Exclusivo: Por que esfriou a ida de Willian para a Arábia Saudita mesmo após sinal positivo de jogador

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O destino do meia Willian movimentou as semanas da atual janela de transferências. Depois de ficar sem contrato com o Fulham, o brasileiro recusou uma proposta do Nottingham Forest, acertou a renovação com o time de Londres e, duas semanas depois, se viu atraído por uma oferta para jogar no futebol da Arábia Saudita.

A PL Brasil divulgou em 2 de agosto que a proposta do Al Shabab era considerada financeiramente “irrecusável pelo jogador, que toparia deixar a Premier League para jogar no futebol saudita, como fizeram outros diversos astros europeus nos últimos meses. No entanto, vinte dias depois, é possível dizer que o negócio esfriou.

De acordo com o que ouviu a reportagem, a transferência não avançou por falta de acordo financeiro entre os clubes, uma vez que Al Shabab e Willian estavam acertados. Não dá para garantir que o negócio fracassou, mas que, após três semanas de conversas, o Fulham não topou a proposta saudita e sequer houve mais conversa.

A não concretização do negócio passaria por cima de um “acordo de cavalheiros” firmado de modo informal entre Willian e Fulham. Também segundo apuração da PL Brasil, jogador e clube firmaram um pacto na renovação, anunciada em 17 de julho, que permitia a Willlian deixar o clube da Premier League caso uma proposta economicamente fora do comum aparecesse ainda nesta janela.

Mesmo diante deste acerto, Fulham e Al Shabab estavam conversando para que o brasileiro seja liberado mediante compensação financeira. De certa forma, Willian conserva uma relação de gratidão com o Fulham, que o possibilitou voltar à Premier League mesmo depois de uma temporada decepcionante no Brasil e ainda o ofereceu uma renovação com valorização salarial. A confiança no treinador Marco Silva, que pediu para o brasileiro ficar, também pesou.

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Willian em ação pelo Fulham em amistoso antes da temporada 2023/2024 (Foto: Iconsports)

Ou seja: a vontade de Willian não mudou. O meia topa sair agora para jogar na Arábia Saudita e considera “ótima” a oferta do Al Shabab. Mas só fará o movimento caso o Fulham libere — o brasileiro não vai forçar uma saída, ao contrário do que fez seu colega Aleksandar Mitrovic.

Willian participou dos dois jogos do Fulham na Premier League. Saiu no intervalo da estreia contra o Everton e entrou no segundo tempo na derrota diante do Brentford. O brasileiro ainda lida com dores no tendão de aquiles desde a pré-temporada.

Enquanto isso, Al Shabab mira outros reforços da Premier League

Ao mesmo tempo em que vê esfriar a transferência de Willian, o Al Shabab passou a negociar com outros jogadores da Premier League. O jornalista italiano Fabrizio Romano divulgou no dia 20 de agosto que o clube teria acertado com o Everton pela contratação do atacante Demarai Gray.

O caso seria o contrário de Willian: sauditas teriam fechado acordo com o clube inglês, mas ainda dependiam da negociação individual com Gray.

De qualquer forma, a busca por outro nome de uma posição parecida é mais um indício de que esfriou o negócio entre o meia brasileiro e o Al Shabab. Vale lembrar que o clube não está dentro do quarteto de times financiados pelo governo saudita. Nele estão incluídos Al IttihadAl NassrAl Hilal (os três primeiros colocados da última liga) e o Al Ahli (atual campeão da segunda divisão).

A ideia do Ministério dos Esportes da Arábia Saudita é investir no futebol para  “limpar” a imagem do país, que é conhecido mundo afora por servir uma ditadura que fere os direitos humanos.

Fora eles, o Al Ettifaq também não está no balaio de “ricaços”, mas chamou a atenção com as contratações do treinador Steven Gerrard e dos jogadores Moussa Dembele e Jordan Henderson.

O time foi o quarto colocado da última Saudi Pro League e tem no seu elenco jogadores conhecidos como Cuellar e Ever Banega. Os brasileiros são o zagueiro Iago Santos e o atacante Carlos Junior.

‘Novela Willian’ teve recusa ao Nottingham Forest

Willian jogou a última temporada pelo Fulham depois de rescindir seu contrato com o Corinthians, em agosto de 2022, mas o contrato só era válido por um ano. E a renovação não saiu imediatamente após o fim do vínculo, em 30 de junho de 2023.

O brasileiro passou duas semanas negociando com outros clubes da Premier League e até outros países, como Estados Unidos e a própria Arábia Saudita. Ele recusou uma primeira proposta por mais um ano de contrato do Fulham, nos mesmos termos financeiros da última temporada.

Depois, Willian aceitou uma segunda oferta, que incluiu uma valorização salarial e o tempo de um ano. Ele assinou o acordo em 17 de julho.

O meia de 34 anos recusou uma proposta melhor do Nottingham Forest, tanto pelo lado financeiro quanto pelo tempo de contrato. Pesou para que o brasileiro escolhesse ficar em Londres, no entanto, fatores como estrutura, treinador e elenco. O fato foi bem comemorado pelo Fulham nas redes sociais, que lançou a campanha #WillianStays em sua página.

Em entrevista exclusiva para a PL Brasil, Willian declarou que “continuar morando em Londres seria perfeito para mim e para a minha família“. O jogador atuou por três clubes ingleses na carreira, e todos da capital da Inglaterra: Chelsea, Arsenal e Fulham.

Diogo Magri
Diogo Magri

Jornalista nascido em Campinas, morador de São Paulo e formado pela ECA-USP. Subcoordenador da PL Brasil desde 2023. Cobri Copa América, Copa do Mundo e Olimpíadas no EL PAÍS, eleições nacionais na Revista Veja e fui editor de conteúdo nas redes sociais do Futebol Globo CBN.

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