Pesquisa de saúde mental no futebol inglês revela dado preocupante

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Uma pesquisa conduzida pela Associação de Jogadores de Futebol Profissional da Inglaterra (PFA, na sigla em inglês) chamou a atenção para o impacto que as graves contusões podem ter no bem-estar mental dos atletas da modalidade e, principalmente, no futebol inglês.

O levantamento foi feito com base em mais de mil respostas anônimas de jogadores da Premier League e da Women’s Super League (WSL) — primeira divisão feminina inglesa — na temporada 2023/24, e 68% dos entrevistados citou que o medo de sofrer lesões afeta bastante a saúde mental.

Michael Bennett, diretor de bem-estar da PFA, afirmou que o futebol é uma “carreira insegura” para muitos jogadores membros da entidade.

— Os jogadores se encontram frequentemente empregados em contratos muito curtos e inseguros. Com isso, podem sentir como se tivessem pouco controle sobre seus futuros —, analisou o especialista em nota divulgada pelo órgão.

Além do medo de se lesionar, 45% dos atletas participantes da pesquisa ressaltou as preocupações com desempenho em campo como nocivas à saúde mental, e 41% destacou o receio de ser dispensado.

Outro fator revelado no levantamento é que 28% colocou os abusos online como danosos.

— Este exercício é muito importante para nós, e nos permite ver a pessoa por trás do jogador. Ser capaz de identificar preocupações de bem-estar nos ajuda a personalizar nosso apoio e promover pesquisas importantes da área —, disse Bennett.

Rodri machucado em Manchester City x Arsenal
Rodri machucado em Manchester City x Arsenal (Imago)

Calendário de jogos x integridade física

O meio-campista Rodri, do Manchester City, é desfalque por tempo indeterminado por sofrer uma séria lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho direito durante City 2 x 2 Arsenal pela Premier League no último dia 22 de setembro, poucos dias após alertar para uma possível greve de jogadores em decorrência do calendário inflado de jogos.

novo formato da Champions League acrescentou de dois a quatro jogos a mais no cronograma das equipes, e o espanhol destacou ser “impossível sustentar o nível físico” diante de tanta demanda.

Para se ter ideia, o City pode disputar mais de 80 partidas na temporada 2024/25. Rodri, no entanto, afirmou que “entre 40 e 50 é a quantidade de jogos que um jogador pode fazer em alto nível”.

Vivianne Miedema deixa o campo de maca após romer ligamento do joelho em jogo do Arsenal em 2022
Vivianne Miedema deixa o campo de maca após romer ligamento do joelho em jogo do Arsenal em 2022. (Foto: Action Plus/Imago)

No futebol feminino não é diferente. As lesões ligamentares no joelho se tornaram uma preocupação maior na modalidade em 2022/23, quando a zagueira Leah Williamson e a atacante Beth Mead, ambas do Arsenal, foram baixa na equipe e na seleção inglesa feminina para a Copa do Mundo devido a ruptura no LCA.

A atacante ex-Gunner Vivianne Miedema, que atualmente defende o City, também passou por isso e falou sobre como o calendário impacta na saúde física e mental das atletas em entrevista ao “Daily Mail”.

A holandesa rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em dezembro de 2022 e ficou fora de ação por meses.

— Temos falado sobre isso no futebol feminino há anos. Não é sobre não querer jogar. Se olhar para a saúde física e mental, é perigoso. Vemos atletas caindo com grandes lesões. Elas estão provavelmente esgotadas —, declarou a jogadora.

O que diz a FIFPRO?

A Federação Internacional das Associações de Jogadores de Futebol Profissional (FIFPRO) declarou em julho deste ano que tomaria “medidas legais” contra o que chamaram de “abuso de domínio” da Fifa, entidade máxima do futebol mundial, em relação à quantidade de partidas disputadas em um ano.

A FIFPRO apontou que o ideal para manter o bem-estar do atleta é disputar entre 50 e 60 jogos por temporada – a depender da idade. Dessa forma, o calendário inflado pode apresentar “risco para a saúde dos jogadores”, segundo o órgão.

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Milena Tomaz

Jornalista entusiasta de esportes que integra a equipe de redação da PL Brasil. Se formou em Comunicação Social em 2019.