Gordon Banks: Quem foi um dos melhores goleiros da história?

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Considerado o melhor goleiro do futebol inglês (e um dos melhores do mundo) na história, Gordon Banks nasceu em 30 de dezembro de 1937, em Sheffield. Filho mais novo entre quatro irmãos, cresceu em uma família de recursos escassos.

Gordon Banks, uma muralha entre as traves

Apaixonado por futebol desde criança, sempre teve os goleiros como ídolos. Admirava grandes nomes do futebol inglês da época como Bert Williams (do Wolverhampton e da seleção) e o alemão Bert Trautmann (Manchester City).

Mas foi George Farm, arqueiro do Blackpool, que chamou a atenção do garoto (e o inspiraria futuramente) por passar a partida gritando para orientar o setor defensivo em seu posicionamento, o que não era comum até então.

Foi por completo acaso, no entanto, que se tornaria um deles. Numa tarde de sábado, fora assistir a uma partida de um time amador local, o Millspaugh, cujo goleiro não tinha comparecido. O garoto se ofereceu para entrar em seu lugar. Foi muito bem e acabou ficando.

Do Millspaugh, passou ao Rawmarsh Welfare, da liga de Yorkshire. Sua estreia, contudo, não foi como esperava: embora não tivesse atuado particularmente mal, seu time perdeu por 12 a 2. Na partida seguinte, outra derrota, desta vez em casa, por 3 a 1. Acabaria dispensado.

Quando pensava que seu sonho de uma carreira profissional havia terminado com aqueles 15 gols sofridos em dois jogos, foi abordado por um olheiro do Chesterfield, então na terceira divisão da Football League, que o convidou a integrar o time juvenil.

Gordon Banks chegou ao clube em março de 1953 e, três anos depois, chegou a disputar uma final da FA Youth Cup contra o Manchester United dos ‘Busby Babes’, que contava com Bobby Charlton, futuro companheiro de seleção, em suas fileiras.

Ao voltar do serviço militar, assinou seu primeiro contrato profissional e passou a titular do time de cima, mas não por muito tempo: em julho de 1959, o Leicester City, da primeira divisão, batia à porta com uma boa proposta pelo goleiro de 21 anos.

Goleiro dos ‘Reis do gelo’

Diante da acirrada competição na posição dentro do elenco dos Foxes, Gordon Banks demorou um pouco a ganhar uma chance. Mas sua chegada à titularidade marcou o início de um período mágico no time dirigido por Matt Gillies.

Na temporada 1960-61, a primeira completa de Banks como titular, a equipe terminou em sexto lugar na liga, chegando a bater o campeão Tottenham em White Hart Lane. Também alcançou a final da Copa da Inglaterra em Wembley, mas acabaria derrotada pelos mesmos Spurs.

A dobradinha do Tottenham levou o Leicester à Recopa europeia na temporada seguinte. Depois de eliminar o norte-irlandês Glenavon na fase preliminar, os Foxes cairiam nas oitavas diante do Atlético de Madrid, mas o goleiro se destacaria ao defender um pênalti do ponteiro Collar.

A temporada seguinte seria aquela em que Banks entraria de vez para o rol de grandes goleiros do futebol britânico, além de ter sido marcante para o Leicester. De início cotado para o meio de tabela, o time surpreendeu e brigou pela dobradinha durante parte da temporada.

Em fevereiro, em meio ao inverno mais rigoroso do século no Reino Unido, a equipe assumiu a ponta no campeonato e ganhou o apelido de “Reis do Gelo”. Enquanto isso, na Copa da Inglaterra, o clube chegava à decisão após uma partida memorável de Gordon Banks contra o Liverpool.

No campo neutro de Hillsborough, em Sheffield, cidade natal do goleiro, os Foxes venceram por 1 a 0. Mas o triunfo só veio graças às mais de 30 defesas do Banks, incluindo um milagre no último minuto, em finalização de Ian St. John.

O sonho da dobradinha terminou de maneira amarga: Gordon Banks ficou de fora de alguns jogos por lesão, e o time patinou, terminando a liga apenas em quarto. Na copa, perderia pela terceira vez uma final em Wembley, caindo diante do Manchester United.

