e os jogadores. Chegamos a um ponto em que o diálogo não existe mais, por isso o assunto agora está é levado aos tribunais –, disse Alberto Colombo, secretário-geral adjunto das ligas europeias.