O arqueiro ainda teve um consolo: estrearia pela seleção inglesa em abril de 1963, num amistoso contra a Escócia em Wembley, ganhando a posição de Ron Springett, que caíra em desgraça após a goleada de 5 a 2 para a França em Paris pelas Eliminatórias da Eurocopa.

Gordon Banks, o camisa 1 campeão do mundo

De volta ao Leicester, Banks levantaria em abril de 1964 o primeiro troféu de sua carreira: a Copa da Liga inglesa. Embora na época ainda deixado de lado por alguns clubes, o torneio seria a única conquista dos Foxes em meio ao bom momento vivido naquele início dos anos 60.

Ironicamente, o adversário na final seria o Stoke, clube o qual o goleiro defenderia mais adiante, superado em partidas de ida e volta (empate em 1 a 1 no Victoria Ground e vitória do Leicester em Filbert Street por 3 a 2).

No mês seguinte, o goleiro viria pela primeira vez ao Brasil com a seleção para a disputa da Taça das Nações, torneio quadrangular que também contou com Argentina e Portugal. A condição de titular absoluto da seleção inglesa, no entanto, só seria conquistada a partir de 1965.

No Mundial de 1966, jogado em casa, Gordon Banks passou invicto pela primeira fase e também pelas quartas de final contra a Argentina, ainda que tenha sido pouco acionado (defendeu uma bomba de fora da área do uruguaio Cortés na estreia e um chute cruzado de Oscar Más para os argentinos).

Na semifinal contra Portugal, precisou entrar em ação mais vezes. Só foi vazado no fim do jogo, numa cobrança de pênalti de Eusébio, encerrando uma série de 721 minutos (ou pouco mais de oito jogos completos) sem sofrer gols pela seleção, marca ainda hoje não superada.

Na decisão contra a Alemanha Ocidental, Banks teve seu maior momento na primeira etapa, quando o placar era de 1 a 1, ao defender um chute forte de Overath da entrada da área e, no rebote, o tiro cruzado de Emmerich.

Os alemães saíram na frente com gol de Haller. Os ingleses viraram com Hurst, de cabeça, e Peters, aproveitando rebatida da defesa. Mas cederam o empate a dez segundos do fim do tempo normal, com gol do zagueiro Weber, após cobrança de falta muito contestada.

Banks não teve culpa em nenhum dos dois gols sofridos – os únicos de bola rolando em toda a Copa. Na prorrogação, em que os ingleses marcaram mais duas vezes com Hurst, Banks não chegou a ser exigido, já que os alemães não atiraram com perigo ao gol em nenhum momento.

O título mundial foi seu segundo na carreira e o primeiro em Wembley. Gordon Banks foi escolhido o melhor de sua posição no torneio, integrando a seleção da Copa. Um prêmio a quem que se destacava em vários fundamentos.

Era um arqueiro notado pela coragem, bom posicionamento, ótimos reflexos, segurança sob as traves e nas saídas da meta e pelo comando da área. Tudo isso agarrando sem luvas: antes de adotá-las, mais tarde, Banks colava chicletes nas mãos para dar maior firmeza.

De Filbert Street ao Victoria Ground

Estranhamente, o goleiro campeão do mundo e eleito o melhor da Copa passou a viver dias incertos em seu clube na temporada seguinte ao Mundial. Na base do Leicester, um jovem prodígio surgia vindo das categorias inferiores. Seu nome: Peter Shilton.

Impressionados com as exibições do garoto, os dirigentes dos Foxes pressionaram pela saída de Banks, então já perto de completar 30 anos. Posto à venda por 50 mil libras, quase foi parar no Liverpool ou no West Ham. Mas acabou mesmo contratado pelo Stoke City.

Dirigidos por Tony Waddington, técnico famoso por apostar em jogadores experientes, os Potters haviam retornado à elite inglesa em 1963 e desde então vinham fazendo campanhas medianas. Mas se reforçara com Gordon Banks e com o meia George Eastham, da seleção e ex-Arsenal.

Em maio de 1967, o goleiro viajaria aos Estados Unidos, onde o Stoke participaria da curiosa United Soccer Association, torneio disputado por clubes do mundo inteiro, rebatizados com nomes locais (o Bangu, por exemplo, jogou sob a alcunha de Houston Stars).

No ano seguinte, após ajudar o Stoke a se salvar do descenso na última rodada com vitória sobre o Liverpool, Banks foi à Itália disputar a Eurocopa com a seleção. Nas Eliminatórias, a Inglaterra havia superado Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales e, em seguida, a Espanha.

Na fase final, disputada por apenas quatro seleções, os ingleses caíram para a Iugoslávia nas semifinais em partida muito truncada. Mas, três dias depois, no Estádio Olímpico de Roma, bateram a forte equipe da União Soviética por 2 a 0 e terminaram em terceiro lugar.

A defesa história na cabeçada de Pelé

O Stoke reagiu na temporada 1969-70, terminando em nono. Enquanto isso, Banks era o nome certo na seleção para a Copa do Mundo do México, onde faria história. Sorteados em um grupo muito difícil, os campeões do mundo teriam pela frente Brasil, Romênia e Tchecoslováquia.

Depois de baterem os romenos na estreia por 1 a 0, teriam pela frente o Brasil num duelo que entraria para a história do futebol como um verdadeiro jogo de xadrez. Nele, Gordon Banks praticou a defesa que passaria a ser tida como a maior de todos os tempos.

Jairzinho recebeu na direita e correu até a linha de fundo, cruzando na medida para a cabeçada de Pelé, que chegou a gritar “gol”. Só que a bola, mesmo quicando na grama, foi espalmada milagrosamente para o alto pelo goleiro, que relembrou o lance em seu livro de memórias.

“Enquanto eu me levantava, Pelé, que sempre um grande esportista, chegou até mim e me deu um tapinha nas costas. ‘Pensei que fosse gol’, ele disse, sorrindo. ‘Eu também’, respondi”.

“A transmissão do jogo pela televisão me mostra rindo enquanto eu me virava para me posicionar para o escanteio. Eu ria do que Bobby Moore tinha acabado de me dizer: ‘Você está ficando velho, Banksy’, ele comentou, ‘[nesses lances,] você costumava agarrar’”.

Só não foi possível deter a bomba à queima-roupa de Jairzinho, aos 29 minutos da etapa final. O gol deu a vitória ao Brasil, mas os ingleses também acabariam avançando às quartas de final após vencerem a Tchecoslováquia na última rodada, também por 1 a 0.

A expectativa geral era a de que o time de Zagallo e o de Alf Ramsey se reencontrassem para mais um tira-teima na final. Mas no meio do caminho as coisas mudaram.

Aos ingleses, coube enfrentar nas quartas a Alemanha Ocidental, repetindo a decisão de 1966.

O jogo estava marcado para o meio-dia do domingo em León. Na sexta-feira à noite, os jogadores foram liberados por Alf Ramsey para beber uma cerveja após o jantar.

Após alguns goles, Banks começou a sentir um leve desconforto estomacal, que aumentou durante a madrugada.

No sábado pela manhã, enquanto seguia no ônibus da delegação para o reconhecimento do estádio, sua saúde já inspirava cuidados bem maiores. Durante todo o dia, Gordon Banks sentiu uma forte náusea, enjoos, calafrios, e principalmente acessos de diarreia e vômito.

A medicação não fez efeito. Na manhã de domingo, entretanto, parecia ter melhorado. Submeteu-se a um teste físico bastante leve (o qual tacharia de “ridículo” em sua autobiografia) e foi escalado. Na preleção, voltou a se sentir muito mal.

Enquanto era amparado pelos companheiros para conseguir se manter de pé, o técnico anunciava que Peter Bonetti, do Chelsea, entraria em seu lugar. Banks voltou ao hotel e foi para seu quarto assistir ao jogo pela televisão.

A partida foi transmitida pela televisão mexicana com 50 minutos de atraso (ou seja, quando o pontapé inicial foi exibido, o jogo já estava no intervalo). Pela tevê, o goleiro assistiu aos ingleses dominarem o primeiro tempo e abrirem o placar numa projeção do volante Alan Mullery.

E ainda fazerem uma boa metade de segundo tempo, ampliando logo aos quatro minutos com Martin Peters. Mais animado e confiante, apesar dos problemas, Banks viu os companheiros voltarem do jogo, enquanto na TV a partida ainda estava no início da etapa final do tempo normal.

Perguntou o resultado e não conseguiu levar a sério quando, de cara amarrada, Bobby Moore lhe comunicou que os ingleses haviam perdido por 3 a 2 na prorrogação e estavam fora do Mundial. Pensou se tratar de algum tipo de piada. Até que soube o desenrolar da história.

Pouco depois do primeiro gol alemão, marcado por Beckenbauer, aos 23 minutos, Alf Ramsey se deu ao luxo de sacar Bobby Charlton, que vinha controlando o jogo no meio-campo (o que o próprio Kaiser admitiria anos depois ao relembrar a partida), para dar lugar a Colin Bell.

Só que, deste ponto em diante, os germânicos passaram a dominar as ações. Ramsey recuou ainda mais o time, trocando o meia Martin Peters pelo zagueiro Norman Hunter. E foi castigado com um gol esdrúxulo de Uwe Seeler, cabeceando de costas para a meta.

Na prorrogação, embora os ingleses conseguissem reequilibrar o duelo, só os alemães marcaram, com Gerd Müller anotando o gol da vitória aos três minutos da etapa final. Numa virada surpreendente, os favoritos ingleses estavam fora do Mundial.

A derrota é considerada até hoje um divisor de águas no moral da seleção inglesa, que sequer se classificaria para as duas Copas seguintes, enquanto os adversários enfileirariam conquistas. Embora Bonetti não tenha exatamente falhado, a ausência de Gordon Banks foi muito sentida.

A ponto de ser considerada um dos motivos da queda, em vista do que o arqueiro titular tinha apresentado até ali. Alf Ramsey lamentou profundamente o desfalque: “De todos os jogadores para se perder, tinha que ser justo ele”.

Herói no caneco do Stoke City

Nas duas temporadas seguintes ao Mundial, o Stoke viveria bom momento, especialmente nas copas inglesas. Os Potters chegariam duas vezes seguidas às semifinais da Copa da Inglaterra, caindo em ambas para o Arsenal, e por duas vezes em jogos extras.

Restaria, então, a campanha épica na Copa da Liga de 1972. Depois de uma maratona de 12 jogos, sendo seis “replays”, o Stoke chegaria à decisão. Eliminou Southport, Oxford United, Manchester United e Bristol Rovers até a semifinal épica com o West Ham.

Os Hammers venceram o primeiro jogo no Victoria Ground por 2 a 1. Mas no Upton Park, o Stoke deu o troco com gol de John Ritchie. Até que veio, no fim da prorrogação, o pênalti cobrado por Geoff Hurst e salvo por Gordon Banks – defesa a qual considerou a mais importante da carreira.

“Voei pelo ar com meus dois braços apontados para cima. Geoff pegou tão forte na bola que quando minha mão esquerda fez contato com ela, tive que tensionar os músculos do meu braço e do meu punho. De outro modo, a bola teria empurrado minha mão para trás”.

“Para meu grande alívio, a bola ricocheteou para cima, por entre a atmosfera obscura da noite do East End e por sobre o travessão”, recontaria o goleiro em suas memórias.

Depois de um empate em 0 a 0 no terceiro jogo, em Hillsborough, tudo ficaria para uma quarta partida (depois de um total de 420 minutos ou sete horas de futebol), em Old Trafford. Foi um jogo louco, surreal, histórico.

Bobby Ferguson, arqueiro dos Hammers, foi atingido num lance casual e teve de deixar o campo por uns minutos, sendo substituído sob as traves por Bobby Moore – que acabaria defendendo um pênalti de Mike Bernard, mas sofreria o gol no rebote.

Os londrinos empatariam ainda na etapa inicial e virariam com Trevor Brooking no começo do segundo tempo. Mas aos 10 minutos, o Stoke já estava de novo à frente no placar (3 a 2). Gordon Banks, com defesas espetaculares, garantiu o resultado e a vaga na final, encerrando a maratona.

O adversário na final no dia 4 de março em Wembley seria o Chelsea, que vinha de um período “copeiro”, conquistando a Copa da Inglaterra diante do Leeds em 1970 e a Recopa Europeia sobre o Real Madrid em 1971. Era um time experiente e de bom toque de bola.

Mas o mesmo poderia ser dito do Stoke, que abriu o placar logo aos cinco minutos em cabeçada do meia-atacante irlandês Terry Conroy.

Banks mostrou serviço defendendo um chute de longe de Charlie Cooke, uma finalização de virada de Chris Garland e um peixinho de Peter Osgood.

Mas os Blues acabariam empatando um minuto antes do intervalo, quando Osgood, mesmo caído, conseguiu chegar antes do arqueiro. Na etapa final, o Stoke se impôs e marcou de novo com gol do veterano meia George Eastham, aos 28 minutos.

Nos pouco mais de 15 minutos finais, diante da incessante pressão do Chelsea, o Stoke se segurou como pôde, com destaque para Gordon Banks, defendendo ora com ímpeto, ora no reflexo (como numa cabeçada cruzada de Peter Osgood) e ora com frieza, tranquilizando seus companheiros.

No fim, Banks teve novamente que intervir do outro lado, saindo quase no limite da área para fechar o ângulo de Garland (e defender com o cotovelo), após recuo malfeito por Mike Bernard. Ao apito final, Gordon Banks levantaria o terceiro troféu da carreira – o segundo em Wembley.

Além disso, a espera de 109 anos do clube por uma conquista havia terminado, para a alegria dos cerca de 35 mil torcedores que haviam viajado de Stoke-on-Trent até Londres (de um público total de aproximadamente 100 mil espectadores).

Vivendo grande fase, Banks foi eleito o melhor jogador da temporada 1971-72 pela imprensa. Em maio de 1972, atuaria pela última vez na seleção, numa vitória sobre a Escócia, no Hampden Park. De suas 73 partidas pela Inglaterra, em 35 delas (quase metade) não sofreu gol.

Em setembro, faria sua única partida de copa europeia pelo Stoke. Foi uma vitória de 3 a 1 sobre o Kaiserslautern (sem ele na volta, os Potters seriam goleados e eliminados na Alemanha). No dia 21 de outubro, Gordon Banks fez sua partida derradeira pelo Stoke, diante do Liverpool em Anfield.

O acidente de carro

No dia seguinte, saindo de uma sessão de fisioterapia no clube para um problema nos ombros, o goleiro dirigia seu Ford Consul quando tentou ultrapassar outro carro mais lento numa curva muito fechada, e acabou colidindo de frente com uma van que vinha na outra mão.

Depois da batida, só acordou no hospital, após longa cirurgia, sabendo que seu olho direito havia sofrido micro-perfurações pelos estilhaços do para-brisas e que talvez perderia a visão total dele, como acabou acontecendo, e o que representava o fim de sua carreira.

O acidente gerou comoção dentro e fora do país. Além do apoio da família, Gordon Banks ganhou imensas demonstrações de carinho de torcedores de todos os clubes. Do Stoke, recebeu em homenagem um jogo de despedida que contou com a presença especial de Bobby Charlton e Eusébio.

Mais tarde, foi convidado a treinar as categorias de base do clube, mas alguns anos depois sua vida daria outra reviravolta. No começo de 1977 ele seria convidado a voltar aos gramados como goleiro do Fort Lauderdale Strikers, da emergente NASL norte-americana.

A equipe venceu a Divisão do Atlântico e Gordon Banks foi eleito o goleiro do ano. Mais tarde, tentaria a carreira de treinador, antes de se afastar do jogo por um tempo.

Em fevereiro de 2000, voltaria ao Stoke como presidente de honra, no lugar de outra lenda, o falecido Stanley Matthews.

Há muito tempo, existia no país uma expressão popular que aludia ao Banco da Inglaterra para equiparar a ele algo cuja reputação era digna de confiança por sua segurança e solidez.

Dizia-se que tal coisa era “segura como o Banco da Inglaterra”, ou, “safe as the Bank of England”.

A carreira repleta de grandes defesas do arqueiro campeão do mundo pelos Three Lions motivou uma alteração no velho ditado feito em homenagem a ele pelos torcedores: dos anos 60 em diante, o parâmetro passou a ser, muito justamente, “safe as the Banks of England”.

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Emmanuel do Valle

Jornalista de Niterói, formado pela Universidade Federal Fluminense e com passagens por Agência EFE, Jornal dos Sports, Lance! e TV Globo. Atualmente, também colaboro com o site Trivela, além de outros projetos. Pesquisador voraz da história do futebol nacional e internacional